47º Congresso da SGORJ e Trocando Ideias XXVI
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2023
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Título/Autores
1778
Obstetrícia
ABORTOS RECORRENTES EM MULHER COM DOENÇA VALVAR: RELATO DE CASO Autores: MARIANA DE ALBUQUERQUE DE FREITAS, JAMMY FERNANDES DE SOUSA DA SILVA Palavras-chaves:
Doenças das Valvas Cardíacas
, aborto espontâneo
, Gravidez de Alto Risco
Resumo
ABORTOS RECORRENTES EM MULHER COM DOENÇA VALVAR: RELATO DE CASO
INTRODUÇÃO: A cardiopatia em gestantes tem uma incidência que varia de 1% a 4%, sendo a causa mais comum a doença reumática mitral, que é a valvopatia que será descrita no presente relato. A doença cardíaca prevalece como a principal causa de morte materna não obstétrica durante a gestação. Gestante com comprometimento cardíaco, mesmo que previamente assintomáticas, podem não tolerar o aumento do débito cardíaco. Esse aumento em pacientes portadores de doenças valvulares frequentemente leva à necessidade cirúrgica em gestantes de forma prematura, em alguns casos mais graves, se faz necessário a correção antes mesmo da concepção, como veremos no caso relatado. RELATO DO CASO: paciente de 22 anos, feminina, cor preta, solteira, natural do Rio de Janeiro, portadora de estenose valvar com história de aborto recorrente durante a gestação, foi admitida no nosso serviço em Setembro 2022 com uma classe funcional III da New York Heart Association – NYHA, apesar do uso de Atenolol (50 mg/dia) e Espirolactona (25 mg/dia). História Fisiológica: 3 gestações, 0 partos, 3 abortos, ultima gestação há 2 anos, com intercorrências de dispnéia e dor precordial. ECOTT mostrando átrio esquerdo aumentado, espessamento e calcificação dos folhetos mitrais e cordoalhas, levando a redução da mobilidade. Achados compatíveis com valvulopatia mitral reumática com estenose severa e regurgitação moderada aumento severo do átrio, com sinais de envolvimento reumático da válvula tricúspide, com moderada regurgitação. Score de Block de 12, indicando que não é recomendado a valvuloplastia percutânea. Paciente com indicação de troca de valva mitral por prótese e cerclagem da tricúspide. Devido paciente ser jovem a indicação é por prótese metálica, visto que a biológica irá calcificar em 6 anos. Devido o desejo de engravidar da paicente optou se por prótese biológica com troca após gestação. A cirurgia de dupla troca valvar ocorreu em Janeiro de 2023, sem intercorrências. COMENTÁRIOS Diante do exposto acima, visto que a estenose mitral ainda é um desafio tanto para obstetras quanto para cardiologistas, lembrando que o diagnóstico mesmo em países desenvolvidos muitas vezes é tardio, já que só irão manifestar a doença pela primeira vez na gravidez, portanto esse relato de caso tem como justificativa e relevância dar visibilidade ao tema pouco discutido na literatura médica e tão impactante nas gestantes portadoras dessa comorbidade. Além de reforçar a importância do acompanhamento preconcepção com equipe multidisciplinar quando se tratar desta patologia. Esta pesquisa foi aprovada no comitê de ética e pesquisa, sob número CAAE: 49647715.5.0000.5285.
1777
Ginecologia
A controvérsia entre Fetus-in-Fetus e teratoma Autores: Isabela Maciel Pellerin, Paula Cristina da Silva Jordão, Stella Leony Bueno, Juliana Selbach Licks, Paula Vieira Villar, Luisa de Almeida Lopes, Debora Carreira Mofato, Amandha Mello de Souza Palavras-chaves:
Fetus-in-Fetus
, Teratoma
, Gêmeo parasita
, Embriologia
, Anomalia
Resumo
A controvérsia entre Fetus-in-Fetus e teratoma
Objetivo: Ampliar o conhecimento acerca das patologias, especialmente na diferenciação diagnóstica de fetus-in-fetu e teratoma. A partir do estudo da presente revisão bibliográfica, será possível identificar aspectos fisiopatológicos distintos dessas doenças, além do diagnóstico diferencial.
Fonte de dados: Análises de bases de dados nacionais e estrangeiras entre 2009 e 2023 a partir de relatos de casos e estudos científicos nas plataformas de acessos restritos e abertos como Scientific Electronic Library Online, The Research, Society and Development journal, Brazilian Journal of Health Review, Fetal and Pediatric Pathology, Science Direct e SAGE Journals contendo palavras-chaves de Fetus-in-fetu, teratoma, gêmeo parasita.
Seleção de Estudos: Foi realizado o levantamento de informações provenientes de 6 artigos, incluindo relato de caso, após detalhada seleção dentre 8 artigos em que os critérios de inclusão foram data de publicação a datar do ano de 2007 e relevância com o tema.
Coleta de dados: Trata-se de uma revisão sistematizada com metodologia de pesquisa bibliográfica com dados qualitativos acerca da diferenciação das anormalidades apresentadas.
Resultados: Fetus-in-fetu (FIF) é uma condição rara na qual um feto vertebrado malformado evidenciará a integração de uma ínfima massa celular dentro de um embrião gemelar em maturação. Essa má formação ocorre durante a divisão desigual da massa celular interna totipotente do blastocisto em desenvolvimento, cursando com organogênese e ausência de geminação diamniótica, monocoriônica e monozigótica. Análises referem que o FIF representa um espectro de teratoma maligno, diferenciando-se pela presença ou não de esqueleto axial. Assim, a conformação de uma coluna vertebral separada sugere que o feto passou pelo primeiro estágio de gastrulação, com formação do tubo neural, metamerização e desdobramento simétrico em torno desse eixo. Outros autores distinguem a FIF do teratoma porque o FIF ocorre, geralmente, em abdome superior, enquanto o teratoma em abdome inferior. Além disso, o FIF é, mormente, benigno. Porém, é de alta complexidade a distinção entre um teratoma e uma anormalidade gemelar, efetivando a presença de critérios clínicos, patológicos e exames de imagem como ultrassonografia no pré-natal e radiografia de abdome total do feto acometido.
Conclusões:
Portanto, essa condição rara necessita ser diagnosticada e diferenciada do teratoma quanto antes, com a intenção de impedir a progressão de células malignas ou prosseguir com a excisão cirúrgica completa do FIF. Nos exames de imagem, achados como a presença de coluna vertebral devem ser investigados para um diagnóstico mais eficaz, além disso, também podem ser detectadas numerosas calcificações, existência de membros e órgãos, e sombra amorfa de densidade de partes moles. Assim, mesmo com evidente complexidade, será possibilitada a distinção entre um teratoma e um FIF.
1742
PTGIC (Patologia do trato genital inferior e colposcopia)
ADENOCARCINOMA DE CÉLULAS CLARAS DO COLO UTERINO EM PACIENTE VIRGEM: RELATO DE CASO Autores: MARIO FERNANDO DAVILA OBANDO, BRYAN ALEXANDER CUERVO, DANIELA CARDEÑO CHAMORRO, ANA LAURA RIBAS BRAGA BETTEGA, JULIO DA SILVA ALMEIDA, TATIANNE ROSA DOS SANTOS, CHRISTIAN MONTERO VERA, SÍLVIO SILVA FERNANDES Palavras-chaves:
Adenocarcinoma de células claras
, colo uterino
, dietilestilbestrol
Resumo
ADENOCARCINOMA DE CÉLULAS CLARAS DO COLO UTERINO EM PACIENTE VIRGEM: RELATO DE CASO
INTRODUÇÃO: O adenocarcinoma de células claras (ACC) representam cerca de 4% a 9% dos casos de adenocarcinoma do colo do útero. Em pacientes jovens é um tipo de câncer ainda mais raro, porém grave. Sua etiologia é desconhecida e no passado estava associada à exposição pré-natal ao dietilestilbestrol (DES). Relatamos um caso raro de ACC do colo uterino em jovem paciente sem exposição a DES, com o qual pretendemos contribuir para a identificação e tratamento de possíveis novos casos.
RELATO DE CASO: HSG, 18 anos, solteira, menarca aos 11 anos, ciclos menstruais regulares, sem início de vida sexual, histórico obstétrico G0 P0 A0, relatou que aos 16 anos, apresentava uma sensação de "massa" saindo do canal vaginal. Nega dor abdominal ou pélvica, sangramento ou corrimento vaginal. Ao exame físico, é identificada massa móvel cobrindo 1/3 interno do canal vaginal, com inserção aparente no colo uterino, friável, sem sangramento ativo. Material foi enviado a análise histopatológica, revelou adenocarcinoma de padrão papilífero com áreas de células claras. Foi solicitada a Ressonância Magnética da Pelve (RM), evidenciando “lesão expansiva vegetante de limites bem definidos, comprometendo de forma circuferencial os pequenos lábios/vestíbulo vaginal com extensão ao 1/3 inferior da vagina, medindo aproximadamente 6,7x5,4x2,8cm. Não foram identificadas linfonodomegalias na cavidade pélvica ou nas regiões inguinais.” Posterior a RM, a massa foi avaliada diretamente por meio da Videohisteroscopia (VHC), resultando em "lesão friável volumosa, saindo por introito vaginal, ocupando toda a vagina, originária do 1/3 cervical inferior. Não foram verificadas lesões no 1/3 superior, óstios tubais visíveis, endométrio com padrão secretório, ausência de lesões expansivas na cavidade. Parede vaginal sem alterações”; realizou-se exérese total da massa, efetuando estudo inmunohistoquimico, concluindo em carcinoma de células claras. Paciente foi submetida à histerectomia total abdominal + salpingooforectomia bilateral + linfadenectomia pélvica. Seguida de controle com TC de tórax e TC do abdomen e pelve, sem alterações.
DISCUSSÃO: O principal fator desencadeante deste tipo de câncer de colo uterino é a exposição ao HPV, em paciente com vida sexual ativa. Há poucos relatos na literatura de ACC do colo do útero entre mulheres na faixa etária pediátrica (0-18 anos), nos quais descrevem como teoria principal a exposição durante a gestação a DES, e um segundo grupo sem exposição a DES. Geralmente o diagnóstico em pacientes nessa fase é difícil e tardio, muitas vezes sangramentos vaginais podem ser confundidos com puberdade precoce ou sangramento anovulatório. O diagnóstico precoce é dificultado por um fator relevante, é que por não ter iniciado sua vida sexual o exame pélvico não é feito com rigorosidade. O tratamento padrão costuma ser a histerectomia radical e a linfadenectomia pélvica em pacientes com estágio inicial Ib ou IIa, resultando a uma infertilidade permanente.
1834
Obstetrícia
ADESÃO E COBERTURA VACINAL DE MULHERES GESTANTES BRASILEIRAS Autores: LARISSA VERAS MENEZES, Fernanda Rossi Bazzanella, Ludmila Frutuozo Silveira Medronho, Victor Faria de Oliveira Palavras-chaves:
GESTANTE
, VACINAÇÃO
, ASPECTOS SOCIOECONÔMICOS
, ESQUEMA DE IMUNIZAÇÃO
, CALENDÁRIO VACINAL
Resumo
ADESÃO E COBERTURA VACINAL DE MULHERES GESTANTES BRASILEIRAS
OBJETIVO: O objetivo do presente estudo é realizar uma crítica literária sobre os aspectos que impactam sobre a imunização materna analisando a cobertura vacinal contra a influenza e hepatite B em gestantes em algumas regiões do Brasil. FONTE DE DADOS: Os dados foram coletados das plataformas LILACS, PUBMED e do Sistema de Informações do Programa Nacional de Imunizações (SI-PNI), utilizando os indexadores “vacinação na gestação” e “vaccination in pregnancy”. Foi utilizado como filtro os trabalhos publicados nos últimos 5 anos. SELEÇÃO DE ESTUDOS: Foram avaliados 15 estudos prévios sobre o tema, realizando por fim a seleção de 6 destes para uma melhor compreensão dos resultados obtidos. Os critérios abrangeram o grau de relevância científica do estudo, a preferência por estudos nacionais, a metodologia empregada e o embasamento teórico. COLETA DE DADOS: Os dados dos estudos avaliados foram coletados do SI-PNI e através de questionários realizados para as gestantes, referente aos registros de doses da vacina contra influenza e hepatite B. RESULTADOS: Foi observado que o percentual da cobertura vacinal de gestantes contra influenza foi variável ao longo dos anos, atingindo 85% em 2018, e 80% em 2020 na região de Minas Gerais. Na mesma região, a menor taxa de cobertura foi em 2011, com 49% das gestantes, e a maior em 2015, com 88% destas. Quanto à vacinação contra hepatite B, cerca de 80% das gestantes avaliadas não apresentaram comprovante, inferindo assim uma cobertura inferior a 20%. Foi ressaltada ainda, uma disparidade no quantitativo vacinal de acordo com a região analisada, sabendo que em São Paulo, a cobertura contra Hepatite B foi superior a 70%. CONCLUSÕES: Entende-se que a cobertura vacinal das gestantes não atinge as metas exigidas pelo Ministério da Saúde, que seria de 90%. Sabendo que a vacinação de gestantes deve ocorrer de maneira homogênea no país, no sentido de se garantir a saúde materno-infantil, o serviço de saúde deve se adequar às necessidades de cada região, seja em caráter informativo ou organizacional, a fim de minimizar os impactos socioeconômicos sobre a saúde da população.
1807
Ginecologia
A DIFICULDADE NO TRATAMENTO MEDICAMENTOSO PARA GONORREIA MULTIRRESISTENTE Autores: Gabriel Lopes de Pinho, Lais Duran Luz, Isadora Costa Mendes, Beatriz Duarte Pinto, Ana Paula Vieira Dos santos Esteves Palavras-chaves:
Gonorreia multirresistente
, Resistência bacteriana
, Gonorreia
, N. gonorrhoeae
Resumo
A DIFICULDADE NO TRATAMENTO MEDICAMENTOSO PARA GONORREIA MULTIRRESISTENTE
Objetivo: Compreender a resistência bacteriana na supergonorreia e relacionar a dificuldade de implantação do tratamento medicamentoso.
Fonte de dados: Trata-se de uma revisão sistematizada realizada por meio das bases de dados como JOURNAL OF CLINICAL MICROBIOLOGY; Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical; British Association for Sexual Health and HIV; The New England Journal of Medicine; Febrasgo
Seleção de estudos: Foram encontrados 27.097 artigos acerca da temática, porém apenas 10.043 se relacionavam diretamente com o tema abordado. Neste artigo foram selecionados os seguintes estudos: Molecular Characterization of Quinolone-Resistant Neisseria gonorrhoeae Isolates from Brazil; CARACTERIZAÇÃO FENOTÍPICA E MOLECULAR DE NEISSERIA GONORRHOEAE ISOLADAS NO RIO DE JANEIRO, 2002–2003; Antimicrobial susceptibility of Neisseria gonorrhoeae isolates from patients attending a public referral center for sexually transmitted diseases in Belo Horizonte, State of Minas Gerais, Brazil; New treatment options for Neisseria gonorrhoeae in the era of emerging antimicrobial resistance.
Resultados: A gonorreia é uma IST causada pela bactéria Neisseria gonorrhoeae, tratada com antibióticos, principalmente ceftriaxona. Contudo, a resistência a antibióticos tem aumentado globalmente, tornando o tratamento mais difícil e favorecendo a disseminação da bactéria. A supergonorreia é uma forma mais resistente e difícil de tratar com antibióticos comuns, devido à rápida adaptação e produção de enzimas que inativam os antibióticos pela bactéria. A OMS alertou em 2021 sobre a resistência antimicrobiana da gonorreia, tornando-se uma ameaça crescente à saúde pública global e recomendou programas de vigilância e desenvolvimento de novas terapias para tratamento. Em resumo, é necessário desenvolver novas terapias e monitorar a resistência a antibióticos da Neisseria gonorrhoeae para controlar a disseminação da doença.
Conclusão: A N. gonorrhoeae é uma bactéria que pode se tornar resistente aos antimicrobianos, o que a torna uma preocupação global. É necessário um compromisso político e financeiro para prevenir a doença, desenvolver uma vacina e detectá-la precocemente. O diagnóstico correto é essencial para evitar sequelas irreversíveis, e o desenvolvimento de novas formas de tratamento é urgente, uma vez que a ceftriaxona já não é tão eficaz em alguns casos. A resistência aos antimicrobianos é causada por uso irracional de antibióticos, falta de adesão às prescrições e controle de infecção inadequado. Os profissionais de saúde têm a responsabilidade de refletir sobre as consequências do uso indevido de antibióticos e a importância de medidas rigorosas para controlar sua distribuição.
1808
Ginecologia
A Importância da Identificação dos Espaços Avasculares na Dissecção Pélvica na Abordagem Cirúrgica da Endometriose: Uma Revisão Narrativa. Autores: Victor Joshua de Aguiar Mello Nascimento, Rafael Augusto Chaves Machado, Lara Miranda Marchesi, Marcos Vinícius Aguado de Moraes, Raquel Luiz Queres, Bernardo Portugal Lasmar Palavras-chaves:
Espaço Avascular
, Endometriose
, Dissecção
, Tratamento Cirúrgico
Resumo
A Importância da Identificação dos Espaços Avasculares na Dissecção Pélvica na Abordagem Cirúrgica da Endometriose: Uma Revisão Narrativa.
INTRODUÇÃO: A endometriose é uma entidade benigna caracterizada pelo crescimento de glândulas e estroma endometriais fora da cavidade uterina. Acomete cerca de 10-15% das mulheres em idade reprodutiva e é uma importante causa de dor pélvica crônica e de infertilidade. Nela, é muito comum o acometimento e infiltração de estruturas da pelve, o que é capaz de gerar inclusive alterações anatômicas nesses sítios. Em muitos casos, o tratamento cirúrgico deve ser considerado e, nesse sentido, a abordagem das lesões por meio dos espaços avasculares (EA) pélvicos mostra-se importante para dissecção das estruturas com segurança e isolamento da endometriose. OBJETIVOS: Identificar os espaços avasculares da pelve, bem como seus limites e conteúdos. MÉTODOS: Foi realizada uma revisão narrativa de literatura na plataforma PubMed e selecionados artigos publicados no período de 2013 a 2023 nos idiomas inglês e espanhol. Foram utilizados os descritores Endometriosis AND Nerve Sparing. Ademais, foram utilizados atlas de anatomia humana. RESULTADOS: O 1° EA pélvico é o Espaço Paravesical (EP), que possui como limite superior o folheto anterior do Ligamento Largo (LL), como limite inferior o Músculo Elevador do nus (MEA) e como limite medial a bexiga. Lateralmente, possui a parede pélvica, anteriormente, a pube e posteriormente, a Artéria Uterina (AU). A Artéria Umbilical Obliterada divide esse espaço em EP Medial e Lateral. Este último tem o Nervo Obturatório (NO) como limite inferior na dissecção sendo um EA de grande importância nas cirurgias oncológicas no que se refere a linfadenectomia. Outro importante espaço para o tratamento cirúrgico da endometriose é o Espaço Pararretal, o qual pode ser dividido em Espaço de Okabayashi (EO), medial ao Ureter e o Espaço de Latzko (EL), lateral ao mesmo. O EO é o 2º EA da pelve, sendo delimitado superiormente pelo folheto posterior do LL, inferiormente pelo MEA, anteriormente pela AU, posteriormente pelo Sacro, lateralmente pelo Ureter e medialmente pelo Reto. A identificação desses limites e a dissecção do espaço permite a preservação do plexo hipogástrico inferior que se situa ao nível da junção vesicouterina. Já o EL, 3º EA, compreende o espaço virtual medialmente à artéria ilíaca externa, e lateralmente ao Ureter, seus limites anterior, posterior, superior e inferior são os mesmos que o EO. Por fim, o 4º EA, Espaço de Yabuki, localiza-se na região lateroinferior direita e esquerda da dobra vesicouterina, posteriormente aos ureteres e anteriormente à superfície uterina anterior. Seu acesso pode ser alcançado por meio da lateralização dos ureteres (tunelização ureteral), a fim de não lesionar a bexiga. CONCLUSÃO: A dissecção dos EA da pelve, a partir do reconhecimento dos seus limites anatômicos, permite a criação de um plano cirúrgico correto e seguro, uma vez que promove a identificação e preservação de estruturas nobres e diminui riscos de sangramento ou complicações durante a abordagem da endometriose.
1733
PTGIC (Patologia do trato genital inferior e colposcopia)
A IMPORTÂNCIA DA VACINA NA ADOLESCÊNCIA COMO PREVENÇÃO PRIMÁRIA DA INFECÇÃO PELO HPV Autores: Carolina Junqueira Allage, Denise Leite Maia Monteiro, Guilherme Ribeiro Ramires de Jesús, Aylana Ramos Gomes de Oliveira, Gabriella de Oliveira Flor Ferreira, Leticia Freitas Simões Palavras-chaves:
HPV
, Vacina
, Prevenção
Resumo
A IMPORTÂNCIA DA VACINA NA ADOLESCÊNCIA COMO PREVENÇÃO PRIMÁRIA DA INFECÇÃO PELO HPV
Introdução: O papilomavirus humano (HPV) figura entre as principais infecções sexualmente transmissíveis, estando relacionado ao câncer de colo de útero e trato genital inferior, lesões pré-cancerosas e verrugas genitais. Apesar de ser um tipo de câncer prevenível, temos aproximadamente 570 mil casos novos por ano no mundo. O câncer de colo do útero é o quarto tipo de câncer mais comum entre as mulheres e é responsável por 311 mil óbitos/ano, sendo a quarta causa mais frequente de morte por câncer em mulheres (IARC, 2020). Desde 2014, o Sistema Único de Saúde (SUS) disponibiliza a vacina contra o HPV, entre 9 e 14 anos de idade. A vacina disponível no SUS inclui os sorotipos 6, 11, 16 e 18, sendo esses dois últimos responsáveis por 70% dos cânceres de colo uterino. Objetivo: Avaliar a eficácia da vacina contra o HPV na redução de verrugas genitais, lesões pré-cancerosas e/ou câncer de colo de útero, após o esquema completo de vacinação contra o HPV. Método: Estudo de coorte prospectivo com 251 pacientes entre 13 e 30 anos (média: 17,6 anos), atendidas em clínica privada entre 2009-2018, com esquema vacinal completo contra o HPV, acompanhadas por 5 anos. Destas, 95 mulheres foram vacinadas com a vacina bivalente GSK e 156 utilizaram a vacina quadrivalente MSD. Foram excluídas as pacientes que não completaram 5 anos de seguimento. No seguimento, foi realizada genotipagem do HPV por reação em cadeia de polimerase (PCR) naquelas que apresentaram lesões cervicais HPV-induzidas. Resultados: Das 251 pacientes com o esquema vacinal completo, 6,7% (17/251) mulheres apresentaram infecção HPV-induzida após o esquema vacinal. As verrugas genitais ocorreram em 3,6% (9/251) mulheres, sendo em 5,3% (5/95) das que utilizaram a vacina GSK e 2,6% (4/156) das que foram vacinadas com a vacina MSD. A lesão intraepitelial de baixo grau (LSIL) ocorreu em 3,2% (8/251) dos casos, sendo em 3,2% (3/95) das que usaram vacina GSK e em 3,2% (5/156) das vacinadas com a vacina MSD. A genotipagem por PCR revelou ausência de HPV 16 e/ou 18 em todos os casos, sendo encontrados os seguintes tipos de HPV: 31, 39, 51, 52 e 66. Com o seguimento de 5 anos todas as LSIL regrediram. Não houve nenhum caso de lesão de alto grau (HSIL). Conclusão: A vacina contra o HPV mostrou ser efetiva contra lesões HPV-induzidas. Nenhuma das pacientes que apresentou LSIL pós-vacina foi infectada pelos tipos de HPV oncogênicos contidos nas vacinas. Com a disponibilidade da vacina no SUS desde 2014, é necessário melhorar a cobertura vacinal, que apresentou importante redução para todas as doenças imunopreveníveis em função da pandemia de Covid-19. Somente desta forma conseguiremos reduzir as taxas de câncer de colo uterino em nosso País.
1798
Ginecologia
A IMPORTANCIA DO EXAME FÍSICO PRECOCE PARA O DIAGNÓSTICO DE HÍMEN IMPERFURADO: UM RELATO DE CASO. Autores: Angela Diblasi Caneschi, Fernanda Rodrigues de Almeida, Maria Carolina Cunha de Souza, catarina farias silveira Palavras-chaves:
Hematocolpos
, Hímen
, Adolescente
, Retenção urinária
Resumo
A IMPORTANCIA DO EXAME FÍSICO PRECOCE PARA O DIAGNÓSTICO DE HÍMEN IMPERFURADO: UM RELATO DE CASO.
INTRODUÇÃO
O hímen imperfurado é uma anomalia obstrutiva do trato genital feminino cuja incidência é de 1:2000 mulheres e seu diagnóstico precoce é importante para evitar emergências ginecológicas na adolescência. Caso o diagnóstico não seja realizado de modo adequado, poderá ocorrer infecções, subfertilidade e gravidez ectópica, por exemplo. O exame ectoscópico da vulva detecta essa afecção desde a mais tenra idade, porém o diagnóstico ainda é feito tardiamente, após a menarca, quando a mulher apresenta sintomas em decorrência do hematocolpo, como amenorreia primária, dor abdominal ou pélvica cíclica, lombalgia e retenção urinária. Nos diferentes estágios da vida da mulher, o exame físico cuidadoso é fundamental para um bom prognóstico. Além disso, o diagnóstico pode ser confirmado com a ultrassonografia (USG) pélvica, para determinar a distância da obstrução ao nível da localização normal do introito. O tratamento será a reparação cirúrgica por meio da himenectomia em qualquer idade, preferencialmente na puberdade antes do desenvolvimento do hematocolpo.
RELATO DE CASO
A.C.S.M., sexo feminino, 15 anos, deu entrada na emergência de uma Maternidade Pública no Município do Rio de Janeiro acompanhada da mãe com queixa de aumento do volume abdominal, dor pélvica e amenorréia. Refere início do desenvolvimento de caracteres secundários aos 10 anos, nega menarca e sexarca. Ao exame, paciente em bom estado geral, corada, hidratada, afebril, anictérica, abdome flácido, abaulado e doloroso à palpação em hipogástrio. Genitália externa bem desenvolvida compatível com a idade, estadiamento de Tanner M5P5. Observou-se hímen imperfurado, abaulado (acentuado à manobra de Valsalva) e de coloração escurecida. Não foi realizada USG por indisponibilidade. Após o diagnóstico de hímen imperfurado, foi encaminhada ao centro cirúrgico para himenectomia com incisão cruciforme sob sedação e drenagem do hematocolpometra com saída de 600 ml de líquido achocolatado sem odor. Procedimento sem intercorrências. Paciente com evolução satisfatória, liberada após 12 horas com orientação de acompanhamento ambulatorial no serviço de ginecologia.
COMENTÁRIOS.
Considerando-se que a paciente tem 15 anos, iniciou o desenvolvimento de caracteres sexuais secundários aos 10 anos e tem critérios de Tanner M5 P5, chama atenção o relato de amenorréia primária. A ectoscopia da genitália externa deve fazer parte da consulta de pediatria e a imperfuração himenal é facilmente identificada. Com isso, e sem necessidade de exames complementares, o diagnóstico pode ser feito precocemente com encaminhamento da paciente ao ginecologista para a conduta pertinente ao caso. Conclui-se, portanto, que o exame da genitália externa é imprescindível na rotina pediátrica para evitar uma situação de emergência.
1845
Obstetrícia
A influência da assistência pré-natal no prognóstico do recém-nascido com icterícia neonatal Autores: Aline Rezende de Souza Mendes, Érica de Almeida, Lorena Moreira Couto, Rafaela Marcello Soares Palavras-chaves:
Icterícia
, Icterícia Neonatal
, Teste de Coombs
, Isoimunização Rh
, Prognóstico
Resumo
A influência da assistência pré-natal no prognóstico do recém-nascido com icterícia neonatal
Introdução: A icterícia neonatal é definida como coloração amarelada da pele e das mucosas devido ao acúmulo de bilirrubina. Nesse contexto, a Icterícia por Isoimunização Rh decorre da transmissão transplancentária de anticorpos maternos direcionados as hemácias fetais. Diante de uma gestação com risco de icterícia neonatal, o coombs indireto é essencial para melhorar o prognóstico da paciente, pois através da pesquisa de anticorpos anti-D, confirma esse diagnóstico, possibilitando melhor planejamento e conduta diante do recém-nascido (RN). Dessa forma é possível evitar complicações como impregnação de bilirrubina no sistema nervoso central (SNC). Objetivo: realizar uma revisão narrativa literária sobre o prognóstico da Icterícia Neonatal por isoimunização Rh diagnosticado precocemente durante a assistência pré-natal possibilitando o planeamento terapêutico adequado. Método: Trata-se de uma revisão narrativa da literatura que utilizou as bases de dados: Scielo, Lilacs, Pub Med e Manual de Gestação de Alto risco do Ministério da Saúde de 2022. Foram incluídos nesta revisão artigos disponíveis na íntegra nos idiomas português, inglês e espanhol, publicados entre 2012 e 2022. Excluiram-se as publicações que não estavam relacionadas a temática. Desta forma, 12 artigos foram selecionados para leitura na íntegra. Resultados: A isoimunização Rh pode provocar inúmeras complicações relacionadas à hemólise fetal, como a anemia, hiperbilirrubinemia e disfunções neurológicas. A bilirrubina elevada pode atravessar a barreira hematoencefálica imatura do feto provocando a encefalopatiabilirrubinica aguda e kernicterus. A isoimunização relacionado ao fator Rh é causada pela presença de anticorpos anti-Rh em uma gestante Rh- com um feto Rh+ Dessa forma, se faz necessário a dosagem do coombs indireto durante o pré-natal para uma assistência adequada ao RN imediatamente após o momento do parto e durante as horas de vida subsequentes com indicações apropriadas de fototerapia e dosagem rigorosa de bilirrubinas séricas direta afim de promover a conjugação da bilirrubina, proporcionando a excreção urinária em forma de urobilinogênio e fecal em forma de estercobilina visando a redução de bilirrubina indireta diminuindo assim a possibilidade de causa maiores complicações e consequentemente intervenções mais complexas e invasivas como a exsanguineotransfusão, podendo chegar ao óbito. Conclusão: A isoimunização Rh é uma doença pouco discutida e extremamente grave se não manejado corretamente. O coombs indireto é um exame de fácil acesso, fornecido pela rede pública de saúde e proporciona um diagnóstico preciso, norteando a terapêutica e preparando a equipe de neonatologia para receber o RN com recurso adequado ou apropriado. É de fundamental importância para a maior visibilidade da doença, sua detecção e a tomada de medidas preventivas visando a redução no número de ocorrências.
1746
Ginecologia
A INFLUÊNCIA DA VITAMINA D NA FERTILIDADE DAS MULHERES EM IDADE REPRODUTIVA Autores: Letícia Rodrigues Figueiredo Silva, Mariana De Moraes Forain Coutinho De Souza, Thalia Leal Dibo, Ana Carolina Donin, Juliana Affonso Mathiles Palavras-chaves:
Vitamina D
, Fertilidade
, Mulheres
Resumo
A INFLUÊNCIA DA VITAMINA D NA FERTILIDADE DAS MULHERES EM IDADE REPRODUTIVA
OBJETIVO: Relacionar os níveis de vitamina D em mulheres em idade reprodutiva e a fertilidade das mesmas. Observando o seu impacto na gestação, no recém nascido e no puerpério.
FONTE DE DADOS: Foi realizado um estudo de revisão sistematizada da literatura, utilizando as bases de dados BVS, PUBMED e CAPES, com os descritores: "Vitamina D", "Fertilidade" e "Mulheres", nos últimos 5 anos.
SELEÇÃO DE ESTUDOS: Foram encontrados 348 artigos nas bases de dados, a amostra final contou com 11 artigos. Os critérios de inclusão para a seleção foram: (a) Os estudos deveriam relacionar diretamente a vitamina D com a fertilidade nas mulheres; (b) Publicados em revistas/jornais; (c) Escritos em inglês ou português.
COLETA DE DADOS: Após a leitura da amostra final, foi construída uma tabela, na qual cada linha representa um artigo e as colunas foram divididas em Título; Tipo de estudo; Resultado. Os resultados foram separados nas diferentes categorias identificadas por cores: Infertilidade; Complicações relacionadas à deficiência de vitamina D; Benefícios de níveis adequados de vitamina D. A categoria que identificava as complicações da hipovitaminose D, foi subdividida em 3 categorias: Complicações obstétricas, no recém-nascido e no puerpério.
RESULTADOS: Em relação à categorização dos estudos, nota-se que apenas 4 artigos (36%) não abordaram a categoria “infertilidade” e 5 artigos (45%) não abordaram a temática ¨níveis séricos adequados de vitamina D em mulheres em idade fértil”. No que tange às complicações obstétricas, 36% dos estudos abordam a pré-eclâmpsia e a diabetes mellitus gestacional como sendo os principais fatores de risco para a hipovitaminose D. No que se refere ao recém nascido, 27% destacam prematuridade, recém nascido pequeno para idade gestacional, asma e infecções de vias aéreas superiores. Ressalta-se também que 18% dos estudos relataram aborto espontâneo como complicação, além da relação com síndrome do ovário policístico. Além disso, um artigo abordou a relação de depressão pós parto com déficit de vitamina D. Dos estudos que discutem acerca da infertilidade, 1 artigo (9%) relata que é resultado da hipoplasia uterina, desenvolvimento folicular prejudicado e anovulação. Outro artigo (9%), reforça a suplementação de vitamina D em mulheres em idade fértil, enquanto um terceiro (9%) demonstra que a deficiência de vitamina D é prejudicial à fertilização. Desta forma, 45% dos artigos elencam que há receptores de vitamina D em ovário, endométrio, placenta como fator protetor para fertilidade em mulheres em idade reprodutiva.
CONCLUSÕES: Estudos têm demonstrado que o déficit da vitamina D pode influenciar na infertilidade e complicações na gestação. Dessa forma, entende-se a necessidade da realização de novas pesquisas com metodologias capazes de trazer evidências científicas a respeito da relação da vitamina D com a fertilidade nas mulheres.
1784
Obstetrícia
ALEITAMENTO MATERNO DE PACIENTES COM LUPUS ERITEMATOSO SISTÊMICO Autores: Luísa Jannuzzi Fraga Pinheiro, Guilherme Ribeiro Ramires de Jesús, Marcela Ignacchiti Lacerda, Flávia Cunha dos Santos, Nilson Ramires de Jesús, Denise Leite Maia Monteiro Palavras-chaves:
Aleitamento Materno
, Lúpus Eritematoso Sistêmico
, Cuidado Pré-Natal
Resumo
ALEITAMENTO MATERNO DE PACIENTES COM LUPUS ERITEMATOSO SISTÊMICO
INTRODUÇÃO: A amamentação é uma prática de suma importância para a saúde materna e neonatal. O aleitamento materno exclusivo é recomendado por pelo menos 4 meses e está associado, de acordo com a Organização Mundial de Saúde, a uma redução de 13% na mortalidade infantil até os 5 anos. Apesar dos benefícios, muitas pacientes portadoras de doenças crônicas, como é o caso do lúpus eritematoso sistêmico (LES), são desencorajadas e mal orientadas sobre a realização do aleitamento materno. OBJETIVO: Descrever a forma e o tempo de aleitamento materno de pacientes com LES acompanhadas em um centro terciário. MATERIAL E MÉTODOS: Estudo transversal realizado com pacientes com LES, com pelo menos seis meses pós-parto, no ano de 2022. Foi realizado contato telefônico e entrevista a partir de um questionário semiestruturado. DISCUSSÃO: Foram coletados dados de 14 pacientes, com média de idade de 29 anos (16-19 anos). Destas, apenas uma não amamentou, devido à internação de recém-nascido prematuro com duração de 9 meses e 20 dias, período no qual o recém-nato recebeu leite materno e fórmula pela sonda, e aleitamento exclusivo por fórmula após a alta hospitalar. A média de tempo do aleitamento materno entre as 13 pacientes que amamentaram foi de 6 meses, sendo que 5 pacientes ainda estão amamentando e todas iniciaram o aleitamento no hospital. Seis pacientes interromperam o aleitamento materno antes dos 4 meses, sendo uma devido a uso de medicamentos para LES (MMF), 3 por baixa produção de leite, uma por complicação de mastite e uma por dificuldade na pega do neonato ao seio. Seis fizeram aleitamento materno exclusivo por pelo menos quatro meses. Entre as 14 pacientes, 7 relataram que seus filhos receberam leite artificial no hospital. Entre as pacientes que amamentaram e já interromperam a amamentação, a média do tempo de aleitamento materno foi de 5,8 meses (1-10 meses). Das 14 pacientes avaliadas, 11 informaram que foram orientadas sobre a amamentação durante as consultas pré-natais e nenhuma relatou ter recebido orientação sobre não poder amamentar de qualquer profissional da saúde. CONCLUSÃO: Observa-se que a maior parte das pacientes iniciou a amamentação, porém quase metade delas não cumpriu os 4 meses recomendados de aleitamento materno exclusivo. Contudo, apenas 2 pacientes das 13 que amamentaram precisaram interromper o aleitamento devido ao LES. Há ainda desafios para a amamentação que afetam pacientes independentemente de doenças crônicas associadas, como baixa produção de leite e dificuldades na pega do neonato. De forma positiva, constatamos que grande parte das pacientes recebeu orientação sobre amamentação durante o pré-natal e nenhuma foi orientada erroneamente que haveria uma contraindicação à amamentação.
1820
Obstetrícia
ANÁLISE COMPARATIVA DA TRANSMISSÃO VERTICAL DO HIV NOS ÚLTIMOS 5 ANOS NO ESTADO DO RIO DE JANEIRO Autores: DMITRI DA SILVA GOBBI ARAUJO, BEATRIZ DE OLIVEIRA E CASTRO, LUAN CARLOS ZANGRANDO DE ARAUJO, BRUNA LEITE MARQUES, PEDRO HENRIQUE DE MORAES RAMOS MENEZES, RAQUEL GONCALVES ZANGRANDO Palavras-chaves:
Imunodeficiência humana
, transmissão vertical
, HIV neonatal
Resumo
ANÁLISE COMPARATIVA DA TRANSMISSÃO VERTICAL DO HIV NOS ÚLTIMOS 5 ANOS NO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
Introdução: O vírus da imunodeficiência humana (HIV) ataca o sistema imunológico, sendo os linfócitos TCD4 os mais atingidos. Segundo o Ministério da Saúde, a incidência de gestantes positivas para o HIV e HIV vertical no Estado do Rio de Janeiro (RJ) entre 2018 e 2022 foi de 106 casos. Pacientes soropositivos não necessariamente têm a síndrome da imunodeficiência humana (AIDS), mas podem transmitir o vírus, sendo uma das formas a vertical, de mãe para filho, durante a gravidez e a amamentação, que requer cuidado quanto ao pré-natal, parto e pós parto. Objetivo: O presente estudo tem como objetivo realizar uma análise comparativa da relação entre os casos de gestantes positivas e a transmissão vertical do HIV no período de 2018 a 2022, com intuito de auxiliar nas ações de prevenção de novos casos. Métodos: Trata-se de um estudo com dados obtidos do Departamento de HIV/Aids, Tuberculose, Hepatites Virais e Infecções Sexualmente Transmissíveis - DVIAHV, entre os anos de 2018 a 2022, no RJ. As variáveis selecionadas foram: número de gestantes HIV+ notificadas entre 2018 a 2022 no RJ; notificações de transmissões verticais no RJ; e raça. Não foi necessária a aprovação pelo Comitê de Ética e Pesquisa pois os dados utilizados estão disponíveis em bases de acesso público. O programa Microsoft Excel foi utilizado para tabulação e análise de dados. Resultados: No período estudado, foram diagnosticados 4593 casos de gestantes com HIV positivo no Estado do RJ. Em relação à raça dessas mulheres, 840 são brancas (18.28%), 1126 pretas (24.51%), 2251 pardas (49.01%), 27 amarelas (0.58%), 2 indígenas (0.04%) e 347 sem identificação de raça (7.55%). Além disso, foi coletado dados de notificação de transmissão vertical de AIDS nesse período, totalizando 106 casos. Já em relação a raça dos verticalmente transmitidos, 30 eram pessoas brancas (28.30%), 34 pardas (32,07%), 20 pretas (18.86%), 1 amarela (0.94%), 1 indígena (0.94%) e 20 (18.86%) não tinham informações sobre a raça. Conclusões: Diante desse estudo, foi observado que há um grande número de gestantes HIV+ que compõem o grupo de mulheres pretas e pardas. Nota-se também que no grupo dos verticalmente transmitidos, os pretos e pardos assumem uma porcentagem alta e além disso, vale ressaltar a alta porcentagem de indivíduos sem informação sobre raça. Com isso, sob um ótica epidemiológica e sócio-demográfica, é possível considerar que a porcentagem de negros e pardos esteja mascarada pelo número de pessoas sem identificação de raça e que a auto-denominação tem também um grande impacto na notificação dos casos. Tal fato prejudica o estudo epidemiológico já que, por parâmetros comparativos, o número de gestantes positivas para o HIV da raça preta é o segundo maior, portanto, deveriam haver mais casos relatados de transmissão vertical nessa cor. Sendo assim, a avaliação epidemiológica e sócio-demográfica pode ser prejudicada por uma subnotificação, já que há entrevistados que não tiveram sua raça informada.
1730
Obstetrícia
Analise crítica do momento de chegada ao centro de referência de gestantes com fetos portadoras de Mielomeningocele com critérios de cirurgia fetal Autores: Rodrigo Dias da Rocha, Fernando Maia Peixoto Filho, Renato Augusto Moreira Sá, Paulo Roberto Nassar de Carvalho Palavras-chaves:
Meningomielocele
, Malformação de Arnold-Chiari
, Hidrocefalia
, Derivações do Líquido Cefalorraquidiano
, Disrafismo Espinal
Resumo
Analise crítica do momento de chegada ao centro de referência de gestantes com fetos portadoras de Mielomeningocele com critérios de cirurgia fetal
Objetivo: Descrever a analisar de forma crítica o momento de chegada ao
centro de referência de gestantes com fetos portadoras de Mielomeningocele
(MMC) com critérios de cirurgia fetal no período de janeiro de 1995 à janeiro de
2015.
Materiais e Métodos: Estudo de coorte conduzido para analisar o prognóstico
de crianças portadoras de mielomeningocele com critérios de cirurgia fetal.
Dados foram coletados através de registros de prontuários, provenientes do
ambulatório de Neurocirurgia entre Janeiro de 1995 e Janeiro de 2015. Foram
avaliadas a idade gestacional da chegada ao centro de referência, idade
gestacional de nascimento, sexo e peso ao nascer do recém-nascido, níveis
anatômico e funcional da mielomeningocele, hospitalização, infecção urinária
de repetição, falência renal e mortalidade.
Resultados: No período estudado 165 crianças com mielomeningocele e
critérios de elegibilidade para a cirurgia fetal foram acompanhadas. Observou-
se que a idade gestacional média de chegada ao centro de referência foi de 31
semanas (DP +/- 4,7 semanas) e que ao longo de 20 anos não houve variação
estatisticamente significativa do momento do chegada das pacientes. 82,4%
das crianças foram submetidas a derivação valvar e que a infecção urinária,
falencia renal e hospitalizações apresentaram associação estatisticamente
significativa a essa condição.
Conclusão. Gestantes com fetos portadores de MMC com critérios para cirurgia
fetal tem chegado muito tardiamente ao centro de referência. Tal atraso pode
comprometer o sucesso de um programa robusto de cirurgia fetal. Sendo
assim, é importante investir em um programa efetivo de rastreamento da MMC
e, consequentemente, a referência em idade gestacional mais precoce ao centro de referência.
1800
Ginecologia
Análise da Cobertura Vacinal contra HPV no Brasil: uma revisão sistemática Autores: Emanuela Heiderick Gouvêa Palavras-chaves:
HPV
, Vacina
, Preventivo
Resumo
Análise da Cobertura Vacinal contra HPV no Brasil: uma revisão sistemática
INTRODUÇÃO: O Papiloma Vírus Humano (HPV) é um vírus transmitido, principalmente, pela via sexual, o qual pode acometer tanto mulheres quantos homens. Desse modo, é uma das infecções sexualmente transmissíveis mais frequentes no mundo, estimava-se que mais de 300 milhões de mulheres sejam portadoras do vírus, esse que pode ter alto ou baixo risco oncogênico para câncer de colo de útero. OBJETIVO: O objetivo desta pesquisa foi realizar a análise temporal da cobertura vacinal contra o HPV na população de adolescentes do sexo feminino e masculino das diferentes regiões brasileiras através da base de dados do Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde (DATASUS). METODOLOGIA: Trata-se de uma revisão sistemática baseada em uma análise temporal retrospectiva e transversal com abordagem quantitativa e qualitativa. A pesquisa foi realizada na plataforma do DATASUS com coleta de informações referentes aos registros das doses da vacina contra o HPV aplicadas em adolescentes do período de 2014 a 2022 com a finalidade de avaliar os índices da cobertura vacinal contra o HPV na população jovem. O cálculo da taxa de cobertura vacinal acumulada foi feito a partir do número de doses aplicadas dividida pelo total da população estimada pelo IBGE na faixa etária selecionada. RESULTADO: No ano de 2014, a cobertura vacinal foi adequada para a 1º dose, porém, a adesão foi baixa para a 2ª dose. Nos anos seguintes, 2015 e 2016, houve uma redução expressiva na cobertura vacinal em ambas doses. A região Norte apresentou a menor cobertura e a região Sudeste a maior cobertura até 2017, enquanto que na região Sul houve discreta melhoria nas taxas. A cobertura vacinal variou nos anos seguintes após 2014, porém, permaneceu abaixo dos 80%, considerada adequada, conforme indica o Plano Nacional de Imunizações até o ano de 2022. A baixa adesão à vacinação é explicada por alguns autores como recusa à vacinação por motivos multifatoriais. CONCLUSÃO: Portanto, a cobertura vacinal da 1ª dose da vacina contra o HPV no Brasil foi considerada adequada somente no ano de 2014, ano de sua implantação com políticas públicas voltadas ao ambiente escolar e Unidades Básicas de Saúde. No entanto, nos anos que se sucedem é notório a queda da cobertura vacinal contra o HPV e a elevação no número de casos de câncer de colo de útero.
1853
Ginecologia
Análise da prevalência dos sintomas da endometriose e dos impactos na qualidade de vida: uma revisão sistemática Autores: Emanuela Heiderick Gouvêa, Larissa Lopes de Pinho, Mariana Moreira Vannier, Thayla Bairral Frossard, Vinícius Ruiz de Almeida, Lavínia Lopes Lima, Manuela Kafuri de Toledo Silva Palavras-chaves:
Dor pélvica
, Saúde da mulher
, Desmenorreia
Resumo
Análise da prevalência dos sintomas da endometriose e dos impactos na qualidade de vida: uma revisão sistemática
INTRODUÇÃO: A endometriose é definida como uma patologia benigna, hormônio dependente que se manifesta pela proliferação de tecido endometrioide em local ectópico (extrauterino). Há prevalência estimada em cerca de 10-15%, de modo que pode afetar até 25% das mulheres inférteis, sendo essas assintomáticas. O sintomais mais comuns são dismenorreia e dor pélvica crônica. OBJETIVO: O objetivo desse estudo foi analisar a prevalência dos sintomas da endometriose na vida da mulher, bem como os impactos na qualidade de vida. METODOLOGIA: Trata-se de uma revisão integrativa e sistemática com ênfase na análise dos sintomas prevalentes da endometriose com base em dados epidemiológicos correlacionando com os impactos diretos e indiretos na saúde da mulher e de suas relações com o meio. A busca dos periódicos foi realizada nas plataformas ScienceDirect e Pubmed a partir dos descritores “endometriose”, “dor pélvica” e “saúde da mulher” de modo que foram selecionados os artigos dos últimos 10 anos, nos idiomas inglês e português. A pesquisa tem uma abordagem quantitativa, qualitativa e caráter descritivo a fim de compreender como a dor pélvica limita as diferentes atividades da mulher no cotidiano. RESULTADO: Foram selecionados 42 artigos, foi notório que a dor na relação sexual e a dismenorreia são as principais queixas das mulheres que apresentam o diagnóstico de endometriose. Além disso, com base na busca, ficou evidente que são dores insuportáveis que induzem as mulheres ao afastamento do convívio social, da relação interpessoal e amorosa, bem como do trabalho, consequentemente, aumentando o índice de relação entre endometriose e depressão na mulher. CONCLUSÃO: Contudo, as mulheres com endometriose em episódios de dores intensas necessitam não apenas de tratamento ginecológico, como também psicológico e o apoio familiar e dos amigos, uma vez que a dor crônica, principalmente a que não cede aos tratamentos mais corriqueiros, representa a impotência do exercício médico diante das suas limitações de cura e alívio do sofrimento.
1767
PTGIC (Patologia do trato genital inferior e colposcopia)
ANÁLISE DA REALIZAÇÃO DO EXAME DE CITOLOGIA DE COLO UTERINO EM MULHERES NO ESTADO DO RIO DE JANEIRO NOS ÚLTIMOS 5 ANOS Autores: Beatriz de Oliveira e Castro, Eduarda Assis Freitas, Luiza Sampaio Mattos, Bruna Leite Marques, Katia Gleicielly Frigotto Palavras-chaves:
Citologia
, Colo uterino
, Exame ginecológico
Resumo
ANÁLISE DA REALIZAÇÃO DO EXAME DE CITOLOGIA DE COLO UTERINO EM MULHERES NO ESTADO DO RIO DE JANEIRO NOS ÚLTIMOS 5 ANOS
Introdução: O exame citológico é feito com o objetivo de rastrear lesões no colo do útero, tanto benignas quanto malignas, podendo indicar a biópsia através da colposcopia de forma dirigida frente às áreas suspeitas para análise de alterações. O rastreamento desse câncer é recomendado para pessoas com útero, de idade entre 25 e 64 anos que já praticaram atividade sexual. No Brasil, a dificuldade de acesso à saúde e o conhecimento sobre as indicações do exame dificultam a sua realização, necessária para identificação precoce de lesões. Objetivo: Analisar os dados de realização do exame citológico de colo uterino nas mulheres no Estado do Rio de Janeiro nos últimos 5 anos. Métodos: Trata-se de um estudo ecológico com dados obtidos do Sistema de Informação do Câncer (SISCAN), por local de residência, entre os anos de 2018 a 2022. As variáveis selecionadas foram: número de exames realizados, motivo do exame, faixa etária e adequabilidade do exame. Não foi necessária a aprovação pelo Comitê de Ética e Pesquisa pois os dados utilizados estão disponíveis em bases de acesso público. O programa Microsoft Excel foi utilizado para tabulação e análise de dados. Resultados: Nos últimos 5 anos, foram realizados 746.487 exames citológicos de colo de útero no estado do Rio de Janeiro. Os anos de 2022 a 2018 registraram, respectivamente 241.041 (32.29%), 214.471 (28.73%), 85.107 (11.40%), 109.855 (14.72%) e 96.013 (12.86%) exames. Quanto aos motivos do exame, o rastreamento de câncer de colo de útero foi o motivo de 734.564 casos (98.40%). Os exames de seguimento totalizaram 6.170 exames (0.83%) e os exames de repetição indicaram 5.753 (0.77%) dos casos. Sobre a faixa etária, mulheres entre 40 e 44 anos representaram a maioria dos exames realizados, com 11.37% nos últimos 5 anos, seguida de 50-59 anos com 11.25%, e a faixa etária com menor realização do exame foi a de até 9 anos com 0.024%. Quanto à adequabilidade dos exames, 736.319 foram considerados satisfatórios (98.64%), 8.518 foram considerados insatisfatórios (1.14%) e 1.650 foram rejeitados (0.22%). Conclusões: Foi observado neste estudo um acréscimo significativo no número de exames realizados em 2022 e 2021. Um possível motivo seria a relação entre a menor realização dos exames em 2020 devido pandemia do COVID-19 e seu contexto dificultando a realização de alguns exames, e assim sobrecarregando os anos seguintes. Quanto aos motivos dos exames realizados, a grande maioria foi para rastreamento, e minoria foram os de repetição, devido ao resultados alterados que tinham essa indicação, assim como os exames para seguimento. A faixa etária de 40 a 44 anos representou a maioria dos exames nos anos estudados, sendo dito pela literatura que a média no momento do diagnóstico é aos 50 anos. E sobre a adequabilidade dos exames, a maioria foi realizada de forma satisfatória, com menos de 2% realizados de maneira inadequada, insatisfatória, ou rejeitada, seja por indicação ou realização inadequada do exame.
1830
Obstetrícia
ANÁLISE DAS CAUSAS DECLARADAS DE NATIMORTALIDADE E SUA RECLASSIFICAÇÃO PELO SISTEMA CODAC EM DOIS CENTROS DE REFERÊNCIA NO MUNICÍPIO DO RIO DE JANEIRO Autores: Aline Portelinha Rodrigues Cunha, Clara dos Santos Leal Costa, Eloá Costa Cândido Fontana, Guilherme Ribeiro Ramires de Jesús, Renato Teixeira Souza, Marcos Augusto Bastos Dias Palavras-chaves:
mortalidade fetal
, natimorto
, mortalidade perinatal
, causas de morte
, Classificação Internacional de Doenças
Resumo
ANÁLISE DAS CAUSAS DECLARADAS DE NATIMORTALIDADE E SUA RECLASSIFICAÇÃO PELO SISTEMA CODAC EM DOIS CENTROS DE REFERÊNCIA NO MUNICÍPIO DO RIO DE JANEIRO
Introdução: O número de natimortos no mundo vem decaindo lentamente nos últimos anos, apesar de ainda ser expressivo em valores absolutos. Assim, a taxa de mortalidade fetal funciona como importante indicador, refletindo a assistência obstétrica e perinatal em um país. Entender fatores envolvidos nos casos de natimortalidade e classificá-los adequadamente pode contribuir para identificação de casos evitáveis e melhora da assistência perinatal no Brasil. Objetivo: Identificar causas e condições relacionadas aos óbitos de fetos com mais de 22 semanas, assistidos em dois centros de referência no município do Rio de Janeiro, no período de 2009 a 2018; analisar as diferenças entre centros; analisar a reclassificação dos óbitos pelo sistema Codac. Métodos:Estudo descritivo, observacional, de base hospitalar, retrospectivo, cujos sujeitos são fetos natimortos de 2009 a 2018 nas maternidades dos dois centros de referência em questão, e suas respectivas mães. As populações de ambos os centros foram descritas e comparadas para cálculo de p valor; foi calculado, ainda, o coeficiente de concordância Kappa entre os códigos CID-10 atribuídos às causas de mortalidade em declarações de óbito dos natimortos antes e depois da reclassificação pelo sistema Codac. Resultados: Foram encontradas diferenças populacionais entre centros, principalmente quanto à etnia e situação conjugal: no Centro I havia predomínio de mulheres pretas e pardas e sem parceria. Quanto aos antecedentes obstétricos, mulheres com mais abortamentos e história de natimorto anterior se concentravam mais no Centro I; quanto ao histórico da gestação atual, mulheres sem comorbidades eram maioria no Centro II e predominava também neste centro o início de pré-natal mais tardiamente. Fetos com restrição de crescimento e peso menor que 1.000 gramas eram a maioria no Centro I, dado alinhado com as diferenças interinstitucionais. Quanto à investigação dos óbitos fetais, percebeu-se que cada instituição realizava predominantemente uma parcela de exames, de acordo com seu perfil de assistência: o Centro I investiga causas relacionadas ao alto risco materno e o Centro II, causas relacionadas ao alto risco fetal. Após reclassificação Codac, as principais causas de morte no Centro II se concentravam no capítulo de malformações congênitas e, no Centro I, no capítulo de gravidez, parto e puerpério. Por fim, foi visto que a reclassificação pelo sistema Codac mudava o CID-10 atribuído à causa do óbito em 73,9% dos casos no Centro I e em 35,7% dos casos no Centro II, demonstrando que o refinamento desse sistema pode ser mais efetivo e útil no processo de investigação do óbito em diferentes cenários. Conclusões:Os resultados do estudo evidenciam, desde o levantamento de casos até a análise dos dados, as lacunas no processo de registro e investigação de natimortos no Brasil. Estima-se que esse cenário seja ainda mais desafiador nas unidades fora de grandes centros urbanos e que não consideradas centros de referência.
1813
PTGIC (Patologia do trato genital inferior e colposcopia)
ANÁLISE DA VACINAÇÃO DO PAPILOMA VÍRUS HUMANO NOS ÚLTIMOS 5 ANOS NO ESTADO DO RIO DE JANEIRO Autores: Eduarda Assis Freitas, Vivianne de Almeida Mattos Pires, Joana Brandão Meirelles, Beatriz de Oliveira e Castro, Katia Gleicielly Frigotto Palavras-chaves:
Vacina
, Papilomavírus Humano
, Doença Infectocontagiosa
Resumo
ANÁLISE DA VACINAÇÃO DO PAPILOMA VÍRUS HUMANO NOS ÚLTIMOS 5 ANOS NO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
Introdução: O Papiloma Vírus Humano (HPV) é uma infecção de alta prevalência, um vírus com mais de 150 sorotipos, sendo alguns capazes de infectar a mucosa genital e com grande potencial oncogênico. A vacina, disponibilizada pelo Sistema Único de Saúde (SUS), foi criada em 1991 com o objetivo de prevenir o câncer de colo de útero, ânus, vagina, pênis, vulva e orofaringe. A faixa etária da aplicação pelo (SUS) foi alterada no ano de 2022, onde era 9-14 anos para meninas, e 11-14 anos para meninos, sendo agora 9-14 anos para ambos os sexos. A vacina mais utilizada é a quadrivalente, que protege contra infecções causadas por HPV dos sorotipos 6, 11, 16 e 18, que são oncogênicos, aplicadas atualmente duas doses na população geral. Objetivo: Analisar os dados de doses aplicadas da vacina quadrivalente para HPV no Estado do Rio de Janeiro nos últimos 5 anos. Métodos: Trata-se de um estudo ecológico com dados obtidos do Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde do Brasil (DATASUS) entre os anos de 2018 a 2022. As variáveis selecionadas foram: doses aplicadas, ano, faixa etária e sexo. Não foi necessária a aprovação pelo Comitê de Ética e Pesquisa pois os dados utilizados estão disponíveis em bases de acesso público. O programa Microsoft Excel foi utilizado para tabulação e análise de dados. Resultados: No período estudado, o total de doses aplicadas foi de 1.254.879. A primeira dose no sexo feminino foi de 394.602, sendo a idade de 9 anos a mais prevalente em todo o período. Já no sexo masculino, foram aplicadas 304.954 vacinas da primeira dose, com predomínio da idade de 11 anos. A segunda dose da vacina no sexo feminino foi de 304.954, queda de 2,7% em relação à primeira dose e maioria na idade de 10 anos. A segunda dose no sexo masculino teve 227.901 aplicações, o equivalente a 25,2% de redução no número da primeira dose, com pico de vacinação aos 12 anos. Na terceira dose, foi visto que no sexo feminino foi aplicado 15.343 e no masculino 7.325 doses, uma queda acentuada de 73,4% no feminino e 72,4% no masculino em relação à segunda dose, com a faixa etária entre 20 a 26 tanto em ambos os sexos, sendo maior em 2018 e tendo queda expressiva nos anos subsequentes. Conclusões: Observou-se que a diminuição das doses aplicadas tanto na população feminina quanto masculina, foi maior na terceira dose, possivelmente devido ao fato de ser indicada apenas para casos específicos, o que também pode refletir no resultado na sua faixa etária de 20 a 26 anos. Quanto à faixa etária masculina, foi observado um ápice aos 11 anos, possivelmente, devido à antiga faixa etária indicada pelo SUS, e feminina o pico foi aos 9 anos. A diminuição das doses subsequentes, foi principalmente nos homens, e pode ser reflexo da sociedade patriarcal, e da falta de conscientização populacional quanto à sua importância e eficácia do esquema vacinal completo. Além disso, os fatores de isolamento social e crescente de movimentos antivacina, podem ter agravado os números.
1780
Ginecologia
ANÁLISE DE DADOS DAS LAQUEADURAS REALIZADAS ENTRE 2019 E 2022 E A AUTONOMIA DO PLANEJAMENTO FAMILIAR NO BRASIL Autores: Luiza Sampaio Mattos, Paulo Antonio Pinto Peixoto Filho, Eduarda Assis Freitas, Maria Luísa Borges Soares Palavras-chaves:
Esterilização Tubária
, Planejamento Familiar
, Anticonceptivo
Resumo
ANÁLISE DE DADOS DAS LAQUEADURAS REALIZADAS ENTRE 2019 E 2022 E A AUTONOMIA DO PLANEJAMENTO FAMILIAR NO BRASIL
Introdução: A laqueadura é um procedimento que objetiva a contracepção definitiva em pessoas com capacidade reprodutiva. O método cirúrgico consiste na secção e ligadura das tubas uterinas, impedindo o encontro do óvulo com o espermatozóide, evitando a fecundação. A Lei 14.443/2022 teve 3 principais alterações: a diminuição da idade mínima para o procedimento, de 25 para 21 anos; a abolição da necessidade de consentimento do parceiro e a autorização da realização no período do parto, se manifestado desejo no mínimo 60 dias antes, respeitando as condições médicas da gestante, sendo um importante progresso no planejamento familiar. Objetivos: Analisar os dados dos números de nascidos vivos, de laqueaduras feitas por ano e a idade da mãe no parto nos anos de 2019 a 2022, correlacionando com a autonomia do planejamento familiar, referente à nova lei da laqueadura. Métodos: Trata-se de um estudo ecológico utilizando dados obtidos do Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde (DATASUS), Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e da plataforma Integrada de Vigilância em Saúde (IVISQ) entre os anos de 2019 a 2022. As variáveis selecionadas foram: número de nascidos vivos, idade da mãe no parto e números de laqueaduras realizadas. Não foi necessária a aprovação pelo Comitê de Ética e Pesquisa pois os dados utilizados estão disponíveis em bases de acesso público. O programa Microsoft Excel foi utilizado para tabulação e análise de dados. Resultados: Foram registrados um total de 10.722.856 de nascidos vivos, sendo a partir de 2019, respectivamente, 2.849.146 (26,57%), 2.730.145 (25,46%), 2.672.046 (24,92%) e 2.471.519 (23,05%). Sobre a idade da mãe no parto, a maior faixa etária em todos os anos foi a de 20 a 24 anos. Os anos de 2019 a 2022 registraram, respectivamente, 697.478 (24,33%), 670.389 (24,36%), 657.791 (24,46%) e 596.681 (24,14%) mães com idade de 20 a 24 anos na hora do parto. Quanto ao número de laqueaduras realizadas, foram registradas respectivamente, 42.524 (30,03%), 22.436 (15,84%), 23.847 (16,84%) e 52.811 (37,29%). Conclusões: Neste estudo observou-se que há uma constância na diminuição de nascidos vivos conforme a passagem dos anos, com o aumento de mulheres inseridas no mercado de trabalho, assim como o planejamento familiar que se tornou uma realidade para muitas famílias. Observou-se uma contribuição significativa das mulheres de faixa etária entre 20 a 24 anos para o número de nascidos vivos. Quanto ao número de laqueaduras realizadas, houve um aumento significativo no ano de 2022, mesmo comparado ao segundo ano com maior valor total, que foi 2019. Um possível motivo para esse aumento subsequente aos anos de pandemia (2020 e 2021), é o aumento da autonomia das mulheres quanto aos seus direitos reprodutivos, podendo sugerir um novo crescimento para o ano de 2023 com a aprovação da nova lei da laqueadura, que garante direitos para as mulheres da faixa etária com o maior índice de nascidos vivos.
1826
Obstetrícia
ANÁLISE DO ATENDIMENTO A CONSULTAS PRÉ-NATAIS POR MÃES ADOLESCENTES NO BRASIL (2014-2020) Autores: Guilherme do Nascimento Bravim, Icaro Maia Silva, Julia Monteiro Jacarandá, Karina Cristina Ramos Walter Palavras-chaves:
pré-natal
, adolescência
, consultas
Resumo
ANÁLISE DO ATENDIMENTO A CONSULTAS PRÉ-NATAIS POR MÃES ADOLESCENTES NO BRASIL (2014-2020)
Introdução: A realização de um pré-natal de qualidade durante a gravidez é fundamental para avaliar a saúde do bebê e da gestante até o momento do parto, sobretudo se essa gestante se encontra em um dos extremos da idade reprodutiva, como a adolescência. O Ministério da Saúde (MS) recomenda, no mínimo, seis consultas pré-natais, iniciadas antes ou durante o terceiro mês de gravidez, no entanto o alto número de puérperas adolescentes que não chegam a esse total torna-se preocupante pela gravidade que a falta de atendimentos pode gerar. Objetivo: Analisar o número de atendimentos pré-natais realizados por mães adolescentes de 10 a 19 anos no período de 2014 a 2020 e sua variação ao longo dos anos. Método: Trata-se de um estudo de caráter observacional e descritivo com delineamento transversal, realizado por busca de dados no Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde (DATASUS), a partir do Sistema de Informação sobre Nascidos Vivos (SINASC). Gestantes da faixa etária de 10-19 anos que tiveram filhos entre 2014-2020 foram classificadas em 5 grupos quanto ao número de consultas pré-natais realizadas: Não fez, se não fez consulta pré-natal durante a gestação; Inadequado, se iniciou o pré-natal após o terceiro mês de gestação ou fez menos de 3 consultas; Intermediário, se iniciou o pré natal antes ou durante o terceiro mês de gestação e fizeram de 3 a 5 consultas; Adequado, se iniciou o pré natal antes ou durante o terceiro mês de gestação e fez 6 consultas; e Mais que adequado, se iniciou o pré natal antes ou durante o terceiro mês de gestação e fizeram 7 ou mais consultas. Excluíram-se gestantes com quantidade de pré-natais não classificadas ou não informadas. Resultados: A taxa de gestantes que realizaram quantidade mais que adequada de pré-natais mostrou aumento de 4,94% (46,49 para 51,34%) no período 2014-2019, apresentando, no entanto, queda de 1,40% em 2020. Já a variação da taxa de puérperas que fizeram quantidade adequada de pré-natais foi de -1,34% (9,89 para 8,55%) entre 2014-2019, mantendo-se constante em 2020. A porcentagem de grávidas que realizaram número inadequado de pré-natais diminuiu 4,08% (32,13 para 28,05%) de 2014-2019, mas mostrou aumento de 0,08% em 2020. A taxa de gestantes que não realizaram pré-natal e que realizaram um número intermediário dessas consultas manteve-se constante, com valores, respectivamente, próximos de 0,82% e 10,45%. Conclusão: Esses resultados demonstram que a taxa de gestantes adolescentes que realizam tanto número inadequado quanto número adequado de consultas pré-natais têm tendência a diminuir ao longo dos anos, uma vez que essas puérperas migram cada vez mais para a taxa de grávidas que realiza número mais que adequado de consultas, a qual mostra forte tendência de seguir aumentando, ainda que no ano de 2020, marcado pela pandemia de covid-19, esses padrões tenham se invertido, provavelmente pelas restrições, mas sendo válida a realização de um estudo para entender o porquê dessa mudança.
1828
Ginecologia
Análise do comportamento e da resiliência dos serviços de saúde de atendimento à mulher no contexto da pandemia de Covid-19 - Revisão da Literatura Autores: Pamela Amanda da Silva Marques, Lorena Iza Penna Moura, Rocio Fernandez Santos Viniegra, Luiza Terezinha Precioso de Almeida, Amanda Bahia Pereira da Silva, Aluísio Gomes da Silva Palavras-chaves:
Resiliência
, saúde da mulher
, covid 19
Resumo
Análise do comportamento e da resiliência dos serviços de saúde de atendimento à mulher no contexto da pandemia de Covid-19 - Revisão da Literatura
Objetivo:Este estudo visa analisar o comportamento e a resiliência dos serviços de saúde dedicados à mulher no contexto da pandemia de Covid-19, identificando como esses serviços foram afetados e quais estratégias utilizaram para enfrentar a crise de saúde. Fonte de dados: Trata-se de uma revisão integrativa da literatura, realizada nas bases de dados SciELO, BVS, PUBMED e LILACS, utilizando os descritores resiliência, saúde da mulher, ginecologia, obstetrícia, covid 19, pandemia, em português e inglês, englobando os anos de 2020 a 2022. Coleta de dados: Dos 104 artigos selecionados, 9 estavam duplicados, 49 foram excluídos após leitura de títulos e resumos, 3 foram excluídos após leitura completa. Os 43 artigos incluídos foram agrupados em 4 temas de análise: Conceito de resiliência, fatores de risco e proteção da resiliência na população feminina, impacto do Covid-19 na saúde e bem estar da mulher e impacto do Covid-19 nos serviços de saúde de atendimento à mulher. Este trabalho dedica-se a analisar os 21 artigos relacionados aos sistemas de saúde que abordam a população feminina. Resultados: Predominaram estudos originários da américa do norte (7) e do continente africano (8), e o tema relacionado à saúde materno-infantil. Observa-se redução na oferta, no acesso e na utilização nos serviços de saúde feminina mundialmente, em decorrência do lockdown, da falta de transporte, de problemas financeiros e da falta de suporte suficiente, resultando em consequências graves para as mulheres. Constatou-se certo grau de resiliência dos serviços, que utilizaram diversas estratégias para a adequação de seu funcionamento. O conceito de resiliência foi trabalhado de forma superficial pela maioria dos artigos. Conclusões: Este trabalho indicou prejuízos no cuidado à saúde da mulher durante a pandemia do Covid-19, com respostas adaptativas de alguns serviços na intenção de suprir as demandas mais urgentes, representando resiliência variável dos serviços analisados nos artigos. Esta análise serve como estímulo para novos estudos sobre a resiliência dos serviços direcionados à saúde da mulher, tendo em vista as vulnerabilidades e especificidades desta população.
1847
Ginecologia
ANÁLISE DO IMPACTO DA TERAPIA DE REPOSIÇÃO HORMONAL EM MULHERES NO CLIMATÉRIO E PÓS-MENOPAUSA Autores: Fernanda de Siqueira Lece Aragao, LARISSA VERAS MENEZES Palavras-chaves:
MENOPAUSA
, REPOSIÇÃO HORMONAL
, CÂNCER
, TERAPIA COMBINADA
, CLIMATÉRIO
Resumo
ANÁLISE DO IMPACTO DA TERAPIA DE REPOSIÇÃO HORMONAL EM MULHERES NO CLIMATÉRIO E PÓS-MENOPAUSA
OBJETIVO: O objetivo do presente trabalho é avaliar o impacto dos mecanismos de reposição hormonal durante o climatério sobre o risco de desenvolver cânceres ginecológicos. FONTE DE DADOS: Os dados foram coletados das plataformas LILACS e PUBMED, utilizando os indexadores “reposição hormonal e câncer” e “hormone replacement and cancer”. Foi utilizado como filtro os trabalhos publicados nos últimos 5 anos. SELEÇÃO DE ESTUDOS: Foram avaliados 20 estudos prévios sobre o tema, realizando por fim. a seleção de 7 destes para uma melhor compreensão dos resultados obtidos. Os critérios abrangeram o grau de relevância científica do estudo, a preferência por estudos nacionais, a metodologia empregada e o embasamento teórico. COLETA DE DADOS: Foi realizada uma leitura transversal dos artigos selecionados, baseados em ensaios clínicos randomizados e estudos observacionais, seguida de uma análise crítica dos dados obtidos em cada abordagem. RESULTADOS: Os estudos analisados demonstram que a terapia hormonal foi associada ao aumento dos riscos de câncer de mama e ovário, apesar de melhorar a sobrevida global em casos com histórico dessas neoplasias específicas. Quanto às diferenças qualitativas da terapia isolada ou com associação hormonal nota-se que a terapia hormonal combinada está relacionada com um risco aumentado para câncer de endométrio e hiperplasia endometrial. Dados epidemiológicos de estudos prospectivos publicados recentemente mostraram que o desenvolvimento de câncer de mama ocorreu em um percentual de mulheres na pós-menopausa, atingida em média de 50 anos de idade, sendo 51% destas haviam se submetido a terapia hormonal na menopausa. Além disso, todos os tipos de tratamento, exceto estrogênios vaginais, foram associadas ao risco de câncer de mama sendo maior nas formulações com estrogênio combinado com progesterona frente às preparações de estrogênio separadas. Observou-se ainda que o risco de desenvolvimento de câncer de mama com 10 anos de uso de terapia hormonal é quase o dobro daqueles com 5 anos de uso, inferindo que a ocorrência de neoplasias é decorrente do tempo de exposição. CONCLUSÕES: A partir da revisão sistematizada, infere-se que dentre os métodos de reposição hormonal, o que mais confere risco de desenvolver neoplasias é a terapia combinada, e que os cânceres mais prevalentes são o de mama, ovário e endométrio. Entende-se ainda, que as evidências apontadas nos artigos avaliados somam-se à variabilidade populacional, em aspectos etários, tempo de menopausa e esquema de terapia hormonal empregada, e assim, predizem individualmente o prognóstico da paciente submetida à reposição. Diante do exposto, a implementação da reposição hormonal no climatério deve ser diretamente dialogada pautando a avaliação de risco para o desenvolvimento de cânceres ginecológicos com os benefícios esperados com essa abordagem de tratamento.
1794
PTGIC (Patologia do trato genital inferior e colposcopia)
ANÁLISE DO IMPACTO DO COVID-19 NO SETOR DE PATOLOGIA DO TRATO GENITAL INFERIOR DE UM HOSPITAL UNIVERSITÁRIO Autores: Rita Maira Zanine, Mariana D Avila Ogg Espinola, Dulcimary Dias Bittencourt Palavras-chaves:
câncer de colo de útero
, pandemia
, Covid-19
Resumo
ANÁLISE DO IMPACTO DO COVID-19 NO SETOR DE PATOLOGIA DO TRATO GENITAL INFERIOR DE UM HOSPITAL UNIVERSITÁRIO
Introdução: A pandemia do Covid-19 impactou os serviços de saúde no mundo, o que trouxe repercussões em vários programas de rastreamento, como é o caso do câncer de colo de útero. Objetivo: Este trabalho visa determinar o impacto da pandemia no serviço do Trato Genital Inferior e Colposcopia de um hospital universitário no Paraná entre 2018 e 2021 a partir da base de dados do setor. Métodos: O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa pelo número 2018026301. As citologias foram agrupadas de acordo com a classificação Bethesda em ASCUS (células escamosas atípicas de significado incerto), ASC-H (células escamosas atípicas, onde não se pode descartar lesão de alto grau), LSIL (lesão intraepitelial escamosa de baixo grau), HSIL (lesão intraepitelial escamosa de alto grau), alterados (para citologias alteradas não-especificadas), carcinoma, glandulares (AGC – células glandulares atípicas – /AGUS – células glandulares atípicas de significado indeterminado –) e negativo. Já as indicações cirúrgicas foram denominadas HSIL, vulva malignos, vulva benignos e carcinomas, enquanto as categorias de procedimentos cirúrgicos foram CAF (cirurgia de alta frequência), conização e exérese/outros. Os números de atendimentos, cancelamentos e faltas nos ambulatórios do setor foram fornecidos pela UMA (Unidade de Monitoramento e Avaliação) do hospital. Todos os dados foram compilados em planilhas Excel e tratados estatisticamente por meio dos testes Qui-quadrado, Qui-quadrado para aderência, teste exato de Fisher e teste exato binomial, com nível de significância de 5%. Resultados: Verificou-se uma redução de 66% de exames citológicos e 62% de lesões HSIL entre 2019 e 2020 (p<0,001). Ainda, houve redução de aproximadamente 57% entre 2019 e 2020 tanto de indicações cirúrgicas quanto de procedimentos. Lesões HSIL apresentaram redução de 53% (p<0,001), enquanto os procedimentos CAF e conização reduziram 56% (p<0,001) e 63% (p=0,002), respectivamente. Também foram evidenciadas quedas de 49% nos atendimentos, e aumentos de 70% nos cancelamentos e 20% nas faltas nos ambulatórios entre 2018/2019 e 2020/2021 (p<0,001). Conclusões: Esses dados demonstram que a pandemia de Covid-19 impactou expressivamente nos serviços do setor, principalmente em relação às lesões de alto grau. Com isso, mulheres que não receberam atendimento poderão ser afetadas e apresentar o diagnóstico de câncer de colo de útero mais tardio.
1718
Ginecologia
ANÁLISE DOS PROCEDIMENTOS DE HISTERECTOMIA TOTAL NO MUNICÍPIO DE VASSOURAS- RJ EM 10 ANOS Autores: Mayara Affonso São Roque, Heloá Santos Faria da Silva, Glaziele Yumi da Silva, Giovana Alaluna Serafim, Julia Magalhães Motta Palavras-chaves:
histerectomia
, ginecologia
, epidemiologia
Resumo
ANÁLISE DOS PROCEDIMENTOS DE HISTERECTOMIA TOTAL NO MUNICÍPIO DE VASSOURAS- RJ EM 10 ANOS
A histerectomia é um dos procedimentos cirúrgicos mais realizados na área da Ginecologia, sendo definida como a remoção uterina. Existem diversas indicações para a sua realização, tanto para doenças benignas quanto malignas, contudo, a maioria dos casos é realizada como procedimentos não urgentes (eletivos) para condições não cancerosas (benignas) como sangramento uterino anormal, prolapso ou miomas uterinos. No entanto, ainda que seja a cirurgia mais comumente realizada na área da ginecologia, a retirada do útero pode ser um processo difícil de ser enfrentado pelas mulheres, principalmente por envolver fatores emocionais, psicológicos e culturais, pois além da função biológica, possui valores instaurados relacionados à feminilidade. É importante que cada paciente esteja bem informado sobre os benefícios e malefícios relativos de cada abordagem para fazer escolhas sucedidas e com menor risco cirúrgico. O objetivo deste trabalho é analisar o atual panorama de procedimentos de histerectomia total realizados no município de Vassouras- RJ durante 10 anos. Realizou-se uma revisão sistemática da literatura e uma coleta observacional, descritiva e transversal dos dados acerca dos procedimentos de histerectomia total, disponíveis no DATASUS – Sistema de Informações Hospitalares do SUS (SIH/SUS) por um período de dez anos – janeiro de 2012 a janeiro de 2022 – avaliando valor de gastos públicos, complexidade, taxa de mortalidade, óbitos, permanência, caráter de atendimento e artigos disponíveis em Scielo, Lilacs e PubMed. No período analisado observaram-se 269 internações para a realização de procedimentos de histerectomia total, representando um gasto total de R$ 140.704,55, sendo 2015 o ano com maior número de internações (64) e 2016 o ano responsável pelo maior valor gasto durante o período (R$ 47.406,72). Do total de procedimentos, 250 foram realizados em caráter eletivo e 19 em caráter de urgência, sendo todos considerados de média complexidade. Não houve óbitos registrados durante os anos de estudo. A média de permanência total de internação foi de 3,8 dias. Pode-se observar, a partir do presente estudo, que os procedimentos de histerectomia total são realizados, em sua maioria, em caráter eletivo, tendo baixa permanência do tempo de internação e baixo risco cirúrgico, o que ratifica ser considerado um procedimento de média complexidade.
1748
Ginecologia
ANÁLISE QUANTITATIVA ACERCA DA REALIZAÇÃO DE PARTO CESÁREO COM LAQUEADURA TUBÁRIA NO BRASIL Autores: Marcelle Alves Torres da Silva, Anna Clara Coelho da Rocha Silva, Débora Chaves Lobo de Melo, Lucas Dalsenter Romano da Silva, Beatriz de Oliveira e Castro, Laura Reis Paz, Maria Eduarda Madeira El Khouri Palavras-chaves:
Parto obstétrico
, Cesárea
, Procedimentos cirúrgicos em Ginecologia
, Esterilização tubária
Resumo
ANÁLISE QUANTITATIVA ACERCA DA REALIZAÇÃO DE PARTO CESÁREO COM LAQUEADURA TUBÁRIA NO BRASIL
Introdução: A laqueadura tubária é um procedimento cirúrgico de esterilização feminina definitiva com índice de Pearl de 0,1-0,3 a cada 100 mulheres ao ano. A cesariana com laqueadura é uma opção para mulheres que desejam evitar gestações futuras e têm indicações de realizar parto cesáreo. Nesse caso, a laqueadura é realizada durante o mesmo procedimento cirúrgico, evitando a exposição da mulher a uma nova intervenção invasiva pós-parto. Objetivo: Avaliar a evolução dos números de partos cesáreos com laqueadura e sua distribuição nas regiões brasileiras, média de permanência hospitalar e a taxa de letalidade atrelada ao procedimento. Métodos: Estudo transversal seriado relacionado ao número de partos cesarianos com laqueadura tubária realizados no Brasil entre janeiro de 2016 e dezembro de 2022. Os dados foram coletados do Sistema de Informações Hospitalares (SIH/SUS) no site do Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde do Brasil (DATASUS). As variáveis selecionadas foram: Parto cesariano com laqueadura tubária, autorizações de internação hospitalar (AIH), média de permanência e número de óbitos. Resultados: No período de estudo foram realizados 285.565 partos cesários com realização de laqueadura no Brasil. A região Sudeste concentrou a maioria dos casos (47,09%), seguida da região Nordeste (19,94%), Centro-Oeste (12,20%), Norte (10,61%) e, por fim, a região Sul (10,14%). Verificou-se um crescimento progressivo das AIH, com taxa de aumento de 81,07% entre 2016 a 2022. Foram contabilizados 99 óbitos nos últimos 6 anos devido a realização do procedimento, totalizando uma taxa de letalidade de 0,03%. A média de permanência da puérpera em ambiente hospitalar após o parto cesáreo com laqueadura tubária foi de 2,7 dias. Conclusão: Observa-se grande aumento no número das esterilizações nos últimos 6 anos, que pode ser justificado por condições multifatoriais, como mudanças culturais e na dinâmica familiar no Brasil. Os procedimentos se concentraram massivamente no Sudeste, região que possui a maior densidade demográfica do país e presença das grandes metrópoles. Além disso, foi constatada uma baixa taxa de letalidade atrelada ao procedimento, bem como uma média de permanência hospitalar semelhante a do parto cesariano sem laqueadura, expondo que, em média, não há mudança do prognóstico da mulher que opta pela laqueadura periparto. No entanto, é importante lembrar que a laqueadura é um procedimento com altas taxas de insucesso de reversão, então deve ser considerada com cautela e em conjunto com o médico especialista para esclarecer todas as dúvidas sobre o procedimento.
1741
Ginecologia
ANGIOMIXOMA PROFUNDO ENDOMETRIAL: PRIMEIRO RELATO DE CASO NO BRASIL Autores: BRYAN ALEXANDER CUERVO, MARIO FERNANDO DAVILA OBANDO, JULIO DA SILVA ALMEIDA, DANIELA CARDEÑO CHAMORRO, ANA LAURA RIBAS BRAGA BETTEGA, TATIANNE ROSA DOS SANTOS, CHRISTIAN MONTERO VERA, SÍLVIO SILVA FERNANDES Palavras-chaves:
ANGIOMIXOMA PROFUNDO
, TUMOR
, ENDOMÉTRIO
Resumo
ANGIOMIXOMA PROFUNDO ENDOMETRIAL: PRIMEIRO RELATO DE CASO NO BRASIL
INTRODUÇÃO: Angiomixoma profundo (AP) é considerado uma neoplasia mesenquimal benigna de ocorrência rara, estudos mostram o registro de apenas 250 casos no mundo. O AP pode apresentar recorrência local em torno de 40% das vezes quando não excisado integralmente. Acomete principalmente mulheres, seu crescimento é predominantemente local, mas há alguns casos de metástases. Sua causa é desconhecida. O AP endometrial é ainda mais raro pela sua localização e geralmente aparece em pacientes abaixo dos 40 anos. Relatamos um caso raro de AP endometrial e pretendemos contribuir para a identificação e tratamento de possíveis novos casos da doença.
RELATO DE CASO: SCDS, 48 anos, branca, procurou ambulatório com queixa de sangramento anormal com dor pélvica durante o período de janeiro/2021 a setembro/2021. Após avaliação, foi indicado uso de acetato de medroxiprogesterona. Após uso da medicação houve aumento do sangramento uterino e intensidade da dor. A paciente cursou com anemia severa e sangramento uterino anormal sem causa aparente. O preventivo apresentou-se negativo para malignidade. A ultrassonografia transvaginal apontou leiomioma subseroso. Foi realizada vídeo histeroscopia diagnostica, que revelou endométrio espessado com presença de pólipos em canal endocervical. A biópsia do pólipo endometrial e seu estudo anátomo patológico revelaram pólipo endocervical com aspecto mixóide de estroma. Foi indicado estudo imunohistoquímico complementar. Os aspectos morfológicos associados ao perfil imunohistoquímico favoreceram o diagnóstico de angiomixoma profundo. Assim, a paciente foi encaminhada para o hospital Mario Kroeff onde foi realizada a ressonância magnética que mostrou útero em anteversão, de contorno lobulado e dimensões aumentadas, apresentando espessamento da zona juncional, podendo corresponder a adenomiose, o que limitou a avaliação de eventuais lesões miometrais associadas, destacando-se, entretanto, leiomioma na parede corporal posterior, subseroso. Também apresentava endométrio espessado e heterogêneo, destacando-se ao menos duas lesões polipoides com realce ao meio de contraste, a maior se insinuando junto ao orifício interno do colo uterino. A paciente foi submetida à histerectomia total abdominal e salpingooforectomia bilateral (HTA + SOB) no dia 5 de outubro de 2022 e permanece livre de recorrências até o momento.
COMETÁRIOS: O AP é frequentemente diagnosticado erroneamente e com probabilidade de recorrência. Muitas vezes seu diagnóstico se confunde com outros tumores de partes moles com alterações mixóides secundárias. Neste caso foi fundamental para o correto diagnóstico a análise do perfil imunohistoquímico. É comum pacientes com angiomixoma profundo apresentarem anemia severa, fato que auxilia no diagnóstico diferencial de outras patologias; no caso apresentado a dosagem de hemoglobina foi de 4 mg/dl. Para obter margens 100% livres e devido às doenças adicionais existentes no útero foi feita escolha pela cirurgia HTA + SOB.
1787
Obstetrícia
ANTIBIÓTICOS DE ESCOLHA NO TRATAMENTO DE BACTERIÚRIA ASSINTOMÁTICA EM GESTANTES: REVISÃO SISTEMATIZADA Autores: Juliana Nogueira da Cunha, Isabela Hartmann Santhiago Lopes, Alexia Diva de Carvalho Phebo, Maria Fernanda Franco Tristão, Julia Elisa Villon do Amaral, Gabriella Schenker Margulies Palavras-chaves:
Infecção urinária
, Gestantes
, Bacteriúria
Resumo
ANTIBIÓTICOS DE ESCOLHA NO TRATAMENTO DE BACTERIÚRIA ASSINTOMÁTICA EM GESTANTES: REVISÃO SISTEMATIZADA
OBJETIVOS:
Identificar os critérios de escolha para o tratamento de bacteriúria assintomática em pacientes gestantes.
FONTE DE DADOS:
Foi realizada uma revisão sistemática com busca de artigos publicados nas plataformas eletrônicas SciELO e UpToDate. Os artigos selecionados foram publicados entre 2008 e 2022.
SELEÇÃO DE ESTUDOS:
Consideraram-se critérios de inclusão: artigos originais e completos com a temática de bacteriúria assintomática em gestantes e com informações sobre o tratamento de escolha. A estratégia de busca utilizou os seguintes descritores: bacteriúria assintomática, tratamento, gestantes. Com base na estratégia adotada, foram selecionados 7 artigos de acordo com os critérios de inclusão.
COLETA DE DADOS:
A qualidade do estudo foi classificada usando critérios estabelecidos, e apenas estudos classificados como bons foram incluídos. Os dados foram extraídos por meio da organização dos artigos selecionados e foram resumidos usando meta-análise.
RESULTADOS:
A bacteriúria assintomática (BA) é um dos tipos de infecção do trato urinário, que, durante a gravidez, podem desencadear várias complicações. Dessa maneira, torna-se necessário rastrear para detectar e tratar precocemente a BA na gestação. Segundo os estudos analisados, o principal microorganismo isolado em pacientes grávidas é a Escherichia coli, presente em 80 a 90% das ITUs. Na presente revisão sistemática, foram avaliadas as melhores escolhas de antibióticos para o tratamento de BA na gravidez e foi constatado o papel fundamental do estudo do padrão de sensibilidade dos agentes etiológicos a antibióticos permitidos durante a gestação. Avaliando o padrão de sensibilidade das bactérias isoladas nas uroculturas, verificou-se que a maioria delas apresentam altos índices de sensibilidade a antimicrobianos como a cefuroxima, ceftazidima, cefoxitina, nitrofurantoína, aminoglicosídeos e quinolonas. Atualmente, a cefuroxima é o antimicrobiano mais utilizado para o tratamento das infecções urinárias em gestantes. As principais opções de tratamento utilizadas foram: fosfomicina, nitrofurantoína, cefalexina, cefuroxima e amoxicilina. Não há um consenso claro sobre a duração ideal do tratamento nos estudos analisados. Somado à isso, para a escolha da melhor opção antimicrobiana, os estudos observaram que é de extrema importância, além de análise da sensibilidade das bactérias mais prevalentes, outros fatores, tais como: a facilidade de obtenção pela paciente, a sua tolerabilidade, a comodidade do esquema posológico, seu custo e sua toxicidade.
CONCLUSÃO
Pode-se concluir, portanto, a necessidade do rastreamento para a detecção e tratamento precoce da BA em gestantes devido às consequências que a progressão da patologia pode acarretar na gestação. Pelos estudos analisados, conclui-se que não há evidências para recomendar um medicamento específico para tratamento da BA na gestação, pois os estudos não indicaram a superioridade de um tratamento em relação a outro.
1747
Obstetrícia
ARTERITE DE TAKAYASU EM GESTANTE: RELATO DE CASO Autores: Ana Clara Miranda Geraldo, Renata Morato Santos, Mario Vicente Giordano, Gustavo Mourão Rodrigues, Andréia Luiz Montenegro da Costa. Palavras-chaves:
Gravidez
, Arterite de Takayasu
, Hipertensão
Resumo
ARTERITE DE TAKAYASU EM GESTANTE: RELATO DE CASO
INTRODUÇÃO: A Arterite de Takayasu (TAK) é uma doença vascular inflamatória crônica de origem desconhecida. Acomete frequentemente o arco aórtico e seus ramos principais, embora possa afetar outros segmentos da aorta, artérias pulmonares e artérias renais. RELATO DO CASO: Gestante, 27 anos, G5 P4 A0, atendida na 19ª semana de gravidez. Referia cefaleia temporal esquerda intensa, fotofobia, dor lombar e claudicação intermitente, há dois anos. História de hipertensão gestacional anterior, sem tratamento. Exame clínico normal exceto pela aferição da pressão arterial (PA) distinta nos membros: MSD 120 x 80 mmHg, MSE 130 x 90 mmHg, MMII 140 x 100 mmHg. Ritmo cardíaco regular, em dois tempos, com bulhas hiperfonéticas, sem sopros. Exame obstétrico: fundo uterino 21 cm e tônus normal. Ultrassonografia de abdômen total identificava irregularidades parietais na artéria aorta e dilatação em seu eixo máximo (2,2 cm). Angio tomografia computadorizada da artéria aorta e das artérias ilíacas (figuras 1 e 2), com espessamento parietal em todo o trajeto da aorta abdominal e porção proximal das artérias ilíacas, com lesão estenosante (4,8cm) no segmento infrarrenal e redução do calibre arterial. Fundoscopia normal. Durante a 29ª semana de gestação, verificou-se a presença de sinais de insuficiência venosa em membros inferiores com dor. O diagnóstico de TAK foi confirmado pela Reumatologia e optou-se por não iniciar terapia imunossupressora. Não temos dados do parto, mas houve evolução satisfatória até o termo. COMENTÁRIOS: Não há um consenso acerca da prevalência de TAK em gestantes, o que aponta a necessidade de mais estudos. O estreitamento das artérias pode levar à hipertensão gestacional e resultar em crescimento intrauterino restrito (CIUR), óbito fetal ou óbito materno, o que felizmente não ocorreu em nosso caso. A gestante apresentou apenas uma aferição de PA em membro superior compatível com hipertensão. Nas consultas subsequentes a PA foi normal, e não foi prescrito AAS para a profilaxia de pré-eclâmpsia devido a idade gestacional avançada. A atenção primária identificou adequadamente a necessidade de encaminhamento. Uma das causas de CIUR é a disfunção placentária (hipertensão durante a gestação), sendo uma complicação da TAK. No tratamento da TAK, é importante diferenciar a população geral das gestantes. O Colégio Americano de Reumatologia recomenda tratamento em caso de doença ativa e sintomática com corticoides orais. Não há evidência de que a pulsoterapia tem melhor desfecho obstétrico. Deve-se manter o tratamento com corticoides até remissão da doença (6 a 12 meses) e após, retirada de maneira gradual. A boa resposta ao uso de corticoides sugere ser uma doença autoimune. Caso a estenose arterial progrida, intensificando a isquemia de algum órgão, deve-se considerar intervenção cirúrgica. Em gestantes a recomendação é monitorização da pressão arterial e, se necessário, uso de bloqueadores de canal de cálcio ou metildopa.
1785
Obstetrícia
Atenção pré-natal e diabetes mellitus gestacional: uma revisão sistemática Autores: Isabela Hartmann Santhiago Lopes, Juliana Nogueira da Cunha, Letícia Maria Salas Julio, Maria Cecilia Rocha Fontoura Carvalho, Isabela Carim Fontoura, Juliana Dias Tinoco Soares, Gabriela Carvalho Silva Palavras-chaves:
Assistência Pré-Natal
, Diabetes gestacional
, Gravidez
Resumo
Atenção pré-natal e diabetes mellitus gestacional: uma revisão sistemática
OBJETIVOS:
O objetivo dessa revisão sistemática é analisar a correlação entre a realização do Pré-Natal e a ocorrência de Diabetes Mellitus Gestacional (DMG).
FONTE DE DADOS:
A presente revisão sistemática da literatura realizou um levantamento bibliográfico nas plataformas eletrônicas SciELO, Pubmed e CiteFactor. Os artigos selecionados foram publicados entre 2014 e 2021.
SELEÇÃO DE ESTUDOS:
A pesquisa levou à análise de 102 artigos, que passaram por critérios de relevância, analisando o título, resumo e, posteriormente, o artigo completo, resultando na seleção de 5 estudos, incluindo estudos transversais, descritivos, coorte, coorte retrospectivo e um estudo bibliográfico analítico descritivo. Foram analisados artigos originais relevantes para o objetivo desta revisão sistemática, sem restrições de idioma. Em adendo, foram analisados estudos selecionados por revisões sistematizadas com ou sem metanálise publicadas anteriormente.
COLETA DE DADOS:
A estratégia de busca utilizou os seguintes descritores: assistência pré-natal, diabetes gestacional, gravidez, importância do pré-natal, diabetes induzida por gravidez.
RESULTADOS:
A partir da análise dos estudos selecionados, foi possível considerar a assistência pré-natal como essencial para o diagnóstico precoce da Diabetes Mellitus Gestacional (DMG). Dentre os cinco artigos, dois mencionam a origem multifatorial da DMG, justificando a relevância do pré-natal para a busca ativa de alterações metabólicas materna e prevenção de complicações. Outros dois estudos defendem a transmissão de informações para a gestante no atendimento, como forma de possibilitar mudanças comportamentais e alteração de fatores de risco associados à doença. Por fim, os cinco estudos concordam que o número ideal de seis ou mais consultas é imprescindível para o monitoramento da gestante, apontando como elemento fundamental na prevenção de agravos.
CONCLUSÕES:
Em suma, os dados desvendam que pacientes portadoras de DM sem acompanhamento adequado para prevenção de complicações levam à maior exposição da mãe e recém-nascido a graves riscos. Verificam-se, ainda, números significativos de participantes com alguma patologia associada ao DM, como o descolamento prematuro de placenta. Os resultados apontam, portanto, a importância de se implementar políticas de saúde voltadas para detecção precoce e manejo adequado da doença, antes e após a gestação, algo que pode ser atingido através da realização de um atendimento pré-natal de qualidade.
1854
Ginecologia
A Vacina Nonavalente contra HPV e sua eficácia. Autores: Gabriela de Castro da Silva, Beatrix Kompier Mendes, Charlotte Sophie Schlanger Robles, Rafaela Emilia Viana Amendola, Thaiz Costa Brandão, Gabrielle Araujo Barros Palavras-chaves:
Vacina Nonavalente
, HPV
, Vacina contra HPV
, Eficácia
Resumo
A Vacina Nonavalente contra HPV e sua eficácia.
Introdução: A Vacina Nonavalente contra o Vírus do HPV foi aprovada pelo FDA (Food and Drug Administration) em dezembro de 2014 nos Estados Unidos, e protege contra nove tipos do HPV. Mas, só recentemente, em março de 2023, chegou à rede privada no Brasil. Segundo o FDA, essa vacina tem um potencial de proteger em até 90% o Câncer de Colo de Útero, e de diversas outras infecções cervicais, vulvares, vaginais, anais e orofaríngeas. Dada a importância dessa vacina à Saúde Pública do país e sua comprovada eficácia, o debate sobre o tema se torna relevante para divulgar e consolidar as informações sobre o imunizante.
Objetivo: Falar sobre a eficácia e o sucesso da Vacina Nonavalente contra o HPV e a importância de sua implementação no Brasil.
Fonte de dados: Revisão sistemática da literatura, a partir das bases de dados BVS e PubMed abordando o tema da Vacina Novalente contra o HPV e sua eficácia. Foram usados os descritores “Vacina Nonavalete”, “HPV” e “Eficácia. O ponto de corte temporal foram artigos dos últimos 15 anos.
Seleção de Estudos: Foram coletados e revisados 10 estudos. Os critérios empregados para essa seleção foram: classificação Qualis acima de B2, estarem esses artigos nos idiomas português, inglês ou espanhol, artigos dos últimos 15 anos e relacionados à ginecologia.
Coleta de Dados: Os dados do trabalho foram extraídos pelo levantamento de 10 artigos de acordo com os critérios de inclusão, com posterior leitura e análise minuciosa das participantes (pesquisa qualitativa), com o objetivo de alcançar uma compreensão inicial sobre o tema e gerar uma reflexão sobre sua importância. Não foi uma coleta estatística.
Resultados: Os resultados encontrados foram que a vacina nonavalente (9vHPV) possui uma eficácia de mais de 97%, possuindo mais que o dobro de partículas semelhantes a vírus e adjuvantes quando comparada à vacina quadrivalente – qHPV (KAMOLRATANAKUL & PITISUTTIHUM). Não se pode deixar de destacar que, apesar de mais eficaz, a vacina nonavalente possui eficácia similar à quadrivalente, em relação aos subtipos 6, 11, 16 e 18 (BOCCHINI et al). Já em relação à administração da vacina, os estudos mostram ser muito mais vantajosa quando feita antes da infecção, destacando assim a importância da vacinação nas faixas etárias mais baixas, principalmente a partir dos 10 anos de idade (KAMOLRATANAKUL & PITISUTTIHUM). Quanto à proteção contra sorotipos extras que a vacina nonavalente induz, estudos destacam que 10% dos cânceres são causados por esses, mostrando assim a relevância da inserção dessa vacina no calendário vacinal do Brasil (VESIKARI et al).
Conclusão: Acredita-se serem necessários mais estudos sobre a implementação dessa vacina no Brasil para de fato serem vistos benefícios e se chegar a conclusões mais precisas. Contudo, é notável o benefício e a eficácia da vacina nos locais onde já foi implementada, sendo necessário um olhar mais atento nos potenciais ganhos que essa vacina pode trazer para saúde pública brasileira.
1791
PTGIC (Patologia do trato genital inferior e colposcopia)
AVALIAÇÃO DA EFICÁCIA E SEGURANÇA DO TRATAMENTO DA SÍNDROME GENITOURINÁRIA DA MENOPAUSA POR RADIOFREQUÊNCIA FRACIONADA MICROABLATIVA E ESTRIOL TÓPICO Autores: Tuani de Oliveira Castro, Priscila de Almeida Torre, Ana Ximena Zunino, Susana Cristina Aidé Viviani Fialho, Isabel Cristina Chulvis do Val Guimarães, Caroline Alves de Oliveira Martins, Carlos Augusto Faria Palavras-chaves:
vaginite atrófica
, ablação por radiofrequência
, estriol
, menopausa
Resumo
AVALIAÇÃO DA EFICÁCIA E SEGURANÇA DO TRATAMENTO DA SÍNDROME GENITOURINÁRIA DA MENOPAUSA POR RADIOFREQUÊNCIA FRACIONADA MICROABLATIVA E ESTRIOL TÓPICO
INTRODUÇÃO: A síndrome geniturinária da menopausa (SGM) é um conjunto de sinais e sintomas decorrentes das alterações relacionadas ao hipoestrogenismo, por falência ovariana. O tratamento hormonal tópico com estrógenos é o de primeira linha para os sinais e sintomas moderados a graves, enquanto as terapias baseadas em energia, como os lasers e a radiofrequência (RF), são alternativas para mulheres com contraindicação ao uso hormonal. Entretanto, os tratamentos com energias ainda carecem de embasamento científico, podendo tornar-se opção para estes casos.OBJETIVO: Analisar a eficácia e a segurança da terapêutica da aplicação da radiofrequência fracionada microablativa (FRAXX) na mucosa vaginal e comparar com o uso de estriol tópico de mulheres com SGM. MÉTODOS: Ensaio clínico piloto, duplo-cego, randomizado, placebo controlado. Avaliadas 30 mulheres com diagnóstico de SGM. Aplicaram-se os questionários de função sexual (FSFI) e incontinência urinária (ICIQ-SF), além da avaliação do Índice de Saúde Vaginal (VHIS) e segurança do método, pela escala visual analógica (EVA). Foram avaliadas antes e um mês após o término de tratamento, constituído por três sessões de FRAXX com intervalo de um mês entre as sessões. As participantes foram divididas em dois grupos, um com aplicação de estriol tópico por 21 dias de ataque e posteriormente três vezes por semana até completar três meses, juntamente com um pulso mensal placebo do FRAXX (E); e o outro grupo, com um pulso mensal de RF por três meses, junto com placebo de creme vaginal (F). RESULTADOS: Na avaliação do VHIS, observou-se melhora global do pós-tratamento em ambos os grupos e em todas as variáveis, com destaque para a elasticidade, que teve melhora significativa, com uma elasticidade boa visível no grupo Estrogênio (E) (antes do tratamento foi de 2.47 e após o tratamento passou para 3.80, com p valor de 0.001), e integridade epitelial, com epitélio fino e não friável para o grupo FRAXX (antes do tratamento foi de 3.00 e após tratamento de 4.87, com p valor de 0.001) e uma proporção normal no grupo E.Durante a análise do questionário FSFI, obteve-se melhora na pontuação em todos os domínios. Houve uma melhora global de uma mediana de 17,4 e 7,10 de escores pré-tratamento para os grupos E e F, respectivamente, para uma mediana de escore pós-tratamento de 29,6 e 24,3. Não houve diferença global pré e pós entre os grupos. As queixas urinárias melhoraram em ambos os grupos, com redução de escore mais significativa em todas as pacientes do grupo FRAXX, alcançando um escore ICIQ-SF pós (mediana(Q1; Q3)) 3,00 (0,00;5,00) para o grupo E e 0,00 (0,00; 0,00) para o grupo F, com p valor de 0,071. Não foram constatados efeitos colaterais significativos estatisticamente, em ambos os grupos. CONCLUSOES: O uso do FRAXX demonstrou eficácia e segurança, pois houve melhora nos itens subjetivos analisados e comparativamente a terapêutica com estriol tópico, não houve significância estatística entre os dois tratamentos.
1716
PTGIC (Patologia do trato genital inferior e colposcopia)
Avaliação da melhora clínica e histopatológica do líquen escleroso vulvar em mulheres tratadas com corticosteróide tópico associado à radiofrequência microablativa fracionada. Autores: Beatriz Dinau Göbel Coelho, Isabel Cristina Chulvis do Val Guimarães, Renata do Val Guimarães, Luciana Pantaleão, Susana Cristina Aidé Viviani Fialho, Caroline Alves de Oliveira Martins, Luis Guillermo Coca Velarde, Matheus Madureira Fernandes Palavras-chaves:
líquen escleroso vulvar
, doenças da vulva
, tratamento por radiofrequência pulsada
Resumo
Avaliação da melhora clínica e histopatológica do líquen escleroso vulvar em mulheres tratadas com corticosteróide tópico associado à radiofrequência microablativa fracionada.
INTRODUÇÃO: O líquen escleroso (LE) é uma doença cutânea crônica, inflamatória, com tropismo pela região vulvar e perianal, causando prurido intenso e manchas hipocrômicas, com risco de evolução para carcinoma. O tratamento padrão utiliza corticoides tópicos de alta potência de modo contínuo. Entretanto, a radiofrequência microablativa fracionada (RFFMA) tem surgido como opção terapêutica, por melhorar o trofismo epitelial. ;
OBJETIVO: Avaliar a melhora clínica e histopatológica do líquen escleroso em mulheres tratadas com corticoesteróide tópico associado à RFFMA. ;
MÉTODOS: Ensaio clínico randomizado, duplo-cego, placebo controlado realizado no Ambulatório de Patologia Vulvar do Hospital Universitário Antônio Pedro (HUAP), em 41 mulheres (23 do grupo intervenção e 18 do controle) selecionadas e randomizadas por amostra de conveniência, diagnosticadas com LE e em uso regular de corticoide. Aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa do HUAP em 12/11/2021, n° 5.103.995. No grupo intervenção, foram aplicadas três sessões mensais de RFFMA. No controle, houve a simulação do procedimento. Em ambos os grupos, foi coletada uma biópsia um mês após a última sessão. Variáveis analisadas: presença e intensidade dos sinais e sintomas; características histológicas; grau de satisfação com a aparência da vulva e com o procedimento; grau de tolerabilidade, efeitos colaterais e de dificuldade na execução do procedimento. Análise estatística realizada pelos testes exatos de Fisher e Mann-Whitney, com significância estatística p<0,05. ;
RESULTADOS: Antes da intervenção, 28 (68,30%) mulheres apresentavam prurido, 15 (65,21%) do grupo intervenção e 13 (72,22%) do controle. Após a realização do procedimento, o prurido foi identificado em 8 (34,78%) mulheres do grupo intervenção e em 12 (66,66%) do controle (p <0,05). A média da intensidade do prurido antes do procedimento foi considerada severa em ambos os grupos (p=1). Entretanto, após a utilização da RFFMA, o prurido desapareceu ou se tornou muito suave no grupo intervenção (p <0,05). Os demais sintomas como ardência e dispareunia não tiveram melhora com a RFFMA (p=0,19 e 0,72, respectivamente). Antes da intervenção, a hipocromia leve estava presente em 7 mulheres (17,07%), sendo 4 do grupo intervenção e 3 do controle (16,67%); a moderada em 12 (52,17%) e 7 (38,89), respectivamente e a acentuada em 7 (30,43%) e 8 (44,44%), respectivamente. Após o procedimento, o grupo intervenção apresentou melhora significativa da hipocromia (p=0,05), além da atrofia, xerose e liquenificação. Melhora histopatológica foi observada em 82,60% e 72,22% dos casos nos grupos intervenção e controle, respectivamente (p <0,4). ;
CONCLUSÕES: A adição da RFFMA no tratamento do LE produz resultados clínicos superiores aos observados no tratamento convencional, o que não foi observado em relação à histopatologia. Pode ser útil seu uso se associado ao tratamento padrão, porém sendo necessários mais estudos para respaldá-lo.
1757
Obstetrícia
AVALIAÇÃO DO PERFIL DAS ADOLESCENTES GRÁVIDAS NO MUNICÍPIO DE MIGUEL PEREIRA (RJ) Autores: Luana Gomes Dias Pimentel, Mariana Alves Riomayor Ferreira, Juliana Goulart Haddad, Mariana Fernandes Ibraim, Francyane Peixoto Ramos de Abreu, Alice Carvalho Lopes Tavares, Érica de Almeida Barboza, João Alfredo Seixas Palavras-chaves:
Gravidez
, Gravidez na Adolescência
, Gravidez não Planejada
Resumo
AVALIAÇÃO DO PERFIL DAS ADOLESCENTES GRÁVIDAS NO MUNICÍPIO DE MIGUEL PEREIRA (RJ)
INTRODUÇÃO: Embora os índices de gestação na adolescência estejam caindo globalmente nos últimos anos, o Brasil ainda está acima da média mundial. A gravidez na adolescência é um problema multifacetado, com múltiplos fatores envolvidos, como pobreza, falta de acesso a contraceptivos ou seu uso incorreto e informações inadequadas de saúde sexual e reprodutiva. A gravidez na adolescência é um dos desfechos mais desfavoráveis e geralmente não planejado da atividade sexual dos jovens, promovendo um alto índice de evasão escolar, com implicações a longo prazo para elas como indivíduos, sua família e sua comunidade. OBJETIVOS: Avaliar o perfil social de adolescentes gestantes no município de Miguel Pereira (RJ), incluindo nível de instrução, estado civil e adequação quanto às consultas do pré-natal conforme orientações do Ministério da Saúde. MÉTODOS: Foi realizada uma análise de dados disponíveis no Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde do Brasil (DATASUS). Avaliou-se o número de nascidos vivos no município de Miguel Pereira (RJ) entre os anos de 2016 e 2020, separados conforme a faixa etária de 10 a 14 anos e 15 a 19 anos. A amostra relacionou-se com as seguintes variáveis: nível de instrução, estado civil e adequação quanto às consultas de pré-natal previstas pelo Sistema Único de Saúde. RESULTADOS: Ocorreram um total de 1674 partos no município de Miguel Pereira no período analisado, desses 255(15,2%) foram de meninas entre 15 e 19 anos e 9(0,53%) de meninas entre 10 e 14 anos. Em relação à faixa etária de 10 a 14 anos, todas eram solteiras e foram instruídas entre 4 e 7 anos; 5(55%) tiveram uma adesão ao pré-natal mais que adequada, enquanto 2(22%) fizeram acompanhamento inadequado e 1(11%) intermediário. No que diz respeito às jovens de 15 a 19 anos, 234(91,7%) eram solteiras, 17(6,66%) casadas; 188(73,7%) foram instruídas entre 8 e 11 anos, enquanto, 7(2,75%) foram instruídas acima de 12 anos; 97(38%) das gestantes tiveram adesão ao pré natal mais que adequada, enquanto em 62(24,3%) foi inadequado. CONCLUSÃO: Segundo a OMS, a média nacional de nascimentos de mães adolescentes está em torno de 14%. Os nossos números são mais elevados, demonstrando a importância do planejamento de ações para sua diminuição. Com os dados coletados foram evidenciadas maiores taxas de gestação em adolescentes entre 15 e 19 anos, que possuem baixo grau de instrução, solteiras e que possuem boa aderência ao pré-natal em Miguel Pereira (RJ). Somente conhecendo a nossa realidade, podemos realizar políticas públicas para reversão desse quadro, lembrando que todos nós temos um papel a desempenhar para ajudar os jovens a se tornarem adultos mais seguros e saudáveis. Famílias, escolas e organizações comunitárias devem trabalhar em conjunto para abordar amplamente essa questão que coloca em risco a saúde dos adolescentes.
1860
Obstetrícia
AVALIAÇÃO DOS DESFECHOS FETAIS E NEONATAIS DE PACIENTE COM LÚPUS ERITEMATOSO SISTÊMICO QUE ENGRAVIDARAM EM USO DE MICOFENOLATO DE MOFETILA Autores: Maria Eduarda Araujo Machado da Rocha, Marcela Ignacchiti Lacerda, Flávia Cunha dos Santos, Guilherme Ribeiro Ramires de Jesus, Nilson Ramires de Jesus Palavras-chaves:
Micofenolato
, lúpus eritematoso sistêmic
, teratogenicidade
, mal formação fetal
, abortamento
Resumo
AVALIAÇÃO DOS DESFECHOS FETAIS E NEONATAIS DE PACIENTE COM LÚPUS ERITEMATOSO SISTÊMICO QUE ENGRAVIDARAM EM USO DE MICOFENOLATO DE MOFETILA
Introdução
O Lúpus Eritematoso Sistêmico (LES) acomete principalmente mulheres em idade reprodutiva e a nefrite lúpica (NL) é uma manifestação frequente, com aumento do risco de complicações.
O micofenolato de mofetil (MMF) é um agente imunossupressor e atualmente representa a primeira linha de tratamento na NL. Após a sua introdução em meados dos anos 90, surgiu o primeiro relato de caso de malformação congênita, associada ao uso materno.
Com isso estes imunossupressores passaram a ser proscritos nas pacientes que planejam engravidar.
Objetivo
Avaliação dos desfechos fetais e neonatais em pacientes com LES que engravidaram em vigência do uso de MMF, a partir de uma análise retrospectiva de prontuários.
Métodos
Foram avaliados todos os prontuários das pacientes com LES em busca daquelas que engravidaram em uso de MMF, no período de 2009 a 2020.
Resultados e Discussão
Segundo Ang et al, a presença de abortamentos ou malformações poderia ser dependente da dose de MMF e do tempo de uso da medicação. De acordo com Hoeltzenbein et al, existe um risco aumentado de malformações fetais em mulheres que fizeram uso de MMF por mais de 7 semanas de idade gestacional. Das gestações resultantes em abortamento, o tempo de uso do MMF foi de 4, 8 e 16 semanas e a dose de MMF foi de 1,5 g/dia. Na gestação em que o recém-nascido foi diagnosticado com malformações esqueléticas, o tempo de uso do MMF foi de 10 semanas e a dose era de 3 g/dia (maior dose prescrita).
Das 20 pacientes estudadas, 4 (20%) evoluíram com abortamentos espontâneos e, dentre as 16 pacientes que não abortaram, 1 recém-nascido apresentou malformações ao nascimento (6,25%), compatíveis com anomalias ósseas. De acordo com estudo realizado por Coscia et al, as anomalias ósseas estavam presentes em 23% dos fetos com embriopatias. Em um pequeno estudo prospectivo de 10 casos conduzido por Grossmann et al, com exposição ao MMF no 1º trimestre da gestação, nenhum dos neonatos nasceu com alguma malformação e 4 (40%) sofreram abortamento espontâneo, e o mesmo sugere que a taxa de embriopatias esteja, na verdade, entre 4 a 6%, o que se aproxima com os achados do nosso estudo. O artigo também sugere que seja possível que os fetos que sofreram abortamento espontâneo tivessem alguma malformação maior que não foi identificada. Outro fator que configura um viés que dificulta a real análise da interferência do MMF é o próprio fato do LES cursar com taxas aumentadas de abortamentos espontâneos, principalmente em casos de NL e atividade de doença.
Conclusões
A presença da nefrite lúpica é, por si só, um marcador de mau prognóstico materno-fetal. O uso de MMF parece aumentar o risco de abortamentos espontâneos e teratogenicidade associada ao seu uso durante a gestação. Verificamos que, das 20 pacientes estudadas, 4 (20%) evoluíram com abortamentos espontâneos e, dentre as 16 pacientes que não abortaram, 1 recém-nascido apresentou malformações ao nascimento (6,25%).
1769
Ginecologia
Azoopermia não obstrutiva (NOA) associada a infecção testicular por Trichomonas Vaginalis: A propósito de um caso. Autores: FRANCISCO AUGUSTO COLUCCI COELHO, Bernardo Puglia, Daniel G B Colucci Coelho, Gisele Pessanha Cunha, Lilian de Freitas Aguiar Palavras-chaves:
Trichomonas Vaginalis
, Infertilidade Masculina
, Azoospermia
Resumo
Azoopermia não obstrutiva (NOA) associada a infecção testicular por Trichomonas Vaginalis: A propósito de um caso.
O trichomonas vaginalis é a infecção sexualmente transmissíveis (IST) não viral mais prevalente no mundo. Todo o conhecimento sobre o Trichomonas vaginalis se fundamenta nas infecções no trato reprodutor feminino. A prevalência no homem é menos impactante principalmente pelo fato de ser assintomática contribuindo para que passe desapercebida. Há relatos do isolamento do protozoário na secreção uretral, urina sêmen e fluido prostático, entretanto são raros os relatos de infecção pelo Trichomonas vaginalis no epidídimo e próstata, e mais raro ainda no testículo. A infecção do aparelho reprodutor masculino pode se associar com a infertilidade por eventual comprometimento da qualidade seminal, comprometer a capacidade de fertilização dos espermatozóides e a própria espermatogênese. Relatamos um dos poucos casos associando a azoospermia não obstrutiva com a infeção testicular pelo protozoário em um paciente submetido a fertilização in vitro.
1805
Ginecologia
Buscas on-line sobre câncer de mama: Google Trends como ferramenta avaliadora da sazonalidade das pesquisas Autores: Letícia Araújo Gonçalves, Ana Beatriz de Mello Domingos, Bruno Menezes Teixeira Campos, Giovana Nogueira Sant'Ana Palavras-chaves:
Câncer de mama
, Conscientização
, Google
Resumo
Buscas on-line sobre câncer de mama: Google Trends como ferramenta avaliadora da sazonalidade das pesquisas
INTRODUÇÃO: A ferramenta Google Trends (GT), lançada em 2012, permite a obtenção de informações quanto às palavras-chave mais buscadas no Google, horário e localização. A consulta ao site atualmente é a principal e mais acessível fonte de conhecimentos gerais, com destaque para o alto volume de buscas por temas médicos e o impacto das pesquisas on-line na tomada de decisão do paciente, já observado em estudos prévios. Dentre os mais procurados está o câncer (CA) de mama, assim como seus sintomas, diagnóstico e tratamentos, os quais, através do GT, puderam ser avaliados quanto à recorrência e à sazonalidade na pesquisa. OBJETIVOS: Abordar a incidência de pesquisa no “GT” sobre CA de mama e relacionar com os motivos que levam a essa procura. FONTES DE DADOS: A National Library of Medicine (Pubmed) e a Scientific Eletronic Library Online (SciELO) foram consultadas em 20 de março de 2023 com os descritores “breast cancer” e “google trends”, utilizando o operador booleano “AND”. SELEÇÃO DE ESTUDOS: Foram incluídos 10 artigos publicados entre 2018 e 2023, disponíveis de forma gratuita. Artigos de revisão de literatura e que não se referiam ao tema delimitado foram excluídos. COLETA DE DADOS: Diante da leitura dos artigos encontrados após a pesquisa das palavras chaves, foram selecionados os artigos cujos temas se correlacionaram com o assunto principal. Resultados: Analisando os resultados obtidos, infere-se que a pesquisa por “CA de mama” no GT é alta e observa-se um padrão sazonal de maior interesse popular, visto que há um aumento significativo no mês de outubro, período mundialmente definido para conscientização acerca dessa doença, denominado Outubro Rosa. Um artigo notou que a pesquisa por “CA de mama” foi maior do que a procura por “CA de pulmão” e de “ CA de próstata”, apesar de também possuírem alta prevalência na população e campanhas em prol dessas doenças. Esse efeito é uma consequência da incidência do CA de mama ser maior em mulheres, que são mais propensas a medidas preventivas do que os homens. Foi observado que os anúncios espontâneos de celebridades aumentaram o tráfego do Google relacionado a vários tipos de tumores, inclusive o CA de mama. Através de um estudo realizado durante a pandemia, identificou-se também que, apesar da redução no volume de buscas no GT por neoplasias, o padrão sazonal de aumento da pesquisa acerca de CA de mama em outubro se manteve nos Estados Unidos. Conclusão: Portanto, campanhas como Outubro Rosa são eficazes em mobilizar a população e facilitar o acesso a informações acerca do CA de mama através de várias mídias sociais, como a internet. Essa veiculação aumenta o interesse sobre o tema, algo refletido no aumento do volume de buscas no GT. Com isso, são implementados conhecimentos sobre o assunto, reproduzindo comportamentos que servem como eficaz estratégia de educação em saúde quanto à prevenção e rastreamento de várias doenças, inclusive o CA de mama.
1792
PTGIC (Patologia do trato genital inferior e colposcopia)
CÂNCER DE COLO DE ÚTERO EM PACIENTE JOVEM: RELATO DE CASO Autores: Maria Clara Serra Soeiro, Daisy Melo Ribeiro, Jussara Fresta de Moura, Ana Julia Rocha da Silva, Marcos Paulo Cardoso Marques, Bruna Obeica Vasconcellos., Jacqueline Assumção Silveira Montuori, Vanessa Rodrigues Apfel Palavras-chaves:
Câncer de colo
, colpocitopatologia
, paciente jovem
, neoplasia
Resumo
CÂNCER DE COLO DE ÚTERO EM PACIENTE JOVEM: RELATO DE CASO
INTRODUÇÃO:
O câncer de colo uterino é uma neoplasia frequente, sendo um problema de saúde pública. O método principal e amplamente utilizado para rastreamento é o exame citopatológico do colo do útero. A relação causal da infecção pelo papiloma vírus humano (HPV) com o desenvolvimento do carcinoma cervical é bem estabelecida, estando presente em 99% dos casos, associados a fatores de risco que aumentam a possibilidade de infecção. Segundo a Organização Mundial de Saúde, a incidência deste câncer aumenta em mulheres entre 30 e 39 anos e atinge seu pico na quinta ou sexta décadas de vida. Antes dos 25 anos prevalecem as infecções por HPV e as lesões de baixo grau, que regridem espontaneamente na maioria dos casos e, portanto, podem ser apenas acompanhadas conforme recomendações clínicas.
OBJETIVO
Relatar o caso de carcinoma de células escamosas em paciente abaixo dos 25 anos.
RELATO DE CASO
D.D.S, feminino, 23 anos, G3P3, sem comorbidades. HDA: sangramento transvaginal de grande volume associado à polaciúria, iniciado há 3 dias. Nega dor abdominal, disúria, estranguria. EXAME FÍSICO: Paciente em bom estado geral sem alteração dos sinais vitais, hipocorada (3+/4+). Exame especular: lesão que se exterioriza pelo orifício externo de consistência esponjosa e com sangramento ativo. Toque: palpo massa de limites mal definidos em colo uterino. BIÓPSIA: Carcinoma de células escamosas.
DISCUSSÃO
A colpocitopatologia oncótica é um exame altamente sensível, de baixo custo e fácil execução.
O diagnóstico precoce do câncer de colo de útero, onde há possibilidade de cura, se dá apenas, com a realização periódica da colpocitologia, sendo possível o diagnóstico na fase pré clínica. A priorização da faixa etária dos 25 aos 64 anos como população alvo do Programa justifica-se por ser a faixa de maior ocorrência das lesões de alto grau.
É importante destacar que a priorização de uma faixa etária não significa a impossibilidade da oferta do exame para mulheres fora desta faixa priorizada. Na prática assistencial uma anamnese bem realizada e o reconhecimento dos fatores de riscos envolvidos e do histórico assistencial da mulher são fundamentais para a indicação do exame de rastreamento.
Portanto, de acordo com a sintomatologia do caso, a presença de lesão vegetante e a multiparidade como fator de risco a conduta para elucidação diagnóstica foi a realização de biópsia, que identificou o carcinoma de células escamosas, se classificando como neoplasia epidermóide, o tipo histológico mais comum no câncer de colo uterino.
CONCLUSÃO
Conclui-se então que, deve haver uma investigação ativa e precoce de acordo com a sintomatologia e fatores de risco, no início da fase clínica, mesmo antes dos 25 anos.
1737
Ginecologia
CÂNCER DE MAMA EXOFÍTICO VOLUMOSO EM HOMEM: RELATO DE CASO Autores: Maria Eduarda Neves de Alencar, Raphael Pizzatto Raposo de Almeida Palavras-chaves:
câncer de mama
, masculino
, sarcoma pleomórfico indiferenciado
Resumo
CÂNCER DE MAMA EXOFÍTICO VOLUMOSO EM HOMEM: RELATO DE CASO
Introdução: O câncer de mama masculino é uma neoplasia rara que representa aproximadamente 1% de todos os casos de câncer de mama no mundo. No Brasil, possui maior incidência na faixa etária acima dos 60 anos, sendo mais frequente na região sul e sudeste. A origem, curso e resolução dessa enfermidade são similares em ambos os sexos. No entanto, por conta da raridade do quadro e consequente baixa suspeita clínica, homens tendem a ser diagnosticados em uma idade e estágio de doença mais avançados.
Relato de caso: Paciente masculino de 63 anos. Relata surgimento de nódulo em quadrante superior direito da mama esquerda em janeiro de 2021. Ex-tabagista, desconhece histórico familiar de câncer de mama ou de ovário. Nega cirurgias prévias. Ao exame físico é verificado nódulo de consistência endurecida, indolor, hiperemiado e não aderido a plano profundo. Em março realiza consulta com dermatologista e USG que qualifica tumor como coleção subcutânea compatível com abscesso. Realizada tentativa de excisão, porém durante o procedimento é identificado tecido altamente vascularizado e ausência de pus. O tumor apresenta crescimento progressivo, e em agosto evolui para lesão vegetante e sangrante. Paciente procura emergência de hospital federal do Rio de Janeiro em Novembro de 2021 por sangramento ativo proveniente de tumor exofítico, de aproximadamente 10 cm. Paciente é internado para cirurgia. Exame laboratorial pré-cirúrgico revela hemoglobina igual a 6,9 mg/dL, e são administrados 2 concentrados de hemácias. Realiza segmentectomia com retirada total da lesão, e material é enviado para análise histopatológica. Em dezembro de 2021 realiza-se consulta de revisão do pós operatório, e paciente apresenta bom processo de cicatrização. Verifica-se laudo histopatológico de neoplasia maligna pouco diferenciada, de padrão fusiforme com proliferação vascular evidente, e o material é encaminhado para estudo imunohistoquímico. Os achados morfológicos no laudo imunohistoquímico são compatíveis com diagnóstico de sarcoma indiferenciado/pleomórfico. O paciente é encaminhado à Oncologia do mesmo hospital para tratamento adjuvante.
Comentários: O caso apresentou um grande desafio diagnóstico, considerando que o câncer de mama masculino é uma patologia rara. Homens tendem a apresentar menor procura, adesão e continuidade pelos serviços de saúde. Dessa forma, o entendimento comum do câncer de mama como uma doença feminina contribui para o afastamento dos pacientes masculinos portadores dessa condição dos centros de saúde capazes de realizar o diagnóstico precocemente. Ainda assim, foi possível realizar cirurgia conservadora com sucesso.
1749
Ginecologia
Carcinossarcoma uterino: relato de caso Autores: Rafaela Rebollal Brigatto Medeiros, Luiza Dias Nogueira da Rocha, Guilene Vieira Gomes Palavras-chaves:
câncer ginecológico
, câncer de útero
, carcinossarcoma
Resumo
Carcinossarcoma uterino: relato de caso
Introdução: O carcinossarcoma é uma neoplasia endometrial rara e agressiva. O presente trabalho descreve um caso clínico típico (paciente com diversos fatores de risco, diagnóstico já em estadiamento avançado e prognóstico ruim). O objetivo do trabalho é trazer destaque para essa condição que não é frequente e que pode apresentar desfecho drástico, além de discutir fatores prognósticos e opções de tratamentos.
Relato do caso: paciente feminina de 69 anos, com quadro de sangramento pós menopausa e suspeita de câncer de colo uterino, por apresentar ao exame clínico lesão vegetante se exteriorizando pelo colo uterino. Exames de imagem evidenciavam útero de dimensões aumentadas e cavidade uterina volumosa e heterogênea. Biópsia da lesão do colo uterino revelou o diagnóstico histopatológico e imuno-histoquímico de carcinossarcoma. A paciente foi submetida a cirurgia para estadiamento, porém já apresentando comprometimento clínico importante devido à morosidade no diagnóstico e na terapêutica além da progressão acelerada da doença.
Comentários: o estágio inicial é o fator prognóstico mais importante e o tempo é decisivo. O pouco conhecimento dos profissionais sobre esse diagnóstico diferencial e a morosidade no início da terapêutica vão de encontro à progressão acelerada da doença. O estadiamento e o tratamento são primordialmente cirúrgicos, além das possibilidades de quimioterapia, radioterapia e braquiterapia adjuvantes, que podem melhorar a qualidade de vida mas ainda não apresentam benefícios bem estabelecidos quanto a aumento de sobrevida global. Trata-se de uma patologia rara, agressiva e de rápida evolução, com o diagnóstico feito comumente em estágios avançados. Por isso, os dados disponíveis são, em sua maioria, oriundos de pequenos estudos retrospectivos ou relatos de casos, não havendo consenso sobre a terapêutica e benefícios de tratamentos adjuvantes. No caso em questão, a história natural da doença associada a problemas estruturais do SUS levaram ao desfecho desfavorável.
1839
Obstetrícia
Cisto dermoide durante a gestação Autores: Jacqueline Assumção Silveira Montuori, Bruna Obeica Vasconcellos, Alberto Alves Borges, Marcos Paulo Cardoso Marques, Walter Palis Ventura, Luciana Furtado Osolins, Rachel Mendes Torrieri, Jorge Fonte de Rezende Filho Palavras-chaves:
teratoma
, gestação
, teratoma e gestação
, cisto dermoide
Resumo
Cisto dermoide durante a gestação
Contexto
Durante o primeiro trimestre de gestação os cistos simples são os mais encontrados, sem que haja grandes mudanças significativas no seu tamanho ao longo da gravidez. Após 16 semanas, os cistos mais comumente encontrados são os cistos dermóides, que também podem ser chamados de teratomas, e constituem aproximadamente 50% dos cistos benignos durante a gestação. Estes podem complicar com torção de pedículo, a mais comum, ou com evolução para a malignidade ovariana. Com a melhora da técnica e da oferta do exame de ultrassonografia (USG), vem sendo possível um melhor acompanhamento de massas anexiais na gestação. Sabe-se que em sua maioria tem resolução espontânea quando são funcionais ou podem persistir sendo benignos ou até mesmo malignos.
Relato de caso
A.B.G.S.S., 35 anos, G4P3CA0, estava sendo acompanhada na ginecologia em unidade básica para colocação de DIU, quando em exames solicitados foi evidenciado imagem cística em anexo esquerdo sugestiva de teratoma 6,4/6,8 cm. Realizou pré-operatório para a retirada do mesmo e descobriu, então, a gravidez. Iniciou o pré-natal e durante o atendimento a paciente relatou dor em fossa ilíaca esquerda, quando foi evidenciado um aumento significativo do teratoma para 11/10 cm em ovário esquerdo. Entrou em trabalho de parto inicial, sendo internada e, depois da avaliação de exames, optado pela via alta e excisão do teratoma. Procedimento sem intercorrências; peça enviada ao histopatológico. Paciente evoluiu no puerpério imediato fisiológico. Retornou à unidade básica para revisão puerperal e contracepção.
Comentários
Em razão de possíveis complicações, não há um consenso sobre a conduta certa a seguir, de modo que se torna um tema questionável entre os obstetras. Muitos autores são a favor da cirurgia eletiva durante a gestação, a fim de impedir um procedimento cirúrgico de urgência. Já outros profissionais sugerem a cistectomia intraparto como um momento apropriado. Porém, outros autores relatam os possíveis riscos de uma cirurgia eletiva realizada durante uma gestação, que podem gerar consequências tanto maternas quanto fetais. Portanto, como existe uma grande discussão entre riscos e benefícios, cada caso deve ser analisado com um tratamento personalizado considerando as circunstâncias clínicas da paciente.
1770
Ginecologia
CISTO OVARIANO GIGANTE EM ADOLESCENTE: RELATO DE CASO E REVISÃO BIBLIOGRÁFICA Autores: Emanuelle Fick Bohm, Clarissa Lisbôa Arla da Rocha Palavras-chaves:
cistos ovarianos
, adolescente
, massa anexial
, gigante
Resumo
CISTO OVARIANO GIGANTE EM ADOLESCENTE: RELATO DE CASO E REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
Introdução: Os anexos são estruturas adjacentes ao útero formadas pelos ovários e tubas uterinas. Os ovários se sustentam lateralmente ao útero pelo ligamento útero-ovárico, coberto pelo mesovário, que é um dos três componentes do ligamento largo e conectado a parede pélvica pelo ligamento infundibulopélvico, que é também conhecido como ligamento suspensor do ovário. Devido a ovulação, um saco cheio de líquido (cisto) pode se formar em um ou nos dois ovários. Estima-se que pelo menos 20% das mulheres desenvolvem pelo menos uma massa pélvica ao longo da vida. Em mulheres na menacme, a grande maioria dos cistos ovarianos são funcionais, benignos, e não requerem intervenção cirúrgica. No entanto, cistos de grandes volumes, associados à dor pélvica, podem levar a complicações como hemorragia, torção e até mesmo ruptura, que exigem intervenção imediata. Objetivo: Relatar o caso de uma paciente adolescente com cisto gigante de anexo esquerdo e revisar na literatura tal ocorrência. Material e métodos: As informações do caso foram obtidas a partir da revisão de prontuário, registro fotográfico, diagnóstico da paciente e revisão de literatura. Caso clínico: Paciente, sexo feminino, 16 anos, G0, 116kg, ß-HCG negativo, com lesão expansiva de provável topografia anexial, CA 125 negativo. Realizada laparotomia exploradora e ooforoplastia unilateral à esquerda. Anatomopatológico evidenciando cisto gigante de anexo esquerdo pesando 18 kg e cápsula de tecido ovariano, restante com folículo cístico. Tuba sem particularidades. Discussão: Massas anexiais são comuns em mulheres em idade reprodutiva e são divididas em funcionais e patológicas. Dos cistos funcionais, incluem-se os cistos foliculares e os cistos lúteos. Dos patológicos, são considerados os tumores ovarianos- que podem ser benignos, malignos ou borderline. Os tumores benignos são mais frequentes em mulheres jovens, enquanto os malignos em mulheres mais velhas. Quando malignos, os mais comuns em adolescentes incluem tumores de células germinativas, seguidos por tumores de células epiteliais. Análises patológicas de um estudo retrospectivo com 106 jovens revelaram a característica e a incidência dos cistos, sendo eles: 30,2% cisto dermóide, 28,3% cisto simples e 14,2% endometrioma. Outro estudo com 335 pacientes entre 25-40 anos, mostrou prevalência de cistos ovariano em 6.6%, e revelou que os ovários direitos foram o sítio mais acometido representando 63.1% dos casos, nos quais apenas 18.9% eram bilaterais. O diagnóstico geralmente é causal, por meio da ultrassonografia ou toque bimanual. Grande parte dos cistos são assintomáticos e desaparecem espontaneamente. Contudo, cistos maiores podem causar dor pélvica, dismenorreia e dispareunia. O principal diagnóstico diferencial de massa anexial são gravidez ectópica e abscessos tubo-ovarianos. O manejo é determinado pelas características da lesão, idade da paciente e risco de malignidade, e sempre que possível, deve-se priorizar a fertilidade da paciente.
1726
Obstetrícia
Depressão na gestação e aderência às recomendações terapêuticas e às orientações de profissionais de saúde no Brasil Autores: Maira Gonçalves de Oliveira Lucas, Thalys Gabriel Rabelo Silva Giordani, Maria Isabel do Nascimento Palavras-chaves:
Transtorno depressivo
, Gravidez
, Adesão à medicação.
, Cooperação e adesão ao tratamento.
Resumo
Depressão na gestação e aderência às recomendações terapêuticas e às orientações de profissionais de saúde no Brasil
Introdução: A depressão na gestação se refere à doença que ocorre durante o período gestacional e/ou no pós-parto. Trata-se de condição associada a um aumento de desfechos clínicos e obstétricos desfavoráveis, com o comprometimento das relações afetivas entre a mãe, seu bebê e familiares. Objetivos: Descrever a aderência às abordagens terapêuticas e às orientações de profissionais de saúde, observada entre gestantes com história prévia de depressão no Brasil. Métodos: Estudo descritivo que analisou dados coletados pela Pesquisa Nacional de Saúde -2019 (PNS–2019) coordenada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. O subconjunto de mulheres de 18 a 49 anos que estavam grávidas, na época da coleta de dados da PNS-2019 (agosto a dezembro de 2019), foi selecionado para compor a população de estudo. Os microdados relativos às variáveis pertencentes ao módulo Q (doenças crônicas) do questionário da PNS–2019 foram usados para avaliar à saúde mental da gestante. Foram calculadas frequências absolutas e relativas. Resultados: O diagnóstico prévio de depressão foi estimado em mais de 6% das gestantes (84.570/1.402.399). Dentre as gestantes com histórico de depressão (n=84.570), quase 90% (75.132/84.570) responderam já ter recebido prescrição médica para tratamento de depressão, mas, apesar disso, nas duas semanas anteriores à entrevista, cerca de 70% (59.657/84.570) não fez uso destes medicamentos. Em relação à frequência em um serviço de saúde ou consulta médica devido a depressão, quase 40% (33.639/84570) das mulheres responderam que nunca frequentam o serviço. No grupo que não frequenta serviço de saúde, 15.565 deixaram de frequentar por motivos diversos, 645 por não terem ânimo e 3.694 por dificuldades financeiras. Quase 40% (32.883/84570) das mulheres gestantes referiram ter recebido atendimento médico por causa da depressão nos últimos 6 meses. O encaminhamento para profissional de saúde mental foi indicado para 24.733 gestantes. Dentre as mulheres que receberam encaminhamento, quase 20% não conseguiram ir às consultas com o especialista, e quase 30% delas referiram que a depressão limitava seus afazeres domésticos e suas atividades habituais. Conclusões: O estudo mostrou que a prescrição de medicamentos é muito comum, mas o declínio do uso também é; os serviços de saúde não são visitados ou deixados para trás por motivos diversos; o atendimento especializado para tratar depressão ocorre em tempo muito próximo ou no curso da atual gestação; apesar de haver encaminhamento para profissionais especializados, a consulta é acessada apenas por parte das mulheres que precisam. Tendo em mente as transformações psicossociais que necessitam ser incorporadas pela mulher durante a gestação e as barreiras que dificultam a aderência aos cuidados de saúde mental é mister incluir o tema na agenda de saúde, criando alternativas para enfrentar os motivos que obrigam grande parte das mulheres a renunciar ao tratamento desse importante problema de saúde.
1765
PTGIC (Patologia do trato genital inferior e colposcopia)
DERMATOFIBROMA VULVAR: RELATO DE CASO Autores: ANA LAURA RIBAS BRAGA BETTEGA, BRYAN ALEXANDER CUERVO, MARIO FERNANDO DAVILA OBANDO, JULIO DA SILVA ALMEIDA, DANIELA CARDEÑO CHAMORRO, TATIANNE ROSA DOS SANTOS, CHRISTIAN MONTERO VERA, SÍLVIO SILVA FERNANDES Palavras-chaves:
dermatofibroma
, leiomioma
, imunohistoquímica
, vulva
, vagina
Resumo
DERMATOFIBROMA VULVAR: RELATO DE CASO
INTRODUÇÃO: Os tumores vulvares representam apenas 4% de todas as neoplasias ginecológicas e são o 4° em frequência depois dos tumores do colo do útero, útero e ovário. 98% de todos os tumores vulvares são benignos e apenas 2% são malignos, porém fazer o correto diagnóstico nem sempre é fácil devido às similaridades patológicas. Este relato de dermatofibroma vulvar pretende contribuir para a identificação e tratamento de possíveis novos casos.
RELATO DE CASO: A.S.D.S, mulher de 88 anos, procurou ambulatório com queixa de lesão e prurido na região vulvar há aproximadamente um ano. Relata aumento progressivo da lesão e piora do prurido, mas nega qualquer secreção, dor local e outros sinais ou sintomas que afetem o estado de saúde. Ao ser questionada, a paciente descreve a lesão como não sendo uma massa nem um nódulo. Seu histórico ginecológico e obstétrico aponta menopausa aos 52 anos, e aos 53 anos realização de histerectomia total abdominal e salpingooforectomia bilateral por sangramento uterino anormal, mas não sabe dizer o diagnóstico exato. Não apresenta alterações nos últimos exames, preventivo e mamografia, realizados aos 65 anos. Ao exame físico foi verificada a presença de lesão em placa na região esquerda da vulva, no terço superior e médio, com cerca de 6x3cm, acinzentada, eritematosa, descamativa na periferia e bordas irregulares. Não apresentava alterações no canal vaginal e toque vaginal era indolor. Foi optado por se fazer biópsia excisional. Feita a ressecção da lesão com margens, a análise histopatológica da peça sugeriu o diagnóstico de leiomioma. Por sugestão do patologista, foi realizada imunohistoquímica, que diagnosticou a lesão como dermatofibroma.
COMENTÁRIOS: Como existem poucas técnicas utilizadas para diferenciar a natureza do tumor, a biópsia excisional parece ser o melhor procedimento atualmente empregado, além de ser o tratamento de escolha para tais tumores. No caso apresentado, a análise imunohistoquímica foi de grande valia para fechar o diagnóstico. Anticorpos como caldesmon, actina-alfa e desmina foram utilizados afim de verificar a existência de células musculares na amostra, revelando um resultado negativo. A possibilidade de estarmos diante de um melanoma também foi verificada utilizando o anticorpo proteína S100 (marcador de células de origem da crista neural, como os melanócitos), o que também foi descartado. A análise imunohistoquímica se revelou positiva apenas para o fator XIII.
1822
Ginecologia
Desafios do cuidado da saúde da mulher com neurofibromatose tipo I: Relato de caso Autores: Mylena Zuim Sanson, Anna Luisa Santos Berriel, Mariana Letícia de Bastos Maximiano, Roberto da Silva Rocha, Rocio Fernandez Santos Viniegra Palavras-chaves:
Neurofibromatose
, Climatério
, Multidisciplinar
Resumo
Desafios do cuidado da saúde da mulher com neurofibromatose tipo I: Relato de caso
Introdução: Neurofibromatose (NF) é um grupo de doenças raras, de herança autossômica dominante, com fenótipos diversos. O subtipo 1 (NF1) é o mais comum, com prevalência de cerca de 1:3000 indivíduos e igual acometimento entre os sexos. A NF1 cursa com comprometimento sistêmico, podendo ter repercussão cutânea, cardiovascular, endócrina, neurológica e ginecológica. Entre as principais manifestações clínicas, tem-se: manchas café com leite, efélides axilares ou inguinais, nódulos hamartosos e neurofibromas, além da possibilidade de tumores malignos. A NF1 pode trazer implicações psicossociais, principalmente considerando as manifestações cutâneas e os estigmas relacionados. Por sua complexidade, torna-se imprescindível o acompanhamento multidisciplinar do paciente com NF. Assim, o presente trabalho busca abordar os desafios do cuidado à saúde da mulher com neurofibromatose, a partir de um relato de caso encontrado em um hospital universitário. Relato do caso: Paciente feminina, 55 anos, diagnosticada com NF1 aos 14 anos. Apresenta manchas café com leite, múltiplos neurofibromas e nódulos de Lisch. Acompanhada no serviço de Ginecologia desde 2018, quando foi evidenciada imagem compatível com miomatose transmural com componente submucoso na parede posterior do útero ao ultrassom transvaginal. Em 2019, foi submetida à cirurgia de ressecção de neurofibroma em vulva. Refere queixas típicas do período climatérico, como irregularidades no ciclo menstrual, fogachos, insônia e alterações de humor e sono, sendo prescrito venlafaxina, com controle parcial dos sintomas. A paciente relata intenso constrangimento ao exame físico, principalmente ginecológico. Além disso, apresenta lombalgia intensa por doença degenerativa discal, em acompanhamento com a Neurocirurgia, em uso de pregabalina e gabapentina. Acompanha, ainda, os serviços de Urologia, por incontinência urinária de urgência, e de Dermatologia, pela presença dos neurofibromas e quadro de dermatite seborreica. Comentários: A NF1 é uma doença estigmatizante com um importante impacto psicossocial à paciente. Os neurofibromas em região mamária e vulvar dificultam o exame físico e o rastreamento de importantes patologias que acometem a saúde da mulher. Além disso, há a impossibilidade do tratamento hormonal convencional para o climatério em vista do crescimento hormônio-dependente do neurofibroma. Cabe ressaltar também o cuidado multidisciplinar em diversas especialidades diante das comorbidades que acometem a paciente. Portanto, o caso evidencia a importância de uma boa comunicação entre os profissionais de saúde para atingir uma atenção resolutiva, empática e de forma integrada em uma paciente portadora de uma doença crônica rara e de difícil manejo clínico.
1759
Obstetrícia
DESFECHOS OBSTÉTRICOS E INTERCORRÊNCIAS CLÍNICAS EM GESTANTES COM ANEMIA FALCIFORME ACOMPANHADAS NO PRÉ NATAL DE UM HOSPITAL UNIVERSITÁRIO Autores: Caroline Rodrigues Cambeiro Gieler, Flavia Cunha dos Santos, Marcela Ignacchiti Lacerda Avila, Andréa Ribeiro Soares, Guilherme de Jesus, Nilson de Jesus Palavras-chaves:
Gravidez de Alto Risco
, Anemia Falciforme
, Assistência Pré-Natal
Resumo
DESFECHOS OBSTÉTRICOS E INTERCORRÊNCIAS CLÍNICAS EM GESTANTES COM ANEMIA FALCIFORME ACOMPANHADAS NO PRÉ NATAL DE UM HOSPITAL UNIVERSITÁRIO
Introdução: A anemia falciforme (AF) é uma doença hematológica que causa a deformidade estrutural da hemoglobina. O curso da doença na gestação é pouco previsível devido à alta variabilidade dos fenótipos clínicos da AF. Embora a maioria das gestações de mães com diagnóstico de anemia falciforme evoluam para nascimento de fetos saudáveis, tais gestações possuem risco aumentado de complicações materno-fetais, além de maior chance de descompensação da doença de base.
Objetivo: Avaliar os desfechos gestacionais em pacientes com doença falciforme (DF), analisando as potenciais variáveis associadas aos desfechos maternos assim como aos desfechos fetais e/ou neonatais.
Métodos: Realizado uma análise transversal e retrospectiva de dados através da revisão de prontuários físicos e eletrônicos. A população do estudo foram pacientes com diagnóstico de doença falciforme (DF) acompanhadas no ambulatório de pré-natal de um hospital universitário no período de 1994 e 2020 .
Resultados: Foram analisadas 34 gestações em 29 pacientes portadoras de doença falciforme. A idade das pacientes no momento do parto variou de 17 a 32 anos e cerca de metade das gestantes possuíam o diagnóstico da doença há menos de 5 anos. O número de consultas pré natal variou de 1 a 15 consultas. O diagnóstico da doença foi confirmado em 86% (25/29) das pacientes por meio de eletroforese de hemoglobina, sendo que a hemoglobinopatia subtipo SS foi a mais comum: 56% (14/25). Das 34 gestações analisadas, 4 terminaram em abortamentos espontâneos e 2 gestantes evoluíram para óbito. Cerca de um terço das gestantes (36,7%) apresentaram crise falcêmica durante a gestação e 46,7% tiveram a última crise pelo menos um ano antes da gestação estudada. Nove de trinta gestações (30%) desenvolveram pré-eclâmpsia, sendo que uma delas evoluiu para eclâmpsia. Vinte por cento dos recém-nascidos nasceram pequenos para idade gestacional e 36,7% foram prematuros. Quase metade das pacientes foram internadas devido a complicações da DF e 40% necessitaram receber hemotransfusões.
Conclusão: As pacientes portadoras de doença falciforme apresentam altas taxas de complicações obstétricas e intercorrências clínicas durante a gestação, podendo ocasionar maiores índices de morbidade e mortalidade. O acompanhamento pré-natal em unidade especializada por equipe multidisciplinar, incluindo obstetrícia em conjunto com o serviço de hematologia pode melhorar esses resultados.
1815
Obstetrícia
DESFECHOS OBSTÉTRICOS E NEONATAIS EM UMA COORTE DE GESTANTES VIVENDO COM HIV EM USO DE TERAPIA ANTIRRETROVIRAL COMBINADA PRÉ-CONCEPÇÃO Autores: Wallace Mendes da Silva, Jorge Fonte de Rezende Filho, Maria Isabel Gouvêa, Maria de Lourdes Benamor Teixeira, Carolina Carvalho Mocarzel, Patrícia Amorim da Silva, Camile Braga, Miriam C. W. Sant’Anna Palavras-chaves:
Gestantes Vivendo com HIV
, Terapia Antirretroviral
, Transmissão Materno-infantil
, Desfechos obstétricos
, Desfechos neonatais
Resumo
DESFECHOS OBSTÉTRICOS E NEONATAIS EM UMA COORTE DE GESTANTES VIVENDO COM HIV EM USO DE TERAPIA ANTIRRETROVIRAL COMBINADA PRÉ-CONCEPÇÃO
INTRODUÇÃO: Apesar de todos os avanços, a epidemia de HIV/Aids ainda é um grande problema de saúde pública em todo o mundo. A terapia antirretroviral combinada (cTARV) e a consequente supressão da carga viral na gestação é uma das principais medidas para a prevenção da transmissão materno-infantil do HIV. Tanto a infecção pelo HIV como a cTARV podem estar relacionadas a desfechos obstétricos e neonatais desfavoráveis.
OBJETIVOS: Avaliar os desfechos obstétricos e neonatais em uma coorte de gestantes vivendo com HIV (GVHIV) em uso de cTARV iniciada antes da concepção.
MÉTODOS: Estudo observacional, retrospectivo com análise de dados sociodemográficos, clínicos e obstétricos de uma coorte de gestantes vivendo com HIV, acompanhadas em um Centro de Referência para Prevenção da Transmissão Materno-Fetal do HIV. A associação entre as variáveis investigadas foi determinada por meio de modelos de regressão logística. O intervalo de confiança de 95% e o nível de significância estatística de 0,05 foram considerados para o estudo.
RESULTADOS: De 2015 a 2018, dentre as 1043 GVHIV da coorte, 367 pacientes preencheram os critérios de inclusão. A mediana de idade foi de 30 anos; a frequência de hipertensão arterial sistêmica (HAS) associada à gestação foi de 7,4% (6% de pré-eclâmpsia) e de diabetes mellitus (DM), 2,7%. A proporção de cesariana foi 61,6%, sendo 31,3% das cesarianas realizadas para a prevenção da transmissão materno-infantil do HIV. A frequência de complicações no puerpério foi de 2,9%, com a ocorrência de 2 óbitos maternos. Não houve nenhum caso de natimortalidade na população do estudo. A frequência de prematuridade, baixo peso ao nascer e pequeno para a idade gestacional foi 10,1%, 13,4% e 14,2%, respectivamente. A frequência de malformações congênitas na coorte foi de 5,5%. Não houve relato de transmissão materno-fetal do HIV no estudo. O diagnóstico de DM foi associado a uma maior chance de ocorrência de HAS na gestação (OR 6,72, IC95%: 1,72 - 26,32), enquanto a carga viral detectável no início da coorte foi associada a uma menor chance de hipertensão (OR 0,37, IC95%: 0,15 - 0,95). O diagnóstico de HAS foi associado a uma maior chance de ocorrência do desfecho neonatal composto (prematuridade, baixo peso ao nascer ou pequeno para a idade gestacional) (OR 3,55; IC 95%: 1,67 - 7,51) no modelo de regressão logística binomial multivariável.
CONCLUSÕES: A supressão viral ao final da gestação foi alcançada por uma grande proporção da população de gestantes do estudo (80,9%) e não houve relato de transmissão materno-infantil. Houve associação estatisticamente significativa do diagnóstico de hipertensão arterial com diabetes mellitus e carga viral detectável no início da coorte, assim como do desfecho neonatal composto com a ocorrência de hipertensão arterial na gestação.
1756
Obstetrícia
Diagnóstico antenatal cisto hepático congênito Autores: Eduardo Teixeira da Silva Ribeiro, Rafaela Motta Pereira, Guilherme Ribeiro Ramires de Jesus, Jose Paulo Pereira Junior Palavras-chaves:
Diagnóstico pré-natal
, Cisto hepático Congênito
, Tumor fetal
, Medicina fetal
Resumo
Diagnóstico antenatal cisto hepático congênito
INTRODUÇÃO
O cisto hepático congênito é uma condição rara e assintomática em lactentes e crianças.
Sua apresentação mais comum se faz através de um achado incidental em um US de rotina pré-natal.
A US mostra o cisto hepático congênito como uma imagem anecóico unilocular preenchido por líquido com reforço acústico posterior. As septações representam pontes de ductos e vasos biliares.
Os principais diagnósticos diferenciais incluem cisto de colédoco, cistos renais e cisto ovariano.
DESCRIÇÃO DO CASO
Paciente de 26 anos, IIIG IIP, encaminhada para serviço de medicina fetal com 23 semanas e 6 dias de IG, devido imagem sugestiva de cisto abdominal, no presente exame visualizado imagem cística septada, sem captação de fluxo ao Doppler colorido em topografia hepática, medindo 32 x 31 x 30 mm. Solicitado RM fetal que evidenciou formação cística septada no lobo direito medindo 31 x 34 x 28 mm, vesícula biliar ausente. Durante avaliação US seriada evidenciado crescimento progressivo da massa. No exame realizado com 41 semanas de gestação evidenciado cisto hepático septado medindo 69 x 34 x 46 mm, crescimento fetal normal, oligodramnia, Doppler AU normal. Paciente na ocasião submetida a indução do parto com prostaglandina, evoluindo com nascimento via vaginal de RN vivo, cefálico, feminino, APGAR 9/9, pesando 3110 g, não visualizadas malformações aparentes. No primeiro dia de vida realizou US abdome e TC de abdome com contraste que confirmaram achados de provável lesão primária cística hepática, medindo 85 x 58 x 38. Exames de função hepática normais.
Paciente avaliada pela cirurgia pediátrica e genética, coletado cariótipo fetal e programado seguimento ambulatorial.
DISCUSSÃO
O abordagem do cisto hepático congênito é conservadora com monitoramento periódico por ultrassom para garantir sua estabilidade, especialmente para cistos grandes (⩾4 cm de diâmetro).
A maioria dos cistos hepáticos simples é de natureza benigna e tem resolução espontânea.
Em uma pequena parcela, em especial lesões de grandes dimensões, podem complicar obstrução das vias biliares e apresentar potencial de malignidade.
1836
Ginecologia
DIANÓSTICO TARDIO POR RESSONANCIA MAGNÉTICA DE MALFORMAÇÃO DO SISTEMA UROGENITAL. RELATO DE CASO Autores: RODRIGO DIAS DA ROCHA, CAMILLA SENISE NUNES, MARINA NOGUEIRA TOLEDO, PALOMA BOLDRINI, TEREZA MARIA PEREIRA FONTES, ROBERTO LUIZ CARVALHOSA DOS SANTOS, KATIA ALVIM MENDONÇA, MANOEL MARQUES TORRES Palavras-chaves:
Anormalidades Urogenitais
, Dispareunia
, Malformações congênitas
, VagIna
Resumo
DIANÓSTICO TARDIO POR RESSONANCIA MAGNÉTICA DE MALFORMAÇÃO DO SISTEMA UROGENITAL. RELATO DE CASO
INTRODUÇÃO: A maioria das anomalias congênitas do trato genital feminino (ACTGF) afeta o útero. No entanto, o espectro de ACTGF é grande, abrangendo anomalias do colo do útero, vagina, introito vulvar e trompas de falópio, com ou sem malformações associadas do ovário, trato urinário, esqueleto e outros órgãos. Estas anomalias podem ser avaliadas de forma abrangente com ressonância magnética para auxiliar na caracterização da anomalia e avaliação de complicações associadas e para planejamento pré-operatório RELATO DO CASO: Paciente de 50 anos, feminina, Gesta I, Para I (parto cesáreo aos 18 anos de idade), menstruando regularmente desde os 13 anos de idade com fluxo sanguíneo normal com 3 dias de duração, procurou ambulatório do serviço de ginecologia com relato de surgimento de dor pélvica do tipo cólica há aproximadamente 1 ano no período pré e pós menstrual. Relata dispareunia profunda de longa data. Ao exame físico da primeira consulta observou-se presença de abaulamento cístico em parede lateral. O colo uterino planificado e útero de tamanho e mobilidades normais ao toque vaginal. Anexos não foram palpáveis A ultrassonografia transvaginal mostrou útero septado em AVF, medindo 6,6 x 36 x 47 cm, com 2 ecos endometriais medindo respectivamente 8,9 cm o esquerdo e 9,8 cm o direito eco endometrial não individualizado e ovários normais, medindo respectivamente o direito 2,7 x 2,3 cm e o esquerdo 6,0 x 4,2 mm contendo um cisto de 4,2 com sem fluxo ao doppler. Foi solicitada uma ressonância nuclear magnética da pelve que evidenciou útero septado parcialmente medindo 8,2X3,3x55. Os ligamentos uterossacros sem alterações. Vagina apresentando conteúdo hemático na sua porção superior e lateral esquerda, devendo-se considerar hemivagina obstruída. Em região para uterina esquerda presença de formação cística serpinginosa com conteúdo hemático. Considerar a possibilidade de ureter ectópico com implantação vaginal. Rim direito normal sem sinais de hidronefrose e rim esquerdo ausente. A paciente optou pela não abordagem cirúrgica em função da proximidade da menopausa. COMENTÁRIOS: O caso nos chama atenção pelo diagnóstico tardio desta malformação urogenital, provavelmente pelo fato do septo uterino não ser completo, permitindo um de escoamento do sangue menstrual do hemiútero esquerdo em direção a hemivagina direita, com acúmulo parcial na hemivagina esquerda. Diferente da síndrome de Herlyn-Werner-Wunderlich que é uma malformação urogenital caracterizada pela tríade de útero didelfo, hemivagina obstruída e agenesia renal ipsilateral cujo diagnóstico é feito na puberdade e requer uma intervenção cirúrgica imediata.
1823
Obstetrícia
Doença de Willis-Ekbom na gestação: como a Síndrome das Pernas Inquietas interfere na vida antes do parto Autores: Ana Beatriz de Mello Domingos, Letícia Araújo Gonçalves, Lara Oliveira Holak dos Santos, Larissa Alexsandra da Silva Neto Trajano Palavras-chaves:
Síndrome das Pernas Inquietas
, Gravidez
, Deficiências de Ferro
Resumo
Doença de Willis-Ekbom na gestação: como a Síndrome das Pernas Inquietas interfere na vida antes do parto
INTRODUÇÃO: Doença de Willis-Ekbom, ou Síndrome das Pernas Inquietas (SPI), é um distúrbio do movimento caracterizado por uma disestesia desagradável das pernas, que causa câimbra, formigamento, rigidez muscular e inquietação, comum no repouso e com melhora ao movimento. A SPI primária é comum e fortemente ligada à herança familiar. A SPI secundária está relacionada a doenças ou alterações fisiológicas, incluindo deficiência de ferro, uremia, polineuropatia, artrite reumatoide e, principalmente, a gravidez. A incidência de casos é maior no segundo e terceiro trimestres, com aumento do risco quando associado à anemia, alterações hormonais, história pessoal e/ou familiar. O diagnóstico deve atender a todos os seguintes critérios: (1) desejo de mover as extremidades, geralmente associado a desconforto definível; (2) evidência de inquietação motora; (3) piora dos sintomas em repouso, com alívio pelo menos temporário pela atividade; e (4) piora dos sintomas no final do dia ou à noite. OBJETIVO: O objetivo deste estudo foi avaliar os fatores relacionados ao desenvolvimento da SPI e o impacto na vida das gestantes. FONTES DE DADOS: As bases de dados Pubmed e SciELO foram consultadas em 09 de março de 2023 com os descritores “Pregnancy” e “Willis-Ekbom Syndrome”, utilizando o operador booleano “AND”. SELEÇÃO DE ESTUDOS: Foram incluídos artigos publicados entre 2018 a 2023 e cujo texto era completo e disponível de forma gratuita. Artigos de revisão de literatura e fora do tema delimitado foram excluídos. Após uso dos critérios mantiveram-se 11 artigos. COLETA DE DADOS: Foi realizada a leitura dos artigos selecionados e correlação dos pontos comuns sobre a SPI abordados nas referências. RESULTADOS: Analisando os resultados obtidos, evidencia-se alta incidência de SPI na gravidez que diferiu por raça/etnia, possivelmente por fatores como idade e dieta. No entanto, é alta a prevalência de SPI entre mulheres não grávidas, correlacionando aos casos de deficiência de ferro e vitamina D neste grupo. Anemia e histórico pessoal ou familiar também são preditores de desenvolvimento de SPI durante a gravidez. Embora pouco explorada, a fisiopatologia da SPI parece estar diretamente relacionada à deficiência de ferro e/ou ácido fólico. No Japão, estudos recentes demonstraram que, devido ao aumento de gestantes em uso de ácido fólico e/ou ferro, a prevalência de SPI durante a gravidez pode ter diminuído. A terapêutica inicial é preferencialmente não farmacológica, como exercícios de intensidade moderada, yoga e massagem, e uso de terapia farmacológica em casos de não ter êxito. Observou-se também que a SPI durante a gravidez pode afetar o parto e, possivelmente, o estado fetal, podendo estar associado ao trabalho de parto interrompido ou prolongado e/ou cesariana de emergência. CONCLUSÃO: Portanto, sabe-se que a SPI pode afetar adversamente o resultado da gravidez, sendo imprescindível a detecção precoce para melhora da qualidade de vida da gestante e parto seguro.
1811
Obstetrícia
DOENÇA RENAL CRÔNICA EM ESTÁGIO TERMINAL E GESTAÇÃO: RELATO DE CASO Autores: Giulia de Souza Bianco, Wallace Mendes da Silva, Nina Feital Montezzi, Isabella Vilhena Cerviño, Bianca de Avila Lima Palavras-chaves:
doença renal terminal
, gestação
, prematuridade
Resumo
DOENÇA RENAL CRÔNICA EM ESTÁGIO TERMINAL E GESTAÇÃO: RELATO DE CASO
INTRODUÇÃO: Doença renal crônica (DRC) durante a gestação não é muito frequente, pois as alterações metabólicas da DRC podem afetar a função reprodutiva. A concepção no contexto da DRC aumenta a chance de progressão da doença, pré-eclâmpsia (PE), de piora da hipertensão pré-gestacional, anemia, aumento do índice de cesariana e perda gestacional, além do risco de complicações fetais, tais como crescimento intrauterino restrito (CIUR), prematuridade e necessidade de internação em UTI neonatal.
RELATO DO CASO: Paciente 37 anos, solteira, parda, G5P1 (natimorto) A3 (precoces), portadora de DRC desde os 18 anos, em hemodiálise, hipertensão arterial sistêmica crônica (HAC), cardiopatia reumática com estenose mitral leve/moderada, iniciou o pré-natal no 1° trimestre e vinha em uso de metoprolol, diltiazem, hidralazina, clonidina, sulfato ferroso, eritropoietina, ácido fólico, AAS e enoxaparina. Internou com 13 semanas e 4 dias de gestação por descompensação da HAC e da anemia crônica, recebeu alta hospitalar após hemotransfusão e estabilização clínica. Reinternou com 18 semanas e 3 dias de gestação com sangramento vaginal intermitente e descontrole pressórico. Em avaliação ultrassonográfica, foi identificada imagem sugestiva de implantação marginal da placenta e a gestante sendo liberada para acompanhamento ambulatorial após estabilização da pressão arterial e interrupção do sangramento. Reinternou pela terceira vez com 24 semanas de gestação por perda vaginal de líquido escuro, em grande quantidade com o diagnóstico clínico de rotura prematura das membranas ovulares (RPMO), iniciou antibioticoterapia de latência, feito rastreio infeccioso, administração de betametasona para aceleração da maturidade fetal, além de orientação quanto à gravidade do quadro e risco de prematuridade. Permaneceu internada e com 25 semanas e 5 dias de gestação iniciou trabalho de parto espontâneo com evolução rápida para o período expulsivo dando à luz nativivo do sexo feminino por via vaginal, pesando 595g, APGAR 0/3/5. A recém-nascida foi acompanhada na UTI neonatal devido à prematuridade e suas complicações, recebendo alta após 6 meses. A paciente não apresentou complicações no puerpério e recebeu alta para seguimento ambulatorial.
COMENTÁRIOS: Trata-se de uma gestante com DRC terminal, história de quatro perdas gestacionais e que na quinta gestação foi acompanhada em um serviço especializado em alto risco inserido em um hospital geral com diversas especialidades médicas e equipe multidisciplinar. No contexto da gravidade do caso, a paciente conseguiu completar 25 semanas, dando à luz RN nativivo. O acompanhamento durante o pré-natal de casos de tal complexidade deve visar o controle clínico da doença de base, das comorbidades e dos fatores de risco para complicações (hipertensão arterial, anemia, proteinúria, cardiopatia, dislipidemia, diabetes), além do adequado monitoramento do bem-estar fetal a fim de reduzir a morbimortalidade materno-infantil associada a DRC.
1766
Ginecologia
Efetividade da telessaúde no acompanhamento de pacientes com diagnóstico de infertilidade: revisão sistematizada Autores: Thalita Cely Barbosa de Jesus, Ana Beatriz do Nascimento Barros, Beatriz Alves Dos Santos Motta Vianna, Lilliam Barbosa Sobrinho Palavras-chaves:
Infertilidade
, Telemedicina
, Telemedicina
Resumo
Efetividade da telessaúde no acompanhamento de pacientes com diagnóstico de infertilidade: revisão sistematizada
OBJETIVO: Avaliar se a telessaúde é mais efetiva do que os métodos tradicionais na assistência a pacientes com diagnóstico de infertilidade. FONTE DE DADOS: Em fevereiro de 2023, foi realizada uma revisão sistemática nas bases de dados Pubmed, Embase, BMC Center e Web Of Science, utilizando os descritores: "Infertility", "Telemedicine", "Pregnancy" e suas variações. O recente emprego da telessaúde e a especificidade do tema são importantes limitações, visto a escassez de obras sobre o assunto. SELEÇÃO DE ESTUDOS: Foram encontrados 110 artigos nas bases de dados, sendo estes alocados no website Rayyan, para a seleção dos estudos. 26 artigos consistiam em duplicatas e, assim, foram excluídos. Aos 84 artigos restantes foram aplicados os critérios de elegibilidade, que consistiam em ensaios clínicos randomizados publicados nos últimos 10 anos e que abordassem o uso de telessaúde no manejo de pacientes com diagnóstico de infertilidade. Com base na leitura de títulos e resumos, 69 obras foram consideradas não elegíveis, restando apenas 15 artigos que foram lidos na íntegra, sendo excluídos 9 por não atenderem aos critérios de inclusão propostos. SELEÇÃO DE ESTUDOS: Os dados dos 6 estudos selecionados foram alocados pelas revisoras em planilhas do Google Sheets, consistindo em título, autor, objetivos, intervenção, número de participantes, grupo controle e resultados/desfechos. RESULTADOS: Os artigos selecionados, envolveram, ao todo, 4857 pacientes femininas com diagnósticos de infertilidade e que foram randomizadas entre grupos experimentais com tecnologias de telessaúde e grupos controle com métodos tradicionais. Em 4 dos estudos (4474 participantes), foi avaliado o uso de aplicativos digitais de estilo de vida para mulheres inférteis, e verificou-se em um dos trabalhos maiores taxas de gestação nos grupos de intervenção após 24 semanas de uso do aplicativo, bem como menores escores de risco relacionado à dieta e estilo de vida em todos eles. Dois estudos (383 participantes) avaliaram aplicativos digitais de suporte à fertilização in vitro (FIV), demonstrando que o uso dessas ferramentas não reduziu erros de medicação ou o envio de dúvidas por parte das pacientes. CONCLUSÕES: A efetividade das ferramentas de telessaúde em relação às práticas tradicionais pode ser atestada, a depender do método utilizado. Os resultados obtidos nesta revisão indicam que essas práticas podem ser muito úteis na mudança do estilo de vida e de nutrição de mulheres inférteis que buscam engravidar, uma vez que conseguem promover o suporte adequado a elas e viabilizar a gestação a longo prazo. Entretanto, deve-se fazer uso de uma plataforma simples e prática para acompanhamento apropriado do processo de FIV, visto que os estudos avaliados indicaram que essas ferramentas ainda não estão bem estabelecidas para este fim, e, um dos estudos teve maior perda de seguimento do grupo intervenção, o que foi atribuído ao fato de que este grupo utilizou a versão estendida do aplicativo.
1744
Ginecologia
ENDOMETRIOSE UMBILICAL: RELATO DE CASO Autores: Nathália Araújo Bernardes, Fernanda Carrocini Capelim, Maria Clara Magalhães, Maria Emília Rosa, Isabel Nunes, Amanda Trabachini Lotierzo, Carlos Eduardo Ferreira, Rafael Osaki Urzedo Palavras-chaves:
ENDOMETRIOSE
, DOR PÉLVICA
, DISMENORREIA
Resumo
ENDOMETRIOSE UMBILICAL: RELATO DE CASO
INTRODUÇÃO: A endometriose pode afetar vários órgãos, sendo a localização extrapélvica mais comum, a forma cutânea, que ainda assim é rara e pode ser classificada como primária ou secundária. As formas primárias são extremamente raras e podem se apresentar na região perianal, inguinal ou umbilical, sem nenhuma relação com cirurgias prévias. As formas secundárias, são mais comuns e surgem sobre cicatrizes cirúrgicas prévias. RELATO DO CASO: B.A.P.M.V, 31 anos, encaminhada ao ambulatório de ginecologia, devido dor forte em região umbilical associada a sangramento local durante período menstrual. Refere que ao iniciar uso de medroxiprogesterona apresentou melhora importante da dor e sangramento umbilical. Negava dispareunia. Negou qualquer cirurgia abdominal prévia. Paciente trazia Ressonância Magnética pélvica com traves de aspecto retrátil, retrocervicais e retrouterinas, com extensão para o fórnice vaginal posterior e para a parede anterior do reto, que podem corresponder a endometriose profunda, e formação nodular grosseira com conteúdo hemático ou hiper proteico de permeio e com área de realce ao meio de contraste, na região umbilical, sugestivas de foco endometriótico. Ultrassonografia Pélvica Transvaginal sem alterações e Ultrassonografia de parede abdominal apresentando imagem nodular hipoecóica na projeção da cicatriz umbilical medindo 0,9 cm em seu maior eixo, sem fluxo ao doppler, não podendo afastar a possibilidade de foco de endometriose na cicatriz umbilical. A paciente foi diagnosticada com endometriose umbilical e indicada a onfalectomia ampla para garantir a cura completa da doença. COMENTÁRIOS: Menos de 30% dos casos de endometriose cutânea surgem na ausência de cirurgia, como endometriose cutânea primária. O diagnóstico da endometriose de cicatriz umbilical é basicamente clínico com anamnese e exame físico. O diagnóstico definitivo é feito apenas pelo estudo histológico do nódulo após sua exérese. Essa é, portanto, uma afecção rara e deve ser considerada no diagnóstico diferencial em mulheres de idade fértil que apresentem lesão na cicatriz umbilical, mesmo que assintomática.
1835
Ginecologia
ENDOMETRIOSE VESICAL: UM RELATO DE CASO Autores: Brendha Ferrari Bremenkamp, Emanuela Sigiliano de Paiva, Larissa Rocha Barbosa Moraes, Thaíza Rocha Barbosa, Júlia Andrade Bicudo, Rogério Martins de Castro, Luciana Ximenes Bonani, Mayara Rodrigues Vieira Palavras-chaves:
Endometriose
, Dor Pélvica
, Infertilidade
Resumo
ENDOMETRIOSE VESICAL: UM RELATO DE CASO
INTRODUÇÃO: A endometriose é caracterizada pelo deslocamento de glândulas ou estroma endometrial para o exterior da cavidade uterina. Acredita-se que até 10% das mulheres em idade reprodutiva seja portadora dessa afecção e que esta possa estar relacionada à infertilidade sem causa aparente em até 50% dos casos. Algumas teorias foram delineadas no intuito de explicar a fisiopatologia da endometriose, sendo a principal, a menstruação retrógrada. Nesta, o tecido endometriótico reflui retrogradamente pelas trompas, em direção a cavidade pélvica, e se implanta na superfície peritoneal, e nos órgãos pélvicos e abdominais. É uma doença de difícil e tardio diagnóstico, muitas vezes devido à baixa acurácia no exame físico e nos exames de imagem. O amplo quadro clínico também dificulta do diagnóstico, podendo-se destacar sintomas de dismenorreia, dispareunia, infertilidade, disquezia, dor acíclica e disúria. O tratamento clínico objetiva eliminar o estímulo estrogênico. Porém, diante de piora do quadro clínico, progressão da doença, infertilidade, endometriomas maiores que 3 cm ou em situações especiais com comprometimento do diafragma pélvico ou intestino, opta-se pelo tratamento cirúrgico. A endometriose do trato urinário acomete aproximadamente 1% de todas as pacientes com endometriose. O tratamento depende diretamente do estágio da doença ao diagnóstico. Se há envolvimento vesical, a ressecção cirúrgica das lesões é o tratamento de escolha. RELATO DO CASO: No caso em questão, uma paciente de 40 anos de idade procura atendimento ginecológico com queixas inespecíficas de dor pélvica crônica, infecções de repetição no trato urinário inferior, dismenorreia intensa e disúria no período menstrual. Referia ainda que a disúria era solucionada ao fim do período de menstruação. À ressonância magnética pélvica, foi identificada lesão nodular heterogênea de 2 cm ocupando recesso vesicouterino, acometendo também istmo uterino e teto vesical. No teto vesical, a lesão era profunda, penetrando a camada muscular. A mesma foi encaminhada à cistoscopia com biópsia e posterior laparoscopia, com comprovação da hipótese diagnóstica de endometriose vesical. COMENTÁRIOS: Por se tratar de uma doença de difícil diagnóstico, o relato deste caso evidenciou a necessidade de um exame físico abrangente e estudo detalhado dos exames de imagem. Sendo assim, expande-se a chance de um diagnóstico preciso. No contexto da formação médica, o estudo permitiu ir além do auxílio médico prestado e proporcionou o contato com a sensibilidade necessária no cuidado com o outro, enfatizando a relação médico-paciente.
1793
PTGIC (Patologia do trato genital inferior e colposcopia)
ENSAIO CLÍNICO PARA AVALIAÇÃO DA MICROBIOTA VAGINAL ANTES E APÓS O TRATAMENTO DA SÍNDROME GENITOURINÁRIA DA MENOPAUSA COM FRAXX, EM COMPARAÇÃO COM TERAPIAS HORMONAIS Autores: Luiza Oliveira Ribeiro, Ana Ximena Zunino, Priscila de Almeida Torre, Susana Cristina Aidé Viviani Fialho, Isabel Cristina Chulvis do Val Guimarães, Caroline Alves de Oliveira Martins, Douglas Guedes Ferreira Palavras-chaves:
Menopausa
, Síndrome Genitourinária
, Estriol
Resumo
ENSAIO CLÍNICO PARA AVALIAÇÃO DA MICROBIOTA VAGINAL ANTES E APÓS O TRATAMENTO DA SÍNDROME GENITOURINÁRIA DA MENOPAUSA COM FRAXX, EM COMPARAÇÃO COM TERAPIAS HORMONAIS
Introdução: As mudanças fisiológicas ocorridas na mulher no período pós-menopausa podem ocasionar a Síndrome Genitourinária da Menopausa (SGM), caracterizada pela atrofia da mucosa vaginal, com ressecamento e adelgaçamento, causando sintomas como ardor, irritação e falta de lubrificação, além de sintomas urinários, como disúria, noctúria e incontinência urinária. Esta afecção decorre pelo hipoestrogenismo, que pode causar um desequilíbrio na microbiota vaginal, uma vez que a redução da produção de glicogênio afeta as populações de Lactobacillus spp., facilitando a ação de patógenos. Atualmente, a terapia hormonal representa o padrão-ouro para o tratamento desta síndrome, porém terapias alternativas, como o laser e a radiofrequência, estão sendo desenvolvidas na tentativa de aumentar a eficácia do tratamento, assim como torná-lo acessível para mulheres com contraindicação ao uso hormonal. Objetivos: Avaliar a eficácia do tratamento da SGM com aplicação de radiofrequência fracionada microablativa (FRAXX) frente à terapêutica hormonal com estriol tópico, em relação à microbiota vaginal. Métodos: Ensaio clínico piloto, duplo-cego, randomizado, placebo controlado. Foi realizada a análise da microbiota vaginal, antes e após a intervenção proposta, de 30 mulheres diagnosticadas com SGM, divididas aleatoriamente em dois grupos. Um deles foi submetido a três sessões de FRAXX em intervalos mensais, além de receber placebo de creme vaginal (F); enquanto o outro foi tratado com aplicação de estriol tópico por 21 dias, seguido pelo uso três vezes por semana até completar três meses, também recebendo pulso mensal placebo do FRAXX (E). Para avaliar as mudanças da microbiota vaginal foram coletados o conteúdo vaginal para citologia com coloração pelo Gram (análise das bactérias anaeróbicas), cultura para fungo, cultura para bactérias aeróbicas, além da pHmetria. Resultados: Após análise estatística, considerando um nível de significância de 0,05, observou-se que 60% das pacientes do grupo Estriol e 46% das pacientes do grupo FRAXX apresentaram redução do pH, indicando resultados positivos com ambos os tratamentos. Entretanto, duas pacientes do grupo tratado com FRAXX exibiram aumento do pH, enquanto no grupo Estriol todas as pacientes que mantiveram o pH inalterado permaneceram com este parâmetro dentro dos valores normais (menor que 5,5). O grupo Estriol também apresentou maior proporção de Candida após o tratamento. Em relação ao tipo de microbiota depois, a proporção de lactobacilos foi maior para o grupo FRAXX (66,7%), e a proporção de presença de outras bactérias, mas predomínio de lactobacilos, foi maior para o Estriol (46,6%). Os demais parâmetros analisados, como a contagem de células profundas e as características da microbiota, não demonstraram diferença entre os grupos. Conclusão: Houve melhora dos parâmetros analisados quanto à microbiota vaginal na intervenção com FRAXX, porém sem mostrar superioridade em relação ao uso do estriol tópico.
1745
Obstetrícia
GESTAÇÃO ECTÓPICA EM CICATRIZ DE CESÁREA: RELATO DE CASO Autores: Nathália Araújo Bernardes, Maria Emília Rosa, Amanda Trabachini Lotierzo, Isabel Nunes, Fernanda Carrocini Capelim, Wagner Vicensoto Palavras-chaves:
GRAVIDEZ ECTÓPICA
, GESTAÇÃO
, CESÁREA
Resumo
GESTAÇÃO ECTÓPICA EM CICATRIZ DE CESÁREA: RELATO DE CASO
INTRODUÇÃO: A taxa de incidência de gestações ectópicas é de 1 a 2% na população em geral, sendo a gestação ectópica em cicatriz de cesárea a apresentação mais rara e de elevada mortalidade. A real incidência é desconhecida em função dos poucos casos descritos em literatura, mas em artigos publicados recentemente estima-se que sua incidência seja 1:1800 a 1:2216 para cada gestação ectópica. Um fator de risco que vem aumentando significativamente o número de casos é a alta incidência de parto cesarianos na última década, somado a presença de aparelhos ultrassonográficos que auxiliam no diagnóstico mais preciso. RELATO DO CASO: G.G.S., 30 anos, G4PC1A2E1, encaminhada a emergência obstétrica com 6 semanas e 1 dia, devido a sangramento vaginal há 4 dias, hemodinamicamente estável. Ultrassonografia Obstétrica evidenciou gestação ectópica única, de implantação em cicatriz de cesárea prévia, de aproximadamente 6 semanas. Saco gestacional com paredes lisas e regulares, implantado em região ístmica, no local de histerotomia prévia. Em Ressonância Magnética de pelve, saco gestacional ectópico implantado na parede uterina corporal anterior lateralizada à direita da linha média, de localização miometrial na transição corpo- colo uterino, em projeção de cicatriz de histerotomia prévia. Após diagnóstico, com 7 semanas e 3 dias, paciente foi submetida a embolização das artérias uterinas bilaterais pela equipe da cirurgia vascular, seguida de injeção de metotrexate intraovular e sistêmico pela equipe da medicina fetal. Realizado novo exame de imagem no dia seguinte com detecção dos batimentos cardioembrionários rítmicos regulares. Devido presença de vitalidade embrionária, reprogramada nova injeção intraovular para a semana seguinte. Ao realizar Ultrassonografia obstétrica para controle antes de iniciar o segundo procedimento, não foi visualizado batimentos cardioembrionários. O procedimento foi então suspenso. Paciente teve alta hospitalar com orientações gerais e de retornos semanais para controle de BHCG (gonadotrofina coriônica humana), apresentando quedas progressivas dos valores até negativar. COMENTÁRIOS: A implantação de gestação na cicatriz de uma cesariana prévia constitui condição de potencial de risco de vida e é considerada a forma mais rara de gravidez ectópica. O diagnóstico precoce pode oferecer opções capazes de evitar a ruptura uterina e hemorragia e, portanto, reduzir mortalidade materna além de preservar a fertilidade da paciente.
1758
Obstetrícia
GESTAÇÃO EM PACIENTE HIV CONTROLADORA DE ELITE: UM RELATO DE CASO Autores: FILLIPE BRAUNEI BRUM GOMES, Gustavo Mourão Rodrigues, Regina Rocco, Andréia Luiz Montenegro da Costa, Mario Vicente Giordano, Renata Morato Santos Palavras-chaves:
Paciente HIV Positivo não Progre
, Gestação
, Amamentação
Resumo
GESTAÇÃO EM PACIENTE HIV CONTROLADORA DE ELITE: UM RELATO DE CASO
Introdução: Os pacientes HIV positivo têm, como progressão da doença, a elevação da carga viral (CV) e redução dos níveis séricos de linfócitos TCD4 (LTCD4) . Há necessidade de terapia antirretroviral (TARV) para impedir o avanço da doença e consequente evolução para Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (AIDS). Alguns pacientes, entretanto, por uma provável relação com alguns alelos do gene HLA, apresentam uma proteção inata, apresentando parâmetros laboratoriais normais, sem necessidade de iniciar a TARV; são os Controladores de Elite (CE). Em gestantes, há uma limitação nos estudos sobre o tema, que inclui o manejo nessas situações e a necessidade ou não de introduzir ou modificar uma TARV. Relato do Caso: Gestante, 34 anos, G3 P2 A0, na 24ª sem, atenida com HIV positivo controlado sem uso de TARV mantendo CV indetectável e contagem de LTCD4 normal há 10 anos. Parceiro HIV positivo. Optou-se por iniciar TARV por benefício clínico superando o risco. O primeiro parto vaginal foi há 14 anos, com amamentação até os 2 anos de idade; segundo parto vaginal há 8 anos (quando feito o diagnóstico de HIV), utilizou TARV durante a gestação e não amamentou. Realizado parto vaginal com 38 semanas e 2 dias, e teste rápido na admissão positivo para HIV e negativo para demais infecções, com as últimas três coletas de CV indetectáveis. Recém-nascido apgar 8/10, bolsa rota no ato com líquido amniótico claro, peso 3135g; clampeamento imediato do cordão umbilical, não apresentou necessidade de aspiração das vias aéreas superiores ou de manobras de reanimação. Neonato evoluiu sem intercorrências, com baixo risco de infecção pelo HIV e teve alta após 48 horas; todos os testes de triagem negativos. Comentários: Durante o pré-natal, foi levantada a possibilidade de manter a gestação sem uso de TARV devido ao dados laboratoriais, mas após expor os riscos e benefícios para a gestante, optou-se por iniciar o esquema padrão de medicamentos pela consideração de um eventual risco de descompensação no período gestacional, e a necessidade de estabilizar com maior segurança a CV. Apesar dos CE do HIV serem bem documentados na literatura, pouco é discutido acerca do não uso de TARV nesta população, mormente em gestantes, devido à boa eficácia farmacológica, reduzindo o risco de transmissão sexual, aliada a boa tolerabilidade do medicamento. Porém, a presença de uma resposta imunológica eficaz contra a infecção e, por vezes, interrompendo o curso clínico da doença, mantendo níveis elevados de LTCD4 e níveis indetectáveis de CV, pode sugerir a possibilidade de manter conduta expectante, com acompanhamento clínico-laboratorial, se adequando ao conceito de “Indetectável = Intransmissível” do Ministério de Saúde, permitindo uma gestação sem grandes intercorrências. O via de parto terá indicação obstétrica e há flexibilização quanto a amamentação, uma vez que CV indetectável em amostra sanguínea, provavelmente traz o resultado de CV indetectável em leite materno
1729
Obstetrícia
Gestação múltipla complicada por aloimunização Rh(D): uma série de casos Autores: Eduardo Teixeira da Silva Ribeiro, Fernando Maia Peixoto Filho, Maria Eduarda Furtado Fernandes Terra Palavras-chaves:
Gestação gemelar
, DHPN
, anemia fetal
, Aloimunização Rh(D)
Resumo
Gestação múltipla complicada por aloimunização Rh(D): uma série de casos
INTRODUÇÃO: A Doença Hemolítica Perinatal tem, provavelmente, sua primeira descrição em 1609 pela parteira Loyse Bourgeois, na França, ao relatar um parto gemelar de uma mãe que deu a luz a uma menina hidrópica, que morreu em poucas horas, após o nascimento e de seu irmão, que nasceu vivo, mas tornou-se intensamente amarelo e faleceu após alguns dias. Tal associação é extremamente incomum, estima-se que probabilidade desses dois eventos independentes ocorrerem juntos seja I: 16.000. Os trabalhos que se seguiram e os grandes avanços no acompanhamento de gestações complicadas por DHPN focaram em gestações únicas e a literatura dessa condição em gestações múltiplas é escassa.
OBJETIVO: Registrar e analisar as gestações múltiplas acometidas por DHPN acompanhados no ambulatório especializado no Instituto Fernandes Figueira, realizar o levantamento de artigos publicados na literatura sobre evolução de gestações gemelares complicadas por DHPN e elaborar hipóteses quanto o impacto da sobreposição dessas condições nos desfechos perinatais e na acurácia dos testes antenatais de conceptos expostos em uma mesma gestação.
MATERIAL E MÉTODOS: Foram selecionados 4 casos de doença hemolítica perinatal em recém-nascidos de gestação gemelar dicoriônica diamniótica acompanhados no IFF, no período compreendido entre 2006 e 2021, cujo pré-natal ocorreu no Instituto Fernandes Figueira. Dados da história materna, pré- natal, parto e recém-nascido foram levantados em prontuário e avaliados buscando analisar os resultados perinatais destes recém-nascidos.
RESULTADOS: A discrepância na gravidade da anemia fetal entre os gemelares esteve presente nos casos descritos, os mecanismos possivelmente implicados nesse processo são diversos e incluem a influência da incompatibilidade materno-fetal ABO na resposta secundária materna a antígenos eritrocitários fetais, as diferenças nos haplótipos do Rh e consequente diferença na expressão do antígeno D na superfície das hemácias fetais, as diferenças na permeabilidade placentária e do potencial cada feto responder à injuria promovida pelos aloanticorpos maternos. Pesquisas em andamento estudam a interferência de outras vias na atividade hemolítica dos aloanticorpos maternos contra Rh(D) possivelmente possam contribuir para o melhor entendimento dos diferentes graus de acometimento da doença em cada concepto.
CONCLUSÃO: As gestações gemelares apresentam risco aumentado para prematuridade, restrição de crescimento intrauterino e anomalias genéticas, por consequência acarretam um grande impacto na morbimortalidade neonatal. A Aloimunização Rh (D) associada aumenta ainda mais os riscos perinatais. A avaliação do risco de anemia fetal moderada-grave através de métodos não-invasivos e sua terapêutica são mais desafiadoras mas se mostram replicáveis. No entanto, são necessários mais estudos para avaliar se a acurácia do PSV-ACM é similar entre fetos únicos e gemelares.
INTRODUÇÃO: Gravidez abdominal refere-se a gravidez implantada na cavidade peritoneal, externamente à cavidade uterina e às trompas de falópio, sendo um tipo raro de gestação ectópica (1:10.000). Esse tipo de gestação progredindo para idade gestacional avançada, pode levar a desfechos maternos como hemorragia, abdome agudo e choque. RELATO DE CASO: L.S.F, feminina, 35 anos, negra, chega à emergência com quadro de dor abdominal progressiva há 4 meses, com intensidade maior nas últimas 5 horas, impossibilitando sua deambulação. Realizada TC de abdome, foi diagnosticada gestação ectópica abdominal (idade gestacional estimada de 26 semanas). A paciente foi transferida para outro serviço, sendo realizada USG e ressonância magnética, evidenciando feto em permeio ao mesentério, entre alças ileais e com placenta indissociável ao anexo direito, com indicação de laparotomia imediata. Após o diagnóstico e a explicitação dos riscos, a paciente desejava prosseguir com a gestação. Dessa forma, foram realizadas 2 doses e 1 resgate de corticoide (Betametasona) durante a internação, visando a maturidade de estruturas fetais e, consequentemente, tentativa de diminuição da morbimortalidade neonatal. Após 2 semanas, foi realizada a laparotomia com anexectomia direita pela implantação placentária, sem intercorrências. O recém-nascido faleceu 1 dia após o nascimento em unidade intensiva por complicações respiratórias decorrentes da prematuridade. COMENTÁRIOS: Foi observado nesse caso um subtipo raro de gravidez ectópica, com avançada idade gestacional e elevado risco de complicações pré e intra cirúrgicas materno-fetal por atraso no diagnóstico. Com isso, demonstra-se a importância deste tipo de evento, uma vez que a incidência de gestações ectópicas tem aumentado nas últimas duas décadas devido ao aumento dos casos de doenças inflamatórias pélvicas. Considerando a raridade dos casos de gravidezes abdominais, e suas potenciais complicações materno-fetais, somado aos fatores de riscos comuns, torna-se evidente a necessidade da discussão sobre diagnóstico e manejo terapêutico precoces, visando evitar-se desfechos maternos desfavoráveis.
1832
Obstetrícia
Gravidez ectópica ovariana mimetizando mola hidatiforme parcial. Autores: Juliana Gomes Poli, Samia Insaurriaga Jundi, Adriene de Lima Vicente Ferreira, Luciano Antonio Marcolino, Marcelo Burlá, Consuelo Lozoya, Antonio Camilo Leote Pacheco Pereira Leite, Antonio Braga Palavras-chaves:
Doença Trofoblástica Gestacional
, Gravidez Ovariana
, Gravidez Tubária
Introdução: Em muitos países, a prenhez ectópica é a principal causa de mortalidade materna no primeiro trimestre de gestação. Possui incidência de 1 a 2% de todas as gestações e pode ser classificada pelo sítio de implantação do blastocisto: tubária, cornual, ovariana, na cicatriz de cesariana ou na cavidade abdominal. Apresentamos relato de caso de rara gravidez ectópica de origem ovariana mimetizando mola hidatiforme parcial (MHP) (aprovação ética: 63209422.2.2.0000.5243). Relato de caso: JCS, 24 anos, IIIG IIP, é encaminhada ao centro de referência de doença trofoblástica gestacional (DTG) de um hospital quaternário em março/2022, proveniente de São Pedro da Aldeia, devido a suspeita de MHP. Traz ultrassonografia (USG) externa que identificou gestação tópica, com feto único, vivo, em adramnia, peso fetal estimado (PFE) de 780g, desviado superiormente no útero por massa com septos finos, padrão de flocos de neve, sugestiva de mola hidatiforme. A paciente referia dor abdominal e ao exame físico observou-se: fundo de útero na altura da cicatriz umbilical, com massa endurecida se estendendo até hipocôndrio esquerdo, com partes fetais palpáveis e batimentos fetais audíveis ao sonar. A paciente realizou nova USG no hospital quaternário que identificou gestação abdominal (GA), com feto único, vivo, PFE de 665g, biometria de 25/26 semanas, placenta em alças intestinais e oligodramnia. Realizou também ressonância magnética que confirmou diagnóstico de GA, placenta com aparente implantação mesentérica, em íntimo contato com fundo de útero. Após discussão entre equipe médica e paciente, foi realizado corticoterapia para maturação pulmonar fetal e, após 48 horas, ela foi submetida à laparotomia exploradora, com extração de feto vivo, em adramnia, com necessidade de reanimação ainda na sala de parto. Procedimento complicado por placenta implantada em fundo uterino e ovário direito, além de múltiplas aderências em omento, peritônio, cólon direito e tubas uterinas. Foi realizado lise das múltiplas aderência, ligadura tubária bilateral e apendicectomia tática. O histopatológico da placenta evidenciou gestação de origem ovariana. A paciente teve uma boa evolução pós-operatória recebendo alta após 48 horas do procedimento. O recém-nascido faleceu com 7 dias de vida devido a complicações de prematuridade extrema. Comentários: O diagnóstico ultrassonográfico de MHP pode ser difícil, principalmente fora dos centros de referência. Especialmente nos casos com feto vivo viável, é necessário parcimônia nas condutas ativas, devendo o caso ser revisto por equipe médica experiente. No caso apresentado, a paciente tinha moléstia ainda mais rara que a MHP, sendo a GA responsável por 1% de todos os casos de gravidez ectópica. A abordagem desses casos deve ser individualizada, compartilhando a tomada de decisão com a paciente.
1776
Obstetrícia
Gravidez na adolescência e sua relação com a via de parto em um município do Rio de Janeiro Autores: João Alfredo Seixas, Philippe Godefroy Costa de Souza, Ana Luiza Mota Lucindo de Carvalho, Juliana Dias Gondim Sanches, Filomena Aste Silveira Palavras-chaves:
gravidez na adolescência
, parto
, gravidez
Resumo
Gravidez na adolescência e sua relação com a via de parto em um município do Rio de Janeiro
Introdução: No Brasil, a gravidez na adolescência está relacionada com desigualdade étnica, cultural e socioeconômica, afetando principalmente mulheres das camadas sociais mais baixas. Tem conseqüências desfavoráveis sobre as suas perspectivas de estudo e trabalho, ou seja, de crescimento pessoal e profissional, sendo um ciclo vicioso que precisa de alguma maneira ser interrompido. Objetivo: O objetivo deste estudo foi conhecer o número e os tipos de parto em gestantes adolescentes em um município do interior do Rio de janeiro. Métodos: Foram coletados dados junto ao Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde (DATASUS), disponíveis na internet para o público em geral. Os autores analisaram os dados correspondentes aos partos de adolescentes na faixa etária de 10 a 14 anos e entre 15 a 19 anos, que ocorreram no município de Valença-RJ-Brasil, no período entre os anos de 2017 e 2021(último disponível para consulta). Resultados: No período estudado ocorreram no município de Valença - RJ 4.080 partos, dos quais 644 foram em adolescentes, correspondendo a 16,7 % do total de partos. Desses, 616 (15%) foram de meninas entre 15 a 19 anos e 28 (0,7%) de meninas entre 10 a 14 anos de idade. No decorrer dos anos, observou-se uma diminuição do número de partos nesta faixa etária, sendo que os números ocorridos no período de 2017-2021 correspondem a 155, 159, 125, 108 e 97 partos em cada ano, respectivamente. Com relação ao tipo de parto, 10 tiveram partos vaginais e 18 partos cesáreos, com idade entre 10-14 anos e entre as adolescentes com idade entre 15-19 anos, 327 foram partos vaginais e 289 partos cesáreos. No decorrer dos anos, a proporção de partos normais variou de 48% em 2017 para 82% em 2021. Conclusões: Os resultados apresentados permitem concluir que houve uma diminuição do número de partos entre adolescentes no município de Valença-RJ entre os anos de 2017 a 2021 e um aumento do número dos partos vaginais em relação à cesárea.. Esses números refletem o esforço realizado no município nos últimos anos em relação a gravidez na adolescência, com a realização de palestras, visitas as escolas e o preparo dos profissionais no atendimento das adolescentes, tanto a nível ambulatorial como hospitalar. É importante conhecer a magnitude do problema em cada região, a fim de que estratégias possam ser adotadas para minimizar as repercussões desfavoráveis da gravidez na adolescência.
1843
Ginecologia
HIDRADENITE SUPURATIVA SEVERA E LONGA DURAÇÃO. RELATO DE CASO Autores: CARLOS TADEU APARECIDO FERNANDES SILVEIRA, THAINÁ MACIEL FRAGA MONTOIRO, CAROLINE GRAÇA MOTA DAMASCENO, LIZ AZEREDO MALATESTA, TEREZA MARIA PEREIRA FONTES, ROBERTO LUIZ CARVALHOSA DOS SANTOS, KATIA ALVIM MENDONÇA, MANOEL MARQUES TORRES Palavras-chaves:
Hidradenite supurativa
, Glândulas apócrinas
, Virilha
Resumo
HIDRADENITE SUPURATIVA SEVERA E LONGA DURAÇÃO. RELATO DE CASO
INTRODUÇÃO: A hidradenite supurativa (HS), é uma doença crônica supurativa e cicatricial das glândulas apócrinas que ocorre principalmente nas axilas e virilhas de mulheres adolescentes e adultas jovens e na região do ânus em homens. A patogênese da HS resulta do funcionamento prejudicado da unidade pilosebácea apócrina. Isso leva à hiper queratinização, oclusão, dilatação e ruptura do folículo piloso, o que ativa uma resposta imune local e causa a formação de lesões inflamatórias. Esta oclusão do folículo somada a uma infecção bacteriana secundária evolui para abcessos que eventualmente se rompem. À medida que a doença se torna crônica aparecem úlceras, fístulas aumentam e se desenvolvem e fibrose e cicatrizes se tornam evidentes. A HS está associada a prevalência de múltiplas comorbidades, como obesidade, diabetes, artrites inflamatórias, acne, dentre outras. RELATO DO CASO: Paciente de 70 anos, nuligesta menopausa aos 51 anos, sem nenhuma comorbidade, procurou ambulatório do serviço de ginecologia por prolapso uterino total para realização de histerectomia total vaginal, a qual foi realizada. Ao exame físico da primeira consulta observou-se, além do prolapso uterino total, a presença de extensas cicatrizes retráteis e deformantes no sulco genitofemoral (virilha), mais acentuada à direita do que à esquerda, com saída de secreção exsudativa. A paciente relata que apresenta episódios infecciosos recorrentes desde a puberdade. Refere ter feitos vários tratamentos clínicos ao longo da vida e ter realizado um procedimento cirúrgico aos 35 anos que minimizou os episódios recorrentes na região afetada à esquerda. COMENTÁRIOS: O caso nos chamou atenção foi a gravidade das deformidades da pele nesta região provocada pelos episódios inflamatórios recorrentes, e pelo tempo de evolução da doença (mais de 50 anos de doença ativa). Esta doença é mais comum em adultas jovens com comorbidades e não em pacientes nesta faixa etária, sem comorbidades, como é o caso desta paciente. O que faz deste caso um caso singular.
1818
Obstetrícia
HIPERTRIGLICERIDEMIA GRAVE EM GESTANTE: UM RELATO DE CASO Autores: Polyana de Paula Mendes Machado, Gabrielle Soares Barreto Venâncio, Consuelo Chicralla Martins, Letícia de Almeida Velasco, Iara da Silva Ourofino, Gessylane Pinheiro Florido Peixoto Palavras-chaves:
Gravidez de alto risco
, Dislipidemia
, Hipertrigliceridemia
, Gestação
Resumo
HIPERTRIGLICERIDEMIA GRAVE EM GESTANTE: UM RELATO DE CASO
Introdução: A hipertrigliceridemia é o resultado do aumento das lipoproteínas responsáveis pelo transporte de triglicérides. Durante a gestação o metabolismo lipídico tende a sofrer muitas variações causadas por mecanismos hormonais a fim de propiciar um aporte nutricional adequado para o feto. Casos de hipertrigliceridemia na gestação são de difícil diagnóstico já que o perfil lipídico não faz parte da rotina de exames laboratoriais obstétricos, e, além disso, são raros, mas quando ocorrem comportam com grande possibilidade de desenvolver complicações, como pancreatite aguda, que coloca em risco a mãe e o feto. Relato de caso: Gestante, D.A.D.S, 33 anos, com idade gestacional de 31 semanas, relata histórico de hipercolesterolemia familiar, nega outras comorbidades, deu entrada na emergência obstétrica com dor em andar superior do abdome de forte intensidade, sendo encaminhada para Unidade de Terapia Intensiva (UTI). História obstétrica G2P1A0. Foi realizado um ultrassom obstétrico demonstrando oligodramnia moderada, ultrassom de abdômen total sugerindo hidronefrose bilateral. Colhido exames de sangue e logo após e equipe médica foi chamada ao laboratório de análises clínicas para avaliar aparência incomum do sangue centrifugado, o mesmo apresentava aspecto amanteigado. A partir desse achado foi solicitado perfil lipídico e enzimas pancreáticas tendo como resultado: colesterol 776 mg/dl, triglicerídeos 4.825 mg/dl, amilase 227 u/l, lipase 58,7 u/l .Devido a evolução desfavorável do caso, optou-se por iniciar corticoide para amadurecimento pulmonar do feto e então programar a cesariana. No ato cirúrgico identificou líquido livre em cavidade abdominal, sugerindo ascite gordurosa, o sangue tinha aspecto rosado e viscoso. O recém-nato nasceu vivo e foi encaminhado à Unidade de Terapia Intensiva Neonatal. Os níveis de triglicerídeos apresentaram queda após o parto chegando a 930mg/dl. Assim, após 15 dias de UTI e apresentar condições clínicas favoráveis, a paciente teve alta para a enfermaria e posteriormente alta hospitalar. Após 50 dias de internação hospitalar o pós-neonato evolui a óbito por prematuridade. Comentários: O perfil lipídico na gestação tende a mudar, e em alguns casos evoluem com aumento dos níveis séricos de forma acentuada levando a um maior risco de evoluir para pancreatite, uma vez que a hipertrigliceridemia na gestação é caso de difícil manejo, pois não há terapêutica eficiente disponível, já que as estatinas não são liberadas para uso na gestação.
1786
Ginecologia
HPV E VACINAÇÃO: RESULTADOS PRELIMINARES DO CONHECIMENTO DE ALUNOS DE MEDICINA DO RIO DE JANEIRO. Autores: Lara Paiva Magalhães, Laura Reis Dias de Oliveira, Giovanna Hissa Motta, Maria Julia Gregorio Calas, Eduarda de Carvalho Machado da Silva, Camila Chalhoub Silva Fortuna Jasmim Palavras-chaves:
HPV
, Vacina
, Câncer
, Colo de útero
Resumo
HPV E VACINAÇÃO: RESULTADOS PRELIMINARES DO CONHECIMENTO DE ALUNOS DE MEDICINA DO RIO DE JANEIRO.
INTRODUÇÃO: O câncer de colo de útero possui o maior potencial de prevenção e de cura dentre as outras neoplasias ginecológicas malignas pela disponibilidade de vacinação e do exame de rastreio, no sistema público e privado; porém representa o terceiro tipo de câncer feminino mais frequente no Brasil. Apesar da vacinação ter sido implementada em todo o território nacional, a cobertura na população alvo do país está abaixo do recomendado pela Organização Mundial da Saúde. Esta redução tem causa multifatorial e seu conhecimento é essencial para que possam ser construídas estratégias para aumentar os índices de vacinação, uma vez que isso impacta diretamente na saúde pública, reduzindo a incidência de novos casos de câncer. OBJETIVO: Avaliar o conhecimento dos alunos de graduação de medicina sobre o HPV, a imunização e suas repercussões. MÉTODOS: Estudo transversal com coleta de dados de acadêmicos de uma faculdade privada de medicina, no Rio de Janeiro. Dados pessoais (idade, período de graduação, sexo e gênero do aluno) e perguntas com temáticas sobre prevenção do câncer de colo uterino, complicações e acessibilidade da vacina compuseram o questionário, em formato digital, com respostas marcadas entre “sim”, "não" ou "não tenho certeza”. O projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Faculdade de Medicina Estácio de Sá (CEP 5.861.378). RESULTADOS PRELIMINARES: Foram 147 respostas; a maioria dos alunos entre 21 a 28 anos (63,5%), 17% do sexto período, 84,5% do sexo feminino e 94,6% cisgêneros; com 76% de taxa de acerto geral. Ao total, 99,3% dos estudantes recomendam a vacinação contra o HPV, mas nas perguntas quanto a prevenção apenas 70% de acertos. A questão com menos acertos (27%) foi sobre o uso da vacina em gestantes. DISCUSSÃO: No Brasil, uma das principais estratégias para a diminuição da incidência do câncer de colo de útero deve ser a vacinação contra o HPV. O presente trabalho busca identificar se os estudantes de medicina estão engajados em relação à prevenção do câncer de colo uterino através da vacinação, podendo disseminar informação para a população em geral. Mas é preciso melhorar o conhecimento na área de prevenção, que teve 70% de acertos neste estudo inicial. CONCLUSÃO: Os resultados iniciais apontam que 76% dos alunos responderam ao questionário de forma adequada; com alto índice de recomendação para a vacinação contra o HPV; porém aguardamos novos resultados com um maior número de respostas em diferentes estágios da graduação para avaliar a reprodutibilidade destes dados. Tanto os profissionais da saúde, quanto os estudantes têm papel fundamental na orientação da população em relação à importância da prevenção do câncer de colo uterino.
1799
Ginecologia
IDENTIFICAÇÃO IN SILICO DE DERIVADOS AZÓLICOS CANDIDATOS A INIBIDORES DA LANOSTEROL 14-α DESMETILASE (CYP51) COM POTENCIAL ANTIFÚNGICO Autores: Emanuela Heiderick Gouvêa, Paula Alvarez Abreu Palavras-chaves:
CYP51
, ANTIFÚNGICO
, CANDIDÍASE
Resumo
IDENTIFICAÇÃO IN SILICO DE DERIVADOS AZÓLICOS CANDIDATOS A INIBIDORES DA LANOSTEROL 14-α DESMETILASE (CYP51) COM POTENCIAL ANTIFÚNGICO
INTRODUÇÃO: A incidência de infecções fúngicas vem crescendo, significativamente, principalmente em pacientes imunodeprimidos. Os fármacos de primeira escolha para o tratamento são os derivados azólicos que inibem a enzima 14-alfa-desmetilase (CYP51). OBJETIVO: O objetivo deste estudo foi identificar novos derivados azólicos, inibidores da CYP51, com potencial antifúngico. METODOLOGIA: Na primeira estratégia do estudo, os modelos farmacofóricos foram construídos com base no itraconazol ligados a CYP51 de C. albicans e C. glabrata no servidor Pharmit explorando a biblioteca ZincPurchasable. Posteriormente, foram submetidas ao FAFDrugs4 para selecionar as substâncias mais promissoras considerando aspectos farmacocinéticos e toxicológicos e à filtragem no programa OpenBabel 2.3.2 para obter somente derivados azólicos. Obteve-se 2.537 substâncias para os estudos de docking molecular. A metodologia do docking com o programa AutoDock 4.2.6 foi validada por meio do redocking utilizando o itraconazol. RESULTADOS: Após as análises do modo de ligação e do estudo das propriedades farmacocinéticas e toxicológicas nos servidores Osiris Property Explorer, pkCSM, Molinspiration, e perfil de segurança com base em regras criadas por indústrias farmacêuticas, obteve-se oito substâncias promissoras para futuros ensaios biológicos. Já na segunda estratégia do estudo, a triagem virtual foi realizada com base nos farmacóforos do itraconazol complexado com a enzima CYP51 de C. albicans através do banco de moléculas DiscoveryCPR da empresa Sigma-Aldrich. O docking molecular foi realizado no programa AutoDock Vina 1.1.2. Após as mesmas análises usadas na primeira estratégia, obersevou-se que a substância 15 teve resultados promissores nas análises in silico. CONCLUSÃO: Contudo, uma análise mais detalhada revelou que as substâncias 3, 4, 7 e 13 foram as mais promissoras e não apresentam atividade antifúngica descrita na literatura, portanto, elencadas para priorização, com a perscpectiva de avaliação in vitro futura.
1772
Obstetrícia
IMPACTO DA PANDEMIA DE COVID-19 NA DEPRESSÃO PÓS-PARTO: REVISÃO INTEGRATIVA Autores: Amanda Alves Marinho, Regina Rocco, Paulo Roberto Silva Marinho, Mario Vicente Giordano, Andréia Luiz Montenegro da Costa Palavras-chaves:
Depressão Pós-Parto
, COVID-19
, Depressão
Resumo
IMPACTO DA PANDEMIA DE COVID-19 NA DEPRESSÃO PÓS-PARTO: REVISÃO INTEGRATIVA
Introdução: Para conter o avanço da pandemia de COVID-19, mudanças sociais se fizeram necessárias, como distanciamento social e lockdown, e geraram impactos na saúde mental da população. Objetivo: Revisão da literatura para identificar a prevalência da depressão pós-parto (DPP) durante a COVID-19 e os principais fatores de risco. Método: Revisão Integrativa da Literatura, utilizando metodologia proposta por Whittemore e Knafl. Foram utilizadas as bases de dados PubMed, SciELO e LILACS. Os termos buscados foram determinados através do Medical Subject Headings (MeSH) e do Descritores em Ciências da Saúde (DeCS) e foram pesquisados em inglês e português: “COVID-19”, “COVID-19 pandemic”/ “Pandemia COVID-19”, “Depression, Postpartum”/ “Depressão pós-parto”, “Postnatal Depression”/ “Depressão puerperal”. Foram incluídos os artigos de pesquisa primária que abordassem o tema depressão pós-parto associado ao contexto da pandemia de COVID-19 e que aplicaram a Escala de Depressão Pós-parto de Edimburgo. Também era necessário que a EPDS tivesse sido aplicada em puérperas a partir de duas semanas de pós-parto, levando em conta que do pós-parto imediato até duas semanas há maior labilidade emocional fisiológica. A busca de artigos foi realizada até o mês de maio de 2022 e resultou em 231 artigos (Figura 1), Dentre os artigos identificados nas bases de dados, seis artigos originais se enquadravam nos critérios de inclusão e exclusão. Resultados: A Tabela 1 apresenta os principais aspectos e hipóteses determinantes da depressão pós-parto durante a pandemia e a prevalência da localidade. Os estudos divergiram e encontramos aumento, redução ou manutenção das taxas de depressão pós-parto durante a pandemia. Discussão: A prevalência de DPP evidenciada nos estudos foi conflitante, já que tanto aumento, manutenção e redução foram encontradas. No Japão há estudos com manutenção e redução da DPP, o que pode estar relacionado com a ausência de medidas governamentais de lockdown. Na Turquia, estudos que evidenciaram aumento da prevalência, coletaram os dados no ano de 2020, já os que demonstrara redução, realizaram o estudo no ano de 2021. O cenário epidemiológico da pandemia de COVID-19 pode ter influenciado os achados de ambos os estudos, visto que em 2021 já havia vacinas disponíveis para COVID-19 e o grau de conhecimento acerca da pandemia era maior. Conclusão: A pandemia de COVID-19 afetou a sociedade, não só pela letalidade associada a doença, mas pelas medidas realizadas para conter o avanço do vírus. Os grupos de risco, como puérperas e gestantes, precisam de um olhar cuidadoso por parte dos profissionais de saúde, visando evitar repercussões negativas das doenças mentais. A prevalência de DPP durante a pandemia de COVID-19 variou de acordo com o país em que os casos foram analisados, com aumento, manutenção e redução da mesma. Evidenciou-se que o medo da pandemia de COVID-19, de se infectar e de transmitir para o bebê estão associados a DPP.
1848
Ginecologia
Impacto do uso de coletor menstrual na eficácia de dispositivos intrauterinos Autores: Isabella de Oliveira Santana, Antônia Quarti de Andrade, Ana Carolina Mourão Passos, Giovanna Apocalypse Souza, Hagata Lós Melchiades de Souza Palavras-chaves:
DIU
, Coletor menstrual
, Expulsão
Resumo
Impacto do uso de coletor menstrual na eficácia de dispositivos intrauterinos
Introdução: Os coletores menstruais têm se tornado cada vez mais populares como uma alternativa aos produtos de higiene menstrual tradicionais. Embora esse método seja considerado eficaz, há uma preocupação crescente em relação ao seu possível impacto na expulsão do dispositivo intrauterino (DIU), que possui comprovadamente alta eficiência, além de possuir grande adesão, com uma estimativa de que 159 milhões de mulheres o utilizam como seu principal método de prevenção de gravidez. No entanto, sua expulsão é uma complicação conhecida, que pode acarretar em uma gestação indesejada. Diante disso, o tema tem sido, recentemente, objeto de estudos, com resultados mistos e ainda inconclusivos. Porém, sabe-se que a compreensão dos fatores que levam à expulsão do DIU em usuárias de coletores menstruais é essencial para garantir a segurança e eficácia desse uso concomitante, o que justifica uma atenção ampliada no assunto.
Objetivo: Apresentar uma revisão da literatura existente sobre a relação entre o uso de coletor menstrual e a expulsão do DIU, identificando lacunas de conhecimento, a fim de orientar futuras pesquisas.
Material e Métodos: Foi realizada uma revisão sistemática de literatura nas bases de dados BVS e Cochrane Library sobre o tema “Impacto do uso de coletor menstrual na eficácia de dispositivos intrauterinos". A análise de dados ocorreu a partir da categorização dos estudos com os descritores “DIU”, “coletor menstrual" e "expulsão". Foram incluídos artigos que correspondem aos descritores selecionados, nos períodos de 2012 a 2023, nos idiomas português e inglês, descartando os demais. A amostra final contou com 6 artigos.
Resultados e Conclusão: Os resultados encontrados apontam que na maioria dos artigos revisados prevalece uma associação entre o uso de coletor menstrual e a expulsão do DIU. Dentre esses, três estudos relataram porcentagens de expulsão de 18,6%, 17,3% e 3,7%. Entretanto, destaca-se o estudo que demonstrou, com uma amostra de 266 mulheres, que 24% das usuárias de coletor menstrual tiveram uma maior taxa de expulsão do DIU (17,3%) em comparação às não usuárias. Além disso, o uso associado do coletor com o DIU deve ser sempre discutido com um médico e requer cuidados adicionais na remoção, para evitar possíveis riscos. Estudos descrevem como potenciais mecanismos de expulsão a pressão de sucção descendente aplicada ao DIU ou a puxada acidental de seu fio durante a remoção do coletor menstrual. Discute-se também, a importância de considerar fatores como idade, anatomia pélvica, tipo de DIU e técnica de remoção do coletor, a fim de ponderar os riscos de expulsão. Apesar desses achados, entende-se ainda ser necessária a realização de novas pesquisas com metodologias capazes de trazer mais evidências científicas, como estudos randomizados, para que as mulheres possam tomar decisões conscientes sobre sua saúde reprodutiva e seus hábitos de higiene pessoal.
1838
Obstetrícia
Importância do diagnóstico precoce no Acretismo Placentário: um relato de caso Autores: Alberto Alves Borges, Victoria Maranhão de Brito, Heloísa Nogueira Saud Palavras-chaves:
Placenta Acreta
, Histerectomia
, Cuidado Pré-Natal
Resumo
Importância do diagnóstico precoce no Acretismo Placentário: um relato de caso
Acretismo placentário (AP) é definido histopatologicamente pela ausência parcial ou completa da decídua basal, contribuindo para a invasão agressiva do trofoblasto no miométrio, cuja classificação é baseada na profundidade de invasão. A placenta acreta adere ao miométrio, a increta invade o miométrio e a percreta perfura o peritônio, alcançando, por vezes, órgãos vizinhos.
Os principais fatores de risco que englobam a patologia são história de cesariana, placenta prévia, idade acima de 35 anos, tabagismo e cirurgias uterinas anteriores. O diagnóstico é confirmado pela ausência da dequitação placentária após o nascimento do feto, com presença de vilosidades placentárias invadindo o miométrio. Um diagnóstico pré-natal precoce e permite avaliar possibilidades terapêuticas, a fim de reduzir a morbimortalidade. Os exames de imagem são importantes na avaliação pré-natal de risco. Recomenda-se a realização de ultrassonografia (USG) pélvica e transvaginal para avaliação da interface entre placenta e miométrio no período de 18-24 semanas de gestação e, em casos de dúvida, solicita-se ressonância magnética. O objetivo deste estudo é apresentar um caso de AP e correlacionar a importância de um bom pré-natal para o diagnóstico precoce, a fim de reduzir as taxas de morbimortalidade materno-fetal associadas. Paciente de 25 anos, G3PC2, IG:41 semanas, foi admitida no setor de emergência devido à iteratividade e pós-termo. À admissão, referia contrações esparsas e negava qualquer outra comorbidade. Foi solicitada USG com Doppler, constatando placenta corporal anterior grau II, líquido amniótico normal e doppler de artéria umbilical conforme os parâmetros para IG. Realizou-se cesareana com diagnóstico intra-operatório de AP (laudo histopatológico em andamento) evoluindo ainda durante o ato cirúrgico com hipotonia uterina e sangramento intenso que levaram à hipotensão arterial e sinais de choque hipovolêmico, sendo optado a realização de Histerectomia Abdominal Subtotal. RN apgar 6 e 8, pesando 3445 g, encaminhado para UI pediátrica, devido a desconforto respiratório, onde permaneceu por 11 dias. Paciente realizou 7 consultas de pré-natal, sem intercorrências. Hematócrito (HT) pré-operatório: 30,3%, pós imediato HT: 15%, sendo infundidas 2 unidades de concentrados de hemácias com aumento do HT para 22%. O rastreio AP deve ser feito rotineiramente em pacientes com tais fatores de risco, de modo que seja feita a orientação adequada à paciente e que possa ser traçado um plano de parto com montagem de equipe multidisciplinar competente para o manejo do caso. Vale ressaltar que pacientes com diagnóstico pré-natal de AP sofrem menor perda de sangue e têm menor necessidade de transfusão que aquelas com diagnóstico intra-operatório. Sendo assim, destaca-se a necessidade de uma condução adequada durante as consultas de pré-natal visando a um diagnóstico precoce que permita um planejamento adequado do parto, reduzindo assim, as taxas de morbimortalidade materno-fetal.
1751
Obstetrícia
INCIDÊNCIA DE CHLAMYDIA TRACHOMATIS EM GESTANTES DIAGNOSTICADAS COM RUPTURA PREMATURA DE MEMBRANAS OVULARES NA MATERNIDADE MARIANA BULHÕES Autores: Liege Vidal Araujo, Nilson Gomes Palavras-chaves:
Clamídia trachomatis
, Ruptura prematura de membranas
, prematuridade
Resumo
INCIDÊNCIA DE CHLAMYDIA TRACHOMATIS EM GESTANTES DIAGNOSTICADAS COM RUPTURA PREMATURA DE MEMBRANAS OVULARES NA MATERNIDADE MARIANA BULHÕES
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), a Clamídia trachomatis infecta mais de 90% da população e devido a isso, infecções genitais não tratadas na gestação, principalmente as assintomáticas, podem acarretar complicações, tais como: Ruptura prematura de membranas ovulares que é considerada uma das três maiores causas de morbidade e mortalidade perinatal associada à prematuridade. As infecções genitais não tratadas na gestação, principalmente as assintomáticas, podem acarretar complicações, tais como: Endometrite puerperal e a Síndrome de Fitz-Hugh-Curtis. A pesquisa cientifica tem como objetivo identificar a associação da ruptura prematura de membranas ovulares com a Clamídia trachomatis através de teste rápido, utilizando como caminho metodológico, a pesquisa quantitativa, descritiva, bibliográfica e laboratorial. A Clamídia trachomatis é uma das infecções sexualmente transmissíveis mais comuns no mundo. E por ser, na maioria das vezes, assintomática, o não uso de preservativos facilita a sua propagação, implicando maior incidência de complicações materno-fetais. Os resultados da pesquisa concluem que Clamídia trachomatis tem grande incidência entre gestantes com ruptura prematura de membranas ovulares, representando 60% do total de gestantes atendidas, ou seja, 12 pacientes, das 20 testadas. A porcentagem pode ser explicada pela ausência de exames específicos para diagnóstico de Clamídia trachomatis nas Unidades Básicas do Município, visto que nenhuma das pacientes havia sido rastreada anteriormente, nunca haviam sido tratadas para esta infecção sexualmente transmissível, contribuindo com a disseminação da doença e as complicações materno-fetais. Há necessidade de incorporação no município de um programa de rastreamento de clamídia para as populações alvo. Correlacionamos também que as altas taxas de infecção por Clamídia trachomatis podem estar associadas à falta de conhecimento sobre infecções sexualmente transmissíveis e suas formas de prevenção. Durante as consultas de pré-natal, os profissionais de saúde devem passar informações sobre medidas preventivas de infecções sexualmente transmissíveis e incentivar o uso de preservativo na gestação, porém de forma didática, certificando-se de que elas compreenderam. A fim de erradicar a Clamídia trachomatis, deve-se realizar o diagnóstico e o tratamento corretos, divulgar medidas de prevenção de infecções sexualmente transmissíveis, além de atualizar os profissionais de saúde do município visando à melhoria na qualidade de pré-natal, com abordagem em prevenção e tratamento de infecções sexualmente transmissíveis. Com profissionais preparados nos postos de saúde pública, podemos melhorar a qualidade de vida das mulheres.
1804
Obstetrícia
INCIDÊNCIA DE GESTAÇÕES NÃO PLANEJADAS EM PACIENTES COM LÚPUS EM USO DE MEDICAÇÕES TERATOGÊNICAS Autores: Julia Daniele Almeida de Souza, Bruno da Silva Dourado, Guilherme Ribeiro Ramires de Jesús, Marcela Ignacchiti Lacerda, Flavia Cunha dos Santos, Nilson Ramires de Jesús, Denise Leite Maia Monteiro Palavras-chaves:
Lúpus
, Medicações
, Contracepção
, Gestação
Resumo
INCIDÊNCIA DE GESTAÇÕES NÃO PLANEJADAS EM PACIENTES COM LÚPUS EM USO DE MEDICAÇÕES TERATOGÊNICAS
Introdução: O Lúpus Eritematoso Sistêmico (LES) tem maior incidência e prevalência em mulheres no período do menacme e certas medicações para o tratamento desta comorbidade, como a ciclofosfamida (CTX), o micofenolato mofetil (MMF) e o metrotrexato (MTX), possuem potencial teratogênico. Alterações cardíacas, esofágicas, auditivas, renais e de membros são relatadas especialmente com MMF, enquanto o MTX, por ser antagonista do ácido fólico, pode ter associação com maior incidência de mielomeningocele e disfunções do sistema nervoso central. A CTX não possui um padrão definido de anomalias congênitas, porém já foram reportadas alterações tanto em animais e em humanos, havendo um consenso de evitá-la durante a gestação. No Brasil, as anomalias congênitas são a segunda principal causa de morte entre os menores de cinco anos, o que reforça a importância das discussões a despeito da contracepção nas pacientes com LES, já que, com manejo adequado, essas mulheres podem engravidar com segurança. Objetivo: Avaliar a frequência do uso de medicações teratogênicas no momento do diagnóstico de gravidez em pacientes com LES. Métodos: Estudo observacional transversal, com análise de prontuários de 117 pacientes a partir de banco de dados do pré-natal em um centro de saúde terciário, no período de 2016 a 2020. Foram incluídas gestantes com o diagnóstico confirmado de LES e que fizeram acompanhamento pré-natal dentro do período citado. Foram excluídas pacientes sem dados relativos ao uso de medicação no início da gravidez e sem o diagnóstico confirmado de LES. Resultados: Foram avaliadas 125 gestações de 117 pacientes (8 pacientes engravidaram duas vezes no período). A média de idade das pacientes foi de 28,71 (15-45). Do total, 21,6 % (27/125) gestações foram planejadas, 66,4% (83/125) não foram planejadas e em 12% (15/125) esta informação não estava disponível. Em 14,4 % (18/125) das gestações, as pacientes faziam uso de medicação com potencial teratogênico. Dessas 18 pacientes, 16,7 % (3/18) engravidaram em uso de MTX, 77,8 % (14/18) em uso de MMF e 5,6 % (1/18) em uso de CTX. Em todos estes casos as gestações não foram planejadas. A média da idade gestacional de suspensão das medicações foi de 10,83 semanas (4-29). Conclusões: O número de pacientes com lúpus que não planejam a gravidez e usam medicações com potencial teratogênica é elevado. É necessário reforçar a importância da orientação pré-concepcional especialmente nessas mulheres, pois além do risco aumentado de anomalias congênitas, a própria doença, principalmente para as pacientes que não estão em remissão, já está associada a maior risco de complicações na gravidez, como agravamento do lúpus, pré-eclâmpsia, crescimento intrauterino restrito e parto prematuro. Idealmente, as tentativas de engravidar só devem se iniciar com doença inativa e após seis meses da troca das medicações teratogênicas por uma medicação segura e compatível com a gravidez.
1827
Obstetrícia
Integralidade do atendimento à gestante de alto risco - um desafio para unidades de saúde públicas e privadas - relato de caso Autores: Simone Raimondi de Souza, Giulia Modesto Guimaraes de Mattos Moura, Rafaela Carvalho Rodrigues, Giulia Rodrigues Castro de Lima, Lilian Cristina Caldeira Thomé Palavras-chaves:
Gravidez de Alto Risco
, Pré-Eclâmpsia
, Complicações do Diabetes
Resumo
Integralidade do atendimento à gestante de alto risco - um desafio para unidades de saúde públicas e privadas - relato de caso
INTRODUÇÃO: A promoção da maternidade segura é meta de todo profissional de saúde. Gestações de alto risco requerem atenção especial às condições clínicas que podem agravar, interferindo no bom desenvolvimento materno-fetal. Nessas situações, a interlocução entre os diversos serviços dentro das unidades hospitalares se torna condição sine qua non para que, ao final, os desfechos sejam satisfatórios. RELATO DO CASO: M.B.R.N., 33 anos, técnica de enfermagem, diabética tipo 1, infecção do trato urinário, 3 gestações, 1 parto vaginal e 1 cesáreo, idade gestacional: 33 semanas e 6 dias, assintomática, é encaminhada à maternidade pela Clínica da Família por pressão arterial (PA) elevada, 6 consultas de pré-natal. Exame físico na admissão: PA: 150x110mmHg, eucárdica, eupneica, afebril, glicemia capilar: 113mg/dL, edema de membros inferiores, amputação das falanges e parte dos metatarsos de pé esquerdo em 2022 pós traumatismo e microangiopatia diabética, coto de pé diabético infectado, com exudato, secreção serosa e odor fétido. Exame obstétrico: dilatação uterina: 0, altura uterina: 32cm, tônus uterino: normal, colo fechado, grosso e posterior. Apresentação cefálica alta, bolsa íntegra, batimento cardíaco fetal: 141bpm, cardiotocografia: CAT1. Laboratório: VDRL-, HIV-, O+, hemoglobina:10mg/dL, hematócrito:30,9%, plaquetas:375.000, leucócitos:11.600, INR:0,85, EAS:glicosúria, Spot:1,6 (vasculopata), proteinúria:3+/4+. Em uso de insulina NPH + regular, mantida. Iniciada dexametasona para amadurecimento pulmonar fetal. Solicitado parecer da Cirurgia Vascular quanto à amputação e da Ortopedia quanto a osteomielite, tendo sido liberada por ambos os Serviços para seguir com a gestação, desde que apresentasse condição clínica estável. Feita otimização do tratamento para controle pressórico da pré-eclâmpsia, glicêmico e, após discussão com a Comissão de Controle de Infecção Hospitalar, da infecção no coto, com cefuroxima 750mg, clindamicina 900mg e ciprofloxacino 400mg, todos IV 8/8h. Após 7 dias de internação houve descompensação glicêmica, sendo decidida interrupção da gestação por via alta. RN feminino, 2.200g, 45cm, APGAR 7/8, intercorrência: circular triplo de cordão em região cervical com nó verdadeiro, necessitando de cuidados em unidade de terapia intensiva, sendo nutrida com leite materno ordenhado. Ao longo da internação a paciente também foi assistida pelo serviço de Cirurgia Plástica, que procedeu o desbridamento da ferida no coto. Alta após 22 dias de internação, com PA e glicemia controladas, além de remissão da infecção. COMENTÁRIOS: O presente relato evidencia a importância do olhar clínico presente no cuidado obstétrico e para a necessidade do trabalho multidisciplinar, a fim de buscar o equilíbrio do sistema complexo e adaptativo que é o corpo humano, sobretudo quando em estado gravídico. Os desfechos favoráveis do presente relato se devem primordialmente à sintonia entre as equipes e à dedicação humanizada prestada ao binômio mãe-bebê.
1810
Ginecologia
LEIOMIOMATOSE PERITONEAL DISSEMINADA EM UM HOSPITAL FEDERAL DO RIO DE JANEIRO: UM RELATO DE CASO Autores: Amanda Aded Moreira Mattos, Giovanna Rafful Kowalczuk, Luiza Araujo Barros, Anna Carolina Guedes de Queiroz Pereira, Elisa Costa de Carvalho, Claudia Muniz Stroligo, Claudia Rachevsky, Emanuelle dos Santos Jorge Palavras-chaves:
leiomiomatose
, contraceptivo oral hormonal
, miomectomia uterina
Resumo
LEIOMIOMATOSE PERITONEAL DISSEMINADA EM UM HOSPITAL FEDERAL DO RIO DE JANEIRO: UM RELATO DE CASO
INTRODUÇÃO
A Leiomiomatose Peritoneal Disseminada (LPD) ou Leiomiomatose Abdominal Difusa é uma doença ginecológica benigna rara. Sua etiologia não é totalmente conhecida, mas acredita-se que ela pode estar relacionada com a presença de receptores hormonais de estrogênio e progesterona em células musculares lisas. Afeta principalmente mulheres em idade fértil e caracteriza-se pela proliferação de nódulos de musculatura lisa disseminados pela cavidade peritoneal e pelo epiplon. Acredita-se que o uso prolongado de anticoncepcional hormonal e a gestação podem estar relacionados com o surgimento da doença. A maioria dos casos são assintomáticos, sendo em geral um achado acidental intra-operatório. O diagnóstico definitivo é histopatológico.
RELATO DE CASO
J.C.O.C. de 32 anos, parda, Gesta I Para I, sem comorbidades ou uso crônico de medicações. Buscou atendimento no Hospital Federal de Ipanema (HFI) em maio de 2022 por queixa de sangramento uterino anormal (SUA), refratário ao tratamento medicamentoso, decorrente de miomatose uterina. Em exame ginecológico admissional foi identificado útero móvel, de aproximadamente 18 cm e indolor à mobilização. Ultrassonografia transvaginal do serviço (21/11/22) apresentava útero anteversofletido, medindo 106 x 75 x 73 mm, polimiomatoso, com maior nódulo subseroso, fúndico, de dimensões 10 x 7 x 2 cm. Eco endometrial de 16 mm. Citologia oncótica de abril de 2022 negativa para malignidade. Foi proposta miomectomia laparotômica por desejo de preservação da fertilidade pela paciente. O procedimento ocorreu em 12 de dezembro de 2022. No intraoperatório foram evidenciados múltiplos nódulos endurecidos disseminados por útero, omento e peritônio parietal, variando entre 1 e 5 cm. Além disso, visualizado mioma pediculado em região fúndica de cerca de 10 cm. Realizada miomectomia, exérese de nodulações e omentectomia parcial. Não foi possível realizar congelamento no intraoperatório. Paciente evoluiu satisfatoriamente, com alta 48h após procedimento. Laudo histopatológico evidenciou neoplasia fusocelular sem atipias, compatível com leiomioma. Não foram visualizadas áreas de necrose ou índice mitótico elevado. O laudo corrobora o diagnóstico raro de LPD.
COMENTÁRIOS
A LPD é uma condição rara, com pouco mais de 200 casos descritos na literatura. Seu achado é comumente acidental por ser oligo ou assintomática na maioria dos casos. Apesar de se tratar de uma doença benigna, existe um risco de malignização em cerca de 5% dos casos, sendo necessário acompanhamento e aconselhamento adequado para pacientes portadoras desta condição. O diagnóstico imagiológico é desafiador, por em muitos casos assemelha-se a condições malignas como a carcinomatose peritoneal. Até o momento, não existem guidelines específicos para terapêutica e follow up dessas pacientes, entretanto, sendo conhecida a ligação da doença com estímulo hormonal, deve-se ser ofertado métodos contraceptivos não-hormonais para evitar progressão das lesões.
1764
PTGIC (Patologia do trato genital inferior e colposcopia)
LEIOMIOMA VAGINAL: UM RELATO DE CASO Autores: DANIELA CARDEÑO CHAMORRO, JULIO DA SILVA ALMEIDA, MARIO FERNANDO DAVILA OBANDO, ANA LAURA RIBAS BRAGA BETTEGA, BRYAN ALEXANDER CUERVO, LUIZ GUSTAVO DE OLIVEIRA BUENO, SÍLVIO SILVA FERNANDES Palavras-chaves:
mioma vaginal
, leiomioma
, tumor
, vagina
Resumo
LEIOMIOMA VAGINAL: UM RELATO DE CASO
INTRODUÇÃO: Os leiomiomas são neoplasias benignas compostas de células musculares lisas comumente do trato genital feminino e podem se apresentar como tumores únicos ou múltiplos. A causa ainda é desconhecida, mas sabe-se que seu crescimento é dependente de fatores hormonais, especialmente por estímulo estrogênico e por esse motivo, acomete principalmente mulheres no menacme. Apesar da maior prevalência de leiomiomas de origem uterina, há relatos de tumores da musculatura lisa de outros órgãos pélvicos, como uretra, vulva e vagina, que podem se comportar de maneira diferenciada. Os Leiomiomas de vagina são tumores raros, com pelo menos 300 casos relatados na literatura desde o primeiro caso em 1733. Existe a teoria de que podem ter origem em células mioepiteliais (como as encontradas nas glândulas de Bartholin), em células musculares lisas das vênulas, dos músculos vaginais ou dos miofibroblastos, mas a etiologia ainda não é clara.
RELATO DE CASO: Paciente de 23 anos de idade, parda, procurou o ambulatório de ginecologia em outra unidade devido lesão vaginal surgida há 3 meses. Há 20 dias apresentou saída de secreção purulenta da lesão após atividade física, mas negou qualquer episódio de dor local ou febre. Na consulta a paciente levou ultrassonografia transvaginal feita a pedido de outro profissional, que evidenciou lesão expansiva em parede lateral direita de vagina, de 3.8x2.0x4.1cm. Foi solicitada ressonância magnética da pelve, que demonstrou lesão de possível origem uretral. Assim sendo, o ginecologista a encaminhou ao urologista, que descartou a relação anatômica da lesão com a uretra e a encaminhou para o serviço de ginecologia da Santa Casa da Misericórdia do Rio de Janeiro. Em consulta, ao exame físico foi observada lesão sólida medindo cerca de 5cm, com base entre o meato uretral e introito vaginal, de textura elástica, móvel, com área ulcerada, aparentemente sem relação com estruturas uretrais. Foi optado por realizar biópsia excisional no centro cirúrgico. Em ato operatório se confirmou a não relação anatômica da lesão com a uretra e foi realizada exérese do tumor. O resultado histopatológico confirmou leiomioma vaginal degenerado, com peça de 6x5x3cm de extensão.
COMENTÁRIOS: Lesões expansivas em vagina são queixas pouco frequentes nos ambulatórios ginecológicos e têm um amplo espectro de diagnósticos diferenciais. A raridade de algumas doenças que acometem a região vaginal torna este um diagnóstico difícil e, por consequência, posterga a resolução do quadro dessas pacientes. Em casos de lesões miomatosas, a exérese é o método de escolha na maioria dos casos, sempre levando em consideração a viabilidade anatômica e o bom senso, respeitando as particularidades de cada caso. O relato destes casos torna-se, então, de grande valor como ferramenta a auxiliar na conduta das pacientes subsequentes acometidas destas afecções.
1855
Ginecologia
LÍQUEN ESCLEROSO EXTRAGENITAL MAMÁRIO: UM RELATO DE CASO Autores: Gabriel Vasconcellos Guimarães, Giovanna Rafful Kowalczuk, Luiz Henrique Silva Dias Lima, Cláudia Rachevsky, Bianca Kurtz Fontoura, Isabella Cristina Santos Soares, Maria Gabriela Ferreira da Silva, Flávia Maria de Souza Clímaco Palavras-chaves:
Líquen Escleroso e Atrófico
, Mama
, Relatos de Casos
Resumo
LÍQUEN ESCLEROSO EXTRAGENITAL MAMÁRIO: UM RELATO DE CASO
INTRODUÇÃO - O líquen escleroso (LE) é uma doença inflamatória crônica, com predominância no sexo feminino e maior prevalência na pós-menopausa. A doença pode acometer qualquer área do corpo, mas é mais comum na região anogenital. Entre os sintomas típicos podemos citar presença de placas hipocrômicas acompanhadas ou não de púrpura, equimoses, fissuras, esclerose e prurido. Embora o LE genital esteja relacionado com o risco de desenvolvimento de carcinoma escamoso, o LE extragenital não possui essa associação. Os autores relatam um raro caso de LE extragenital na mama, com revisão da literatura sobre a doença. RELATO DO CASO - M. C. A., 56 anos, obesa, dislipidêmica. História prévia de mamoplastia redutora bilateral e sem história pessoal para câncer de mama. Atendida em outubro de 2022, no Setor de Mastologia com queixa de lesão em mama direita, que se originou no quadrante ínfero-medial (QIM) com progressão em extensão. Sem queixa de prurido local. A mamografia demonstrou alterações pós-cirúrgicas (BI-RADS® 2) e a ultrassonografia, espessamento cutâneo em quadrante ínfero-lateral (QIL) e deslocamento lateral da áreola à direita (BI-RADS® 4). No exame físico foi detectada lesão hipocrômica e liquenificada, com bordas mal definidas em QIM e QIL de mama direita, estendendo-se até o dorso, medindo aproximadamente 40 cm. Realizada biópsia incisional com laudo histopatológico compatível com líquen escleroso. Paciente foi encaminhada para acompanhamento conjunto com o Setor de Dermatologia, sendo prescrito clobetasol pela manhã em associação com tacrolimus à noite. Após 1 mês, a lesão já se encontrava menos liquenificada e menos extensa. Paciente não permitiu a realização de exame ginecológico para avaliação de possível associação com líquen genital. COMENTÁRIOS - A apresentação extragenital do líquen escleroso é um fenômeno raro, principalmente em localização mamária. Sua etiopatogenia não está bem definida, porém se considera a possibilidade de uma origem multifatorial (fatores genéticos, imunológicos, infecciosos, traumáticos, hormonais e idiopáticos). Suspeita-se da doença pela presença de lesão hipocrômica e liquenificada, porém nos casos extragenitais o prurido não é descrito como um sintoma tão prevalente quanto nos casos genitais. A confirmação diagnóstica é por meio de biópsia e o tratamento baseado em corticoterapia associada ou não a inibidores de calcineurina. O líquen escleroso extragenital, mesmo sendo uma entidade nosológica mamária rara, deve ser um diagnóstico diferencial em pacientes com lesões cutâneas hipocrômicas e descamativas crônicas, muitas vezes sem prurido local, e que apresentam doenças autoimunes associadas. O tratamento é com cortiscosteróide de alta potência, às vezes sendo necessária associação com outro imunossupressor. Não encontramos apresentação clínica tão extensa como essa, descrita na literatura.
1773
PTGIC (Patologia do trato genital inferior e colposcopia)
LÍQUEN ESCLEROSO VULVAR EM CRIANÇA COM IMUNODEFICIÊNCIA PRIMÁRIA: RELATO DE CASO Autores: Luiza Oliveira Ribeiro, Helena Victoria Azevedo Cunha da Fonte, Matheus da Silva Alvarenga, Susana Cristina Aidé Viviani Fialho, Isabel Cristina Chulvis do Val Guimarães, Caroline Alves de Oliveira Martins, Renata Côrtes dos Santos Palavras-chaves:
Líquen Escleroso Vulvar
, Doenças da Imunodeficiência Primária
, Saúde da Criança
Resumo
LÍQUEN ESCLEROSO VULVAR EM CRIANÇA COM IMUNODEFICIÊNCIA PRIMÁRIA: RELATO DE CASO
INTRODUÇÃO: O Líquen Escleroso Vulvar (LEV) é uma dermatose inflamatória cutânea crônica e benigna, com localização preferencialmente em ânus e genitália. Mostra-se como uma doença com dois picos de incidência, em meninas pré-púberes e mulheres pós-menopausa. Sua sintomatologia reduz significativamente a qualidade de vida das crianças acometidas, causando prurido em região genital, alteração de hábitos intestinais e queixas de trato urinário inferior, podendo, ainda, evoluir com alterações anatômicas futuras. A incidência desta doença varia nos estudos, sugerindo um subdiagnóstico e subnotificação, sendo que o tempo médio de diagnóstico varia de 1 a 1,6 anos. RELATO DO CASO: Paciente do sexo feminino, 7 anos, portadora de Síndrome de Down associada a imunodeficiência primária, com linfopenia de CD3, CD4, CD8, CD19 e CD16/56. Apresenta, ainda, cardiopatia congênita, com história de correção cirúrgica de defeito do septo atrioventricular, e obesidade com grande volume abdominal. Foi encaminhada pela Pediatria para investigação de prurido vulvar crônico, sem associação com leucorreia ou sangramentos. Ao exame físico, observou-se a presença de máculas hipocrômicas em região central da vulva, compreendendo a face interna de grandes lábios e fúrcula, assim como área hipocrômica perianal à direita, sem fissuras ou outras alterações. Também foram observadas, bilateralmente, lesões hipercrômicas com áreas de hiperemia em região inguinal, provavelmente devido ao uso diário de fraldas descartáveis. Devido ao quadro clínico característico, a suspeita diagnóstica foi de líquen escleroso vulvar. Proposto tratamento com propionato de clobetasol pomada, com aplicação diária de fina camada na vulva. Além disso, orientou-se o uso de cetoconazol + dipropionato de betametasona creme em região inguinal por sete dias, seguido por aplicação de dexapantenol durante o dia e óxido de zinco durante à noite. DISCUSSÃO: O Líquen Escleroso Vulvar não apresenta etiologia totalmente elucidada, e, por ser acompanhado, em muitos casos, de outras doenças autoimunes, é possível que um componente autoimune esteja associado à sua patogênese. Caso o tratamento não seja prontamente iniciado, o processo inflamatório pode acarretar a formação de tecido cicatricial, fato que pode culminar, inclusive, na fusão dos lábios da vulva e estreitamento do introito vaginal, podendo, ainda, encobrir o clitóris em mulheres. Além disso, o desenvolvimento de neoplasias genitais é mais incidente no grupo afetado pelo LEV, demonstrando a importância de um diagnóstico e tratamento precoces. Embora o risco de carcinoma vulvar esteja bem estabelecido em adultos, ele ainda não é bem definido no público infantil. Por fim, a literatura existente sobre o LEV pediátrico é limitada, o que reforça a necessidade do desenvolvimento de mais estudos sobre o tema, bem como a relevância de se avaliar minuciosamente cada caso.
1809
Obstetrícia
Longevidade e Maternidade: Análise da Mortalidade Materna por Causas Indiretas Segundo Faixa Etária no Estado do Rio de Janeiro Autores: Mariana Ponciano Oliveira Martins, Raquel Luiz Queres, Vitoria Azevedo Costa, Edna Massae Yokoo, Hélia Kawa Palavras-chaves:
Envelhecimento
, Doenças crônicas
, Mortalidade materna por causas indiretas
, Pré-natal
Resumo
Longevidade e Maternidade: Análise da Mortalidade Materna por Causas Indiretas Segundo Faixa Etária no Estado do Rio de Janeiro
INTRODUÇÃO: O Brasil vive um envelhecimento populacional, e, em meio ao estilo de vida capitalista, as mulheres têm filhos mais tarde. A idade elevada está associada a maior presença de doenças crônicas que podem levar a morte materna por causas indiretas (MMI), definida como óbito por doenças existentes antes da gestação ou que se desenvolveram durante esse período. O ODM/ONU sugeriu ao Brasil que a razão de mortalidade materna (RMM) fosse menor que 35 por 100 mil nascidos vivos até 2015, dados ainda distantes da realidade, pois em 2021 a RMM foi de 107.
OBJETIVO: Analisar, de 2005-2021, a MMI no Estado do Rio de Janeiro (RJ).
METODOLOGIA: Calculou-se a razão de mortalidade materna por causas indiretas por 100 mil nascidos vivos (RMMI) a partir dos dados de nascidos vivos e óbitos maternos da base de dados da Secretaria de Saúde do RJ disponíveis na internet. A análise incluiu os anos de 2005 a 2021 e agrupou as mulheres maiores de 35 anos (≥ 35) e das demais faixas etárias (DFE).
A RMMI foi calculada pela razão entre MMI e o número de nascidos vivos multiplicado por 100.000. Verificou-se também as causas mais frequentes de MMI, segundo a CID X, das categorias do capítulo XV, em mulheres ≥35 e o número de consultas pré-natal realizadas nos dois grupos de faixa etária.
RESULTADOS: A RMMI foi maior nas mulheres ≥35 em todo o período com variação de 12,6 a 166,1 e nas DFE 9,5 à 106,4. Houve diferença expressiva na RMMI dos dois grupos de 2006 à 2010, sendo até três vezes maior nas mulheres ≥35, exceto no ano de 2008. Em 2009, ano da epidemia de influenza no Brasil, a RMMI no grupo ≥35 foi 87,7 e DFE 36. Este ano foi responsável pelas maiores razões, excluindo-se 2020 e 2021. Em 2020 e 2021 ocorreu um aumento expressivo das razões (2021: DMF=106,4 e ≥35=166,1), simultâneo à pandemia de COVID-19, sendo gestantes e puérperas mais vulneráveis.
As principais causas de MMI no período de 2005 a 2019 foi o CID O99 (doenças que não se encaixam nas demais categorias) com pico em 2009 (RMMI=51,8). Nos anos de 2020 e 2021 há destaque ao CID O98 (doenças infecto parasitárias), com RMMI de 65,8 e 154,3 respectivamente. O CID O99 classifica as complicações advindas do vírus Influenza e o CID O98, complicações da infecção por Sars-Cov-2. Os CID’s O10 (hipertensão) e O24 (diabetes mellitus) apresentaram com grande variação de RMMI com máximo de 20,5, sendo causas relevantes de mortalidade.
As mulheres ≥35 apresentaram maior frequência de consultas pré-natal, com 7 consultas ou mais (o mínimo preconizado pelo Ministério da Saúde é de 6), sendo cerca de 10% maior do que nas DFE no período analisado. O percentual de mulheres com ≥35 anos com ≥7 consultas aumentou 9% no período, sendo 81% em 2019.
CONCLUSÃO: Mulheres ≥35 apresentaram RMMI maiores durante toda análise, mesmo com maior frequência de consultas pré-natal. Os valores de RMMI influenciam na RMM, a qual ainda está longe das metas propostas pela ONU, constituindo um relevante problema de saúde pública.
1753
Ginecologia
Malformação do aparelho genital feminino com evolução para hematopiocolpo: relato de caso Autores: Amanda Guimarães Ferreira, Renata Morato Santos, José Augusto Bellotti Lima, Luiz Augusto Giordano, Mario Vicente Giordano, Sandra Maria Garcia de Almeida Palavras-chaves:
Doenças urogenitais femininas
, Hematocolpo
, Ductos paramesonéfricos
, Útero septado
Resumo
Malformação do aparelho genital feminino com evolução para hematopiocolpo: relato de caso
Introdução: As malformações do aparelho genital feminino são resultantes de alterações no desenvolvimento embriológico dos ductos de Muller. O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da instituição e a paciente assinou o termo de consentimento livre e esclarecido. Relato do Caso: Mulher, 27 anos, nuligesta, com queixa de dismenorreia intensa há quatro anos, além de dispareunia e disúria durante o fluxo menstrual. Apenas opióides aliviam a dor. Associado a isso, havia queixa de secreção vaginal contínua desde a menarca, com aspecto variavel. Essa secreção aumentou e surgiu odor fétido. História pessoal de nefrectomia à esquerda por atrofia/displasia renal aos 10 anos. Menarca aos 10 anos. Não utilizava métodos contraceptivos. USG transvaginal evidenciou útero bicorno (Figura 1). Ressonância magnética da pelve: útero com duas cavidades endometriais, distância intercornual de 3,6cm, colo único e septação completa (componente fibroso) até o terço distal da vagina. À esquerda, canal vaginal apresenta conteúdo de sinal heterogêneo com septação transversa no terço distal (fundo-cego), podendo corresponder a hidro-hematocolpo; coto ureteral com inserção ectópica (Figura 2). Foi solicitada histeroscopia: colo com orifício externo transverso e canal cervical com trajeto desviado para direita; cavidade uterina de forma tubular e volume reduzido, sugerindo útero septado. Óstio tubário direito visualizado. Vagina com abaulamento em parede lateral esquerda com área de flutuação, com drenagem de 40ml de secreção purulenta fétida da cavidade não comunicante descrita como hematocolpopiométrio. Foi prescrito o uso de antibiótico venoso. A malformação Mulleriana foi definida: útero septado completo com colo único associado a septo vaginal longitudinal e transversal, com hemivagina cega à esquerda (anomalia obstrutiva) (Figura 3). A malformação do sistema urinário ipsilateral foi caracterizada como atrofia/displasia renal com nefrectomia prévia. Todos esses fatores configuram o quadro como uma variante da síndrome de Obstructed hemivagina and ipsilateral renal anomaly (OHVIRA syndrome), apresentando como achados incomuns o útero septado completo e o rim displásico/atrófico. Foi realizada histeroscopia cirúrgica com ressecção do completa do septo (vaginal, cervical e uterino), determinando genitália interna e externa anatômica. No momento, a paciente refere melhora importante na qualidade de vida, mas ainda se queixa de dor pélvica e dispareunia leves. Conclusão: As malformações congênitas do trato genital feminino, mesmo que assintomáticas, podem evoluir para situações emergenciais de abdome agudo ou se apresentarem como complicações obstétricas graves. Portanto, devem ser diagnosticadas e tratadas precocemente. O presente relato de caso contribui para o conhecimento acerca dessas anomalias por apresentar uma variante da síndrome OHVIRA, com características incomuns e evolução para hemato e piocolpo secundários a um atraso do diagnóstico
1763
Obstetrícia
Manejo clínico de gestante, com história de miocardiopatia periparto, evoluindo com piora do quadro de insuficiência cardíaca no terceiro trimestre: relato de caso. Autores: Gabriela Oliveira de Menezes, Isabela Carmona Castro Rodriguez, Aline Silva Izzo Palavras-chaves:
Gravidez
, Cardiopatia
, Congestão
, Puerpério
Resumo
Manejo clínico de gestante, com história de miocardiopatia periparto, evoluindo com piora do quadro de insuficiência cardíaca no terceiro trimestre: relato de caso.
Introdução: As cardiopatias afetam cerca de 0,3-4% das gestações, em países desenvolvidos. No Brasil, a incidências é de até 4,2% em centros de referência. São doenças identificadas como principais agentes indiretos de mortalidade materna. A estenose mitral de origem reumática é a cardiopatia mais frequente em território brasileiro. Já nos EUA, a cardiopatia congênita é a mais incidente. Em relação miocardiopatia periparto, esta é uma forma de insuficiência cardíaca (IC) sistólica com redução da fração de ejeção do ventrículo esquerdo, afetando mulheres durante a gravidez ou no período pós-parto inicial. É um diagnóstico de exclusão e muitos dos achados da doença podem ser compatíveis com sinais e sintomas de final da gestação e período periparto. Isso pode explicar uma incidência real desconhecida da doença, por provável subdiagnóstico. A via de parto e o momento do mesmo devem ser avaliados em conjunto com a Cardiologia, porém, na paciente compensada, não é necessária a antecipação do parto.
Relato de caso: M.J.S, 38 anos, multípara, 2 partos normais e 2 partos cesáreas prévios, 36 semanas e 5 dias. Paciente procura atendimento de emergência com queixa de edema de membros inferiores e dispneia. Realizou pré natal de alto risco devido a insuficiência cardíaca com fração de ejeção reduzida há 3 anos. Relata que, em puerpério tardio da gestação anterior, foi diagnosticada com miocardiopatia periparto. Nesta gestação, esteve em uso de Ácido Acetilsalicílico (AAS), Furosemida e Bisoprolol. Em Ecocardiograma transtorácico (ECOTT), realizado 2 meses antes da consulta atual, era avaliada fração de ejeção de 47%, disfunção sistólica global leve de ventrículo esquerdo e hipocinesia difusa. Após avaliação de exame físico, foi internada para vigilância clínica e realizado novo ECOTT, este demonstrando agravamento da doença de base com refluxo mitral grave. Durante internação, piora progressiva dos sintomas de congestão, apesar do aumento das doses de medicação diurética e do beta bloqueador. Após discussão em conjunto com Cardiologia, indicada cesariana a termo com 38 semanas. Puerpério fisiológico, com observação intensiva em Unidade Coronariana. Paciente apresenta melhora da queixa de dispneia e edema de membros inferiores após parto e segue sob os cuidados da Cardiologia ambulatorialmente.
COMENTÁRIO: A miocardiopatia periparto é um importante diagnóstico a ser lembrado na avaliação das pacientes gestantes. No caso relatado, é possível observar a importância do acompanhamento multidisciplinar e individualizado da paciente cardiopata. Mulheres compensadas durante a gestação podem sofrer piora do quadro clínico da patologia de base, principalmente, durante o terceiro trimestre.
1760
Obstetrícia
MANEJO DE GESTANTE COM PARAPLEGIA ESPÁSTICA EM MEMBROS INFERIORES SECUNDÁRIA A TUMOR EM COLUNA TORÁCICA E ASSISTÊNCIA AO PARTO VAGINAL: RELATO DE CASO. Autores: Isabela Carmona Castro Rodriguez, Gabriela Oliveira de Menezes, Aline Silva Izzo Palavras-chaves:
Gestação
, Paraplegia
, Neurocirurgia
Resumo
MANEJO DE GESTANTE COM PARAPLEGIA ESPÁSTICA EM MEMBROS INFERIORES SECUNDÁRIA A TUMOR EM COLUNA TORÁCICA E ASSISTÊNCIA AO PARTO VAGINAL: RELATO DE CASO.
INTRODUÇÃO: A deflagração para o início da contração uterina provavelmente é decorrente de alterações na expressão das proteínas que controlam a contratilidade, como o receptor de ocitocina, de prostaglandina F e conexina 43, alterações já iniciadas durante as últimas 6 a 8 semanas de gestação, mas que intensificam durante a fase ativa da parturição. Dessa forma, ocorre aumento da irritabilidade e da reatividade do útero aos agentes que estimulam a contração. Logo, as contrações uterinas são involuntárias e independentes do controle extrauterino. Em relação à percepção sensitiva, é necessária análise da anatomia pélvica. As fibras sensitivas aferentes são as responsáveis pela percepção de estímulos dolorosos decorrentes da contração uterina. Elas ascendem pelo plexo hipogástrico inferior e entram na medula entre T10-T12 e L1. Tal situação explica o porquê de gestantes com paraplegia apresentarem contrações miometriais normais, mas indolores.
RELATO DE CASO: Primigesta, 22 anos, com relato de paresia em membro inferior esquerdo, evoluindo para paraplegia em membros inferiores no período de quinze dias. Procura unidade de saúde para investigação. Inicialmente realizada investigação laboratorial, sem alterações, e solicitada ressonância magnética de coluna torácica que evidenciou massa de 2,25x3x1,5 cm intrarraquiana, extramedular, na altura de T2. Realizado o diagnóstico de mielopatia compressiva. Em avaliação pela equipe de neurocirurgia, orientada a necessidade de abordagem cirúrgica de urgência para descompressão medular. Com 35 semanas de idade gestacional (IG), paciente submetida a laminectomia descompressiva em altura de T2, com ressecção parcial do tumor, sob anestesia geral, cirurgia realizada em decúbito lateral esquerdo. Paciente com evolução adequada em pós operatório, mantida internação para tratamento fisioterápico. Com IG de 37 semanas, paciente evoluiu com trabalho de parto espontâneo, sem percepção de puxos, identificado após exteriorização de membros inferiores fetais. Realizado parto pélvico vaginal sem intercorrências, recém nascido com evolução adequada e paciente com puerpério fisiológico. Atualmente, puérpera segue em acompanhamento multidisciplinar em maternidade de alto risco.
COMENTÁRIO: A gestação de alto risco é um desafio para o obstetra, uma vez que ele deve ser capaz de manejar situações que não são comuns à gestação de risco habitual. O caso relatado acima explicita a importância do acesso aos diferentes serviços presentes no hospital para garantir a melhor assistência para a paciente. Além disso, ele também evidencia a importância do conhecimento acerca das bases da fisiologia da gestação e do trabalho de parto. A melhor capacitação do profissional e a garantia do cuidado multidisciplinar são de extrema importância para se alcançar o desfecho positivo durante a gestação, parto e puerpério.
1762
Obstetrícia
Manejo de gravidez ectópica cornual: conduta conservadora com Metotrexate evoluindo com intoxicação medicamentosa seguida de rotura uterina: relato de caso. Autores: Gabriela Oliveira de Menezes, Isabela Carmona Castro Rodriguez, Aline Silva Izzo Palavras-chaves:
Gestação
, Rotura
, Intoxicação
Resumo
Manejo de gravidez ectópica cornual: conduta conservadora com Metotrexate evoluindo com intoxicação medicamentosa seguida de rotura uterina: relato de caso.
Introdução: A gravidez ectópica é descrita pela implantação ovular fora da cavidade uterina. A implantação do ovo, em uma gestação ectópica, pode ocorrer em trompa (istmo, ampola, infundíbulo e fímbria), ovário, ligamento largo e peritônio. No útero, pode ser observada em colo uterino e intersitício tubário (cornual). A prenhez ectópica pode corresponder a 1% das gestações, e destas, cerca de 97% localizadas em trompa. Em comparação, a gestação cornual representa cerca de 1,5-2,1% das ectópicas. O quadro clínico da gestação ectópica pode evoluir de formas diferentes, podendo assim, serem avaliados tratamentos conservador e cirúrgico. No tratamento de uma gestação ectópica íntegra, pode ser optada a conduta conservadora utilizando Metotrexate (MTX), antagonista do ácido fólico. Idealmente, os critérios relativos que podem levar a conduta conservadora são: ausência de dor, gestação íntegra, massa anexial menor que 35 mm, ausência de batimento cardíaco fetal (BCF), Beta HCG menor que 1500 mUI/mL, títulos de Beta HCG ascendentes antes do procedimento e ausência dos sinais de rotura.
Relato de Caso: E.C.R.M, 27 anos, secundigesta, uma cesariana prévia, 12 semanas e 5 dias (DUM 25/06/22), sem comorbidades. Paciente procura atendimento de emergência após queixa de náuseas e vômitos. Informa sobre Ultrassonografia Transvaginal (USGTV) com imagem de gestação ectópica. Em USGTV, realizada em admissão hospitalar, é observado saco gestacional único, com implantação cornual à esquerda, BCF presente e idade gestacional de 12 semanas e 5 dias. BCHG com valor de 45022,67 mUI/mL, coletado no dia da internação. Paciente expressa desejo de não realizar procedimento cirúrgico devido aos riscos do procedimento. É optada conduta conservadora, orientando riscos e benefícios da mesma para a paciente. Realiza-se dose de Metotrexato intraovular (MTX IO) guiado por Ultrassonografia pélvica, com permanência de BCF ao final de procedimento. Após 72 horas, é avaliado BHCG de 47000,10 mUI/mL , e nova dose de MTX IO é realizada. Nos primeiros quatro dias seguintes da segunda dose da medicação, paciente evolui com quadro de mucosite e erupção acneiforme. Concomitantemente, no quinto dia após segunda dose de MTX IO, paciente apresenta quadro de dor em fossa ilíaca esquerda, sinal de descompressão dolorosa e queda de hematócrito. Realizada laparotomia exploradora com visualização de saco gestacional íntegro e rotura uterina. Foi realizada ressecção de corno esquerdo e histerorrafia. Paciente evolui com pós operatório sem intercorrências e remissão de lesões dermatológicas.
Comentário: A gravidez ectópica é um tema relevante na avaliação de síndromes hemorrágicas no primeiro trimestre. Por isso, é necessária avaliação criteriosa de exame físico e conduta individualizada acerca do método conservador. Além disso, analisar expectativas sobre a conduta no que diz respeito a possíveis efeitos colaterais e consequências da escolha.
1754
Obstetrícia
MANEJO DE UMA GESTANTE COINFECTADA POR SÍFILIS, HIV E HTLV: UMA EXPERIÊNCIA MULTIDISCIPLINAR Autores: SARAH QUEIROZ VALENÇA CASSINO, Regina Rocco, Andréia Luiz Montenegro da Costa, Mario Vicente Giordano Palavras-chaves:
Gestante
, HIV
, HTLV
Resumo
MANEJO DE UMA GESTANTE COINFECTADA POR SÍFILIS, HIV E HTLV: UMA EXPERIÊNCIA MULTIDISCIPLINAR
Introdução: A assistência no pré-natal possibilita diagnosticar comorbidades, permitindo o manejo adequado das situações. Iremos relatar caso de gestante em situação de vulnerabilidade social com coinfecção de HIV e HTLV, que apresentou anemia grave, sífilis e paraparesia espástica tropical/mielopatia associada ao HTLV. Relato do Caso: Mulher, 23 anos, solteira sem companheiro, gravidez não planejada; ensino fundamental incompleto, sem renda mensal, nunca trabalhou; religião evangélica; GII P0 AI (espontâneo). Diagnóstico de HIV há 6 anos, sem adesão ao tratamento. Usuária de cocaína suspensa na 20ª semana, ao descobrir a gestação. Apresentou teste rápido positivo para sífilis na atenção primária, já realizando a primeira dose do tratamento. O exame físico da primeira consulta pré-natal relata gestante lúcida e orientada, corada, hidratada, acianótica, anictérica. Ausência de gânglios palpáveis. Cavidade oral em condições precárias de higiene. Abdome gravídico, AFU 24 cm, BCF 154 bpm. Membros inferiores edemaciados (+2/+4); dificuldade na deambulação. Episódios de sífilis em 2015 e em 2020. VDRL inicial: 1/256 com queda para 1/16 após 2 meses do início do tratamento. Na primeira consulta iniciou esquema antiretroviral: tenofovir, lamivudina e raltegravir. A carga viral foi indetectável após 3 meses. A dificuldade apresentada na deambulação associada ao HIV, alertou para a investigação de HTLV, culminando com sorologia positiva para HTLV-1/2. Na 39ª sem de gestação foi submetida a parto cesáreo devido a sofrimento fetal agudo (taquicardia fetal mantida à cardiotocografia). Parto sem intercorrências, com nascimento de recém nato com Apgar 9/9 e peso 3115 gramas. Durante a internação houve relato de incontinência urinária, correlacionando a possibilidade da ocorrência de bexiga neurogênica vinculada ao HTLV. O déficit de autocuidado com o recém-nascido suscitou a hipótese de comprometimento neurológico pelo HTLV. O exame neurológico identificou a marcha paretoespástica e diadocinesia na coordenação. Não havia alterações na estática, tônus, sensibilidade e sinais meníngeos. Foi identificado hiperreflexia nos membros inferiores; reflexos abdominais superior, medial e inferior presentes; reflexo de Babinski bilateral, sem clônus; e reflexo de Hoffman bilateral. Foi realizada punção lombar para coleta de líquido cefalorraquidiano para exame: aspecto límpido, VDRL negativo, baciloscopia para BAAR negativa e teste para HTLV 1/2 positivo. Sendo possível a confirmação do diagnóstico de paraparesia espástica tropical ou mielopatia associada ao HTLV-1 (PET/MAH). Realiziada pulsoterapia com metilprednisolona 1 g, venosa, em 3 episódios e encaminhada à fisioterapia. Conclusão: A infecção pelo HTLV tem curso silencioso, sendo importante sua testagem mesmo na ausência de sintomas. O período pré-natal é um momento estratégico para testagem. As assistências obstétricas, neurológicas e fisioterápicas foram essenciais para o sucesso na condução do caso.
1761
Obstetrícia
MANEJO OBSTÉTRICO DE GESTANTE PORTADORA DE LINFOMA DE HODGKIN E INSUFICIÊNCIA CARDÍACA COM FRAÇÃO DE EJEÇÃO REDUZIDA SECUNDÁRIA A CARDIOTOXICIDADE POR QUIMIOTERAPIA: RELATO DE CASO. Autores: Isabela Carmona Castro Rodriguez, Gabriela Oliveira de Menezes, Aline Silva Izzo Palavras-chaves:
Gestação
, Cardiotoxicidade
, Linfoma
Resumo
MANEJO OBSTÉTRICO DE GESTANTE PORTADORA DE LINFOMA DE HODGKIN E INSUFICIÊNCIA CARDÍACA COM FRAÇÃO DE EJEÇÃO REDUZIDA SECUNDÁRIA A CARDIOTOXICIDADE POR QUIMIOTERAPIA: RELATO DE CASO.
INTRODUÇÃO: O Linfoma de Hodgkin (LH) clássico é um dos principais tipos de linfoma diagnosticados durante a gestação, especialmente porque seu pico de incidência coincide com a idade reprodutiva da mulher. Os sintomas decorrentes dessa patologia se confundem com os sintomas decorrentes das modificações do organismo materno, tornando seu diagnóstico e seguimento um desafio. O manejo de LH durante a gestação é um balanço sutil entre maximizar a chance de cura da gestante e minimizar o risco potencial ao desenvolvimento do feto. O tratamento de primeira linha é a quimioterapia (QT) com o protocolo ABVD (Doxorrubicina, Bleomicina, Vimblastina e Dacarbazina), seguro durante a gestação, principalmente se realizado no segundo e terceiro trimestres. Entretanto, as pacientes não são eximidas de possíveis desfechos desfavoráveis. A Doxorrubicina é uma Antraciclina, que possui como possível efeito adverso a cardiotoxicidade. O dano miocárdico inclui insuficiência cardíaca aguda, com falência de ventrículo esquerdo. O risco de cardiomiopatia é proporcional a exposição cumulativa, portanto paciente submetidas a esse tratamento devem ter a função miocárdica avaliada periodicamente.
RELATO DE CASO: Primigesta, 18 anos, 36 semanas e 5 dias de gestação, portadora de pré eclampsia sem sinais de gravidade, Linfoma de Hodgkin subtipo esclerose nodular (estágio IIB) e histórico de 5 ciclos de QT com protocolo ABVD. Paciente sem sinais de cardiomiopatia em fase inicial de tratamento. Procura unidade hospitalar com relato de dispneia aos mínimos esforços de início súbito. Realizado Ecocardiograma transtorácico (ECOTT) que revelou disfunção sistólica grave de ventrículo esquerdo, com fração de ejeção (FE) de 28%. Em avaliação conjunta com cardiologista, optado por realização de cesariana. Cirurgia sem intercorrências, nascimento de recém-nascido com Apgar 9/9, sem necessidade de manobras de reanimação. Paciente mantida em observação em unidade fechada, evoluiu com puerpério fisiológico, recebe alta hospitalar com medicações para manejo de insuficiência cardíaca, com retorno ambulatorial para seguimento. Realizado ajuste de QT por hematologista assistente.
COMENTÁRIO: A gestação de alto risco é um desafio para o obstetra, especialmente no que concerne à sua imprevisibilidade. É necessário garantir o fácil acesso à unidade de saúde pela gestante e o suporte multiprofissional para gerir as adversidades. O caso relatado acima explicita a importância do treinamento clínico do obstetra para identificar alterações patológicas no período gestacional. Consequentemente, intervir com segurança para garantir o bem-estar da gestante e do feto.
1738
Obstetrícia
Melhora na adesão da gestante adolescente à assistência pré-natal no Brasil Autores: Leticia Freitas Simões, Aylana Ramos Gomes de Oliveira, Gabriella de Oliveira Flor Ferreira, Fátima Regina Dias de Miranda, Célia Regina da Silva, Thamiris dos Santos de Sousa, Denise Leite Maia Monteiro Palavras-chaves:
Gravidez
, Adolescência
, Assistência Pré-natal
Resumo
Melhora na adesão da gestante adolescente à assistência pré-natal no Brasil
Introdução: A gravidez na adolescência é um fenômeno mundial que tem preocupado as autoridades de saúde pública em todo o mundo. A realização
de pré-natal por gestantes adolescentes é essencial para garantir uma gestação saudável e reduzir os riscos para a mãe e o feto. No entanto, muitas
adolescentes grávidas enfrentam obstáculos para acessar os serviços de pré-natal e podem não receber a assistência adequada durante a gravidez.
Objetivo: Analisar se houve mudança na adesão às consultas pré-natais necessárias para a gestante adolescente entre o ano 2000 e o biênio 2018-
2019.
Método: Estudo com desenho transversal, realizado por busca de informações no Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde (DATASUS) e no Sistema de Informação sobre Nascidos Vivos (SINASC). Gestantes das faixas etárias 10-14 e 15-19 anos foram comparadas com mães entre 20-34 anos (grupo de comparação). Excluíram-se as informações dos registros do SINASC com idade gestacional inferior a 22 semanas e com idade ignorada e calculou-se a frequência de comparecimento às consultas pré-natais em cada grupo etário.
Resultados: O total de nascidos vivos (NV) de mães adolescentes em 2000 é de 750.537 NV e a soma dos que nasceram em 2018 e 2019 é de 875.380, mostrando importante redução da frequência de gravidez na adolescência. No ano de 2000, a porcentagem de gestantes que não compareceram a nenhuma consulta pré-natal foi de 7,6% entre 10-14 anos, 5,9% entre 15-19 anos e 4,3% no grupo de 20-34 anos. Já em 2018-2019 estes números foram respectivamente, 2,9%, 2% e 1,5%. Percebe-se, então, que houve aumento de 62%, 66% e 65%, respectivamente, de adesão ao pré-natal entre essas gestantes, o que mostra um avanço importante no acompanhamento desse grupo.
Conclusão: A partir do que foi analisado acima, podemos constatar que houve queda no número de adolescentes que não tiveram nenhum tipo de acompanhamento médico durante a gestação. Além disso, pode-se perceber que as adolescentes entre 10-14 anos são as mais propensas a não ter acesso ao pré-natal, enquanto o grupo de comparação, de 20-34 anos, é o que possui menor chance de falta de assistência. Sabe-se que são muitas as variáveis que podem influenciar esse resultado, sendo, então, importante melhor análise dos fatores que precisam ser modificados para que haja uma constância no avanço da adesão analisada nos próximos anos.
1844
Obstetrícia
MENINGIOMAS NAS GESTANTES NOS ÚLTIMOS 10 ANOS - UMA REVISÃO SISTEMÁTICA Autores: José Ronyeryson dos Santos Evangelista, Juliana Umbelino da Silva Paixão, Wanderlon Valério Lopes, Pedro Filhagosa Diverio, Paula Cristina da Silva Jordão Moreira, Paula Vieira Villar, Júlia Maria Mendonça Machado Pinheiro, Katia Gleicielly Frigotto Palavras-chaves:
Gravidez
, Meningioma
, Transtornos da Cefaléia Secundários
Resumo
MENINGIOMAS NAS GESTANTES NOS ÚLTIMOS 10 ANOS - UMA REVISÃO SISTEMÁTICA
OBJETIVO: Realizar uma revisão sistematizada dos anos de 2012-2022 a cerca de meningiomas na gravidez, buscando a prevalência, idade, idade gestacional (IG), sintomas, fatores de risco, diagnóstico e tratamento. FONTE DE DADOS: Pesquisa bibliográfica nas bases PubMEd, Scielo e CAPES. SELEÇÃO DE ESTUDOS: Os descritores escolhidos nos Descritores em Ciência de Saúde foram: "meningioma AND (pregnant OR pregnancy)". Os critérios de inclusão foram: artigos com texto completo disponível, publicados de 2012-2022, nos idiomas português, espanhol e inglês. Foram excluídos artigos de revisão literatura. COLETA DE DADOS: Foram encontrados 130 artigos, sendo 72 excluídos por titulo e 20 por resumo por não correspondentes ao tema, 15 repetidos, 2 artigos foram excluídos por não estarem nos idiomas selecionados, restando 21 artigos para leitura na íntegra. Uma limitação esse estudo é que somente um artigo é referente a casos de gestantes brasileiras. RESULTADOS: Existem cerca de 5.6 casos de meningioma por 100.000 grávidas, semelhante à não grávidas. Sua progressão é lenta, mas as alterações hormonais podem estar relacionadas ao seu crescimento devido aos receptores principalmente de progesterona. Outra hipótese são as alterações hemodinâmicas da gravidez levar a sintomas um meningioma já existente. Mas os únicos fatores de risco estabelecidos são: aumento da idade, exposição à radiação ionizante e algumas síndromes genéticas. A IG foi de 5 a 39 semanas (mediana=32), e idade de 21 a 41 anos (mediana=34). Os sintomas foram cefaléia, hipoestesia, alteração da visão ou auditiva, náuseas, vômitos, letargia, convulsões, e em casos espinhais, incontinência urinária e/ou fecal, e paresia dos membros. Costumam surgir nos últimos trimestres, com redução pós-parto, mas pode recorrer em próximas gestações. Na suspeita, a ressonância magnética craniana (RMC) deve ser feita, de preferência sem uso de gadolínio. O tratamento é a observação até pós-parto para a retirada do tumor, mas se tiver sinais/sintomas neurológicos, podem ser feitos corticosteróides, monoterapia em convulsões, e manitol em urgência. O ideal é a cesárea como primeira cirurgia, em seguida a retirada do tumor, mas ressecção pode ser antes do parto em caso de déficits neurológicos progressivos. CONCLUSÕES: Casos de meningioma em grávidas é semelhante à não grávidas. Seus receptores podem ser alvos principalmente de progesterona, e as alterações hemodinâmicas da gravidez, podem levar a sua expansão ou até surgimento, mas isso ainda não é claro. Os sintomas mais comuns foram os visuais, cefaléia e convulsão, e costumam surgir nos últimos trimestres, geralmente a partir da terceira década de vida. O diagnóstico é feito com a RMC. O manejo requer uma abordagem multidisciplinar, da mãe e do feto. A cirurgia é o tratamento de escolha, e o momento adequado depende da localização do tumor, tamanho, sintomas, IG, viabilidade do feto, e da decisão da gestante em interromper a gravidez.
1728
Obstetrícia
MORTALIDADE FETAL ESTRATIFICADA POR IDADE GESTACIONAL NO RIO DE JANEIRO, DE 2010 A 2020 Autores: Wender Emiliano Soares, Lara Miranda Marchesi, Rodrigo Roberto Barroso, Maria Isabel do Nascimento Palavras-chaves:
Natimorto.
, Mortalidade Fetal.
, Óbito Fetal.
, Taxas, Razões e Proporções
Resumo
MORTALIDADE FETAL ESTRATIFICADA POR IDADE GESTACIONAL NO RIO DE JANEIRO, DE 2010 A 2020
Introdução: No mundo ocorreu mais de 2 milhões de natimortos em 2019, levando uma taxa de óbito fetal (OF) de 13,9 por 1000 nascimentos. A maioria desses óbitos poderia ser prevenida com a oferta de cuidados pré-natais adequados. Objetivo: Estimar taxas de mortalidade fetal específicas por idade gestacional no estado do Rio de Janeiro, de 2010 a 2020. Métodos: Estudo descritivo de dados secundários fornecidos pelo DATASUS. Foram calculadas taxas de mortalidade fetal estratificadas por idade gestacional. O número de óbitos fetais foi obtido no sistema de informação de mortalidade e o número de nascidos vivos foi obtido no sistema de informação de nascidos vivos. As taxas foram apresentadas por 1000 nascimentos. Resultados: No período ocorreu um total de 25773 óbitos fetais no Rio de Janeiro, os quais apresentaram a seguinte distribuição por região de saúde: Baía da Ilha Grande (1,33%), Baixada Litorânea (5,10%), Centro-Sul (2,11%), Médio Paraíba (4,50%), Metropolitana I (63,89%), Metropolita II (10,62%), Noroeste (1,73%), Norte (5,46%) e Serrana (5,21%). Em relação ao momento do parto, 92,67% dos óbitos ocorreram antes do parto. A distribuição dos óbitos por idade gestacional foi de 24,8% (22-27s), 22,0% (28-31s), 30,4% (32-36s), 22,4% (37-41s) e 0,4% (≥42s). A taxa média global foi de 10,71 por 1000 nascimentos. As taxas específicas por idade gestacional indicam maior frequência em idade gestacional mais precoce: 334,2/1000 (22-27s), 176,9/1000 (28-31s), 34,8/1000 (32-36s), 2,8/1000 (37-41s) e 3,7/1000 (≥42s). Conclusões: Apesar de a taxa média global estar em níveis inferiores aos aceitáveis pela Organização Mundial de Saúde (12/1000), a estratificação por idade gestacional mostra que o problema é grave no estado do Rio de Janeiro, afetando principalmente gestações muito precoces, mas também fetos de alta viabilidade. Esse quadro demanda por investigações minuciosas, bem como por políticas públicas de atenção que visem a redução desse importante problema de saúde pública.
1806
Obstetrícia
MORTALIDADE MATERNA POR SÍNDROMES HIPERTENSIVAS DURANTE A GESTAÇÃO NO BRASIL Autores: Pedro Carreiro da Silva Braga, Giulia Dállia Figueira do Nascimento, Ana Paula Esteves Palavras-chaves:
Pré-Eclâmpsia
, Mortalidade Materna
, Hipertensão Induzida pela Gravidez
Resumo
MORTALIDADE MATERNA POR SÍNDROMES HIPERTENSIVAS DURANTE A GESTAÇÃO NO BRASIL
OBJETIVO: Esta revisão busca entender a importância das síndromes hipertensivas durante a gestação, tendo em vista que, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), são a principal causa de morte materna no Brasil. FONTE DE DADOS: Bases de dados PubMed, Scielo e Scopus englobando artigos publicados entre 2003 e 2022. Além dos artigos utilizados, empregaram-se livros e capítulos de livro de conhecimento prévio dos autores, e também, manuais, resoluções e normas técnicas. SELEÇÃO DE ESTUDOS: Ao total foram identificados 339 artigos na pesquisa inicial, dos quais foram selecionados 34 para leitura e revisão. A partir da leitura e revisão, foram excluídos os artigos cujos objetivos não convergiam com o tema da revisão ou traziam informações regionalizadas. Por fim, foram utilizados 27 artigos para a construção da presente revisão. COLETA DE DADOS: As palavras-chave da pesquisa foram “hipertensão”, “gravidez”, “eclampsia”, “pré-eclampsia” e “mortalidade materna”. Como critério para a pré-seleção dos artigos, foram utilizados os seguintes filtros: (i) tipo de estudo realizado (revisões sistematizadas, estudos multicêntricos, estudo randomizado controlado e texto original), e (ii) idiomas (português e inglês). Utilizaram-se como critérios de exclusão a indisponibilidade para leitura gratuita, identificação de duplicidades e inadequação aos critérios de inclusão. Os artigos selecionados foram pré-analisados através da leitura do resumo e os artigos pré-selecionados foram lidos na íntegra. RESULTADOS: Dos 27 artigos selecionados para revisão, a média de casos de pré-eclâmpsia no Brasil variou de 2,8% a 19,4%, dependendo da região e grupo estudados. Os principais fatores de risco observados para pré-eclâmpsia e eclâmpsia incluem idade materna avançada, baixo nível sócio-econômico (que se associa a baixa adesão ao pré-natal), diabetes gestacional, obesidade e hipertensão arterial prévia. A pré-eclâmpsia é uma associação entre hipertensão e proteinúria. Como desdobramento, a pré-eclâmpsia pode evoluir a um quadro de eclâmpsia (episódios de convulsão associados). A maior parte das mulheres com pré-eclâmpsia foi submetida a cesariana, e os níveis de internação em unidade de tratamento intensiva alcançaram 11,8%. A pré-eclâmpsia também é um fator de risco elevado para a mortalidade materna e fetal, alcançando prevalência de 16,18% e 18,9%, respectivamente. O diagnóstico de pré-eclâmpsia das pacientes dos estudos foi baseado nas medidas de pressão arterial e proteinúria (93,1%). CONCLUSÕES: As síndromes hipertensivas são importantes complicações obstétricas em todo o mundo. Principalmente no Brasil, exercem uma grande influência nas estatísticas, já que são a principal causa de morbimortalidade materna no país. Dessa forma, a implementação de protocolos padronizados para rastreio e diagnóstico são fundamentais para o controle dessa patologia. Assim, com diagnóstico precoce e tratamento eficiente, a mortalidade materna poderá sofrer grande queda no país.
1740
Obstetrícia
Mudança do perfil da gestante adolescente nos últimos 20 anos no Brasil Autores: AYLANA RAMOS GOMES DE OLIVEIRA, Gabriella de Oliveira Flor Ferreira, Leticia Freitas Simões, Fátima Regina Dias de Miranda, Célia Regina da Silva, Thamiris dos Santos de Sousa, Carolina Junqueira Allage, Denise Leite Maia Monteiro Palavras-chaves:
Gravidez na Adolescência
, Estado Civil
, Raça
, Prevalência
Resumo
Mudança do perfil da gestante adolescente nos últimos 20 anos no Brasil
Introdução: A gravidez na adolescência é uma problemática que tem sido debatida há anos na nossa sociedade. Sua incidência tem relação direta com as condições socioeconômicas e educacionais dessas meninas, que com grande frequência estão inseridas em um ciclo vicioso de gerações no mesmo contexto social.
Objetivo: Analisar se houve alteração na frequência da raça e estado civil da gestante adolescente entre o ano 2000 e o biênio 2018-2019.
Método: Estudo com desenho transversal, realizado por busca de informações no Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde (DATASUS) e no Sistema de Informação sobre Nascidos Vivos (SINASC). Gestantes das faixas etárias 10-14 e 15-19 anos foram comparadas com mães entre 20-34 anos. Excluiu-se as informações dos registros do SINASC com idade gestacional inferior a 22 semanas e com idade ignorada e calculou-se a frequência da raça e estado civil em cada grupo etário.
Resultados: O total de nascidos vivos (NV) de mães adolescentes em 2000 foi 750.537 NV e a soma dos nascidos entre 2018-2019 foi de 875.380, o que mostra redução da prevalência de partos de adolescentes de 23,4% em 2000 para 15,1% em 2018-2019. Em 2000, a raça negra representou 51% das gestantes de 10-14 anos, 47,2% entre 15-19 anos e 41,6% de 20-34 anos. No biênio 2018-2019 estes números foram respectivamente, 77,4%, 74,1% e 63,4%. Percebe-se que a gravidez na raça negra apresentou aumento de 51,8%, 57% e 52,4%, respectivamente. Em relação à avaliação do estado civil, constatou-se que no ano 2000 as gestantes que já viveram ou vivem maritalmente representaram 34,1% das gestantes de 10-14 anos, 48,6 % entre 15-19 anos e 68,9% de 20 a 34 anos. No biênio 2018- 2019, estes números representaram respectivamente 19,3%, 38,9% e 56,9%. Nota-se diminuição das gestantes casadas de 43,4%, 20% e 17,4 % respectivamente entre as idades.
Conclusão: A frequência da gestação na adolescência mostrou redução nos últimos 20 anos. A raça negra predomina entre as gestantes adolescentes de raça negra e mostra aumento significante de sua proporção nos anos 2018 e 2019. Essa tendência de aumento pode estar ocorrendo não só pelo fato de a maioria da população ser negra, mas também porque com o passar dos anos houve aumento da noção de pertencimento do movimento negro, ocasionando maior quantidade de meninas se autodeclarando negras. Com relação à avaliação do estado civil percebe-se aumento do número de gestantes solteiras em todos os grupos.
1779
Obstetrícia
Natimortalidade em mulheres com diagnóstico de LES e/ou SAF em um centro de referência do município do Rio de Janeiro: um estudo descritivo do período 2009 a 2018 Autores: Clara dos Santos Leal Costa, Aline Portelinha Rodrigues Cunha, Eloá Costa Cândido Fontana, Guilherme Ribeiro Ramires de Jesus, Marcos Augusto Bastos Dias Palavras-chaves:
Mortalidade fetal
, Lupus eritematoso sistêmico
, Síndrome Antifosfolipídica
Resumo
Natimortalidade em mulheres com diagnóstico de LES e/ou SAF em um centro de referência do município do Rio de Janeiro: um estudo descritivo do período 2009 a 2018
Objetivo: Lúpus eritematoso sistêmico (LES) e síndrome antifosfolipídio (SAF) são doenças autoimunes que acometem majoritariamente mulheres, com maior prevalência na idade reprodutiva. É descrito na literatura aumento da morbimortalidade materna e perinatal associada a estas condições
Método: Estudo descritivo dos casos de óbitos fetais (OF) em mulheres com diagnóstico de LES e/ou SAF em um centro de referência (CR) para atendimento de mulheres com morbidades graves no ciclo gravídico puerperal, no estado do Rio de Janeiro. Foram selecionados os casos de gestações que terminaram em OF, com idade gestacional (IG) mínima de 20 semanas e/ou com pelo menos 500 g de peso, em mulheres com diagnóstico confirmado de LES e/ou SAF, no período entre 01/01/2009 e 31/12/2018 no CR.
Principais Resultados: No período do estudo ocorreram 71 casos de OF no CR, sendo 5 em pacientes com LES, 4 nas com SAF, e 3 nas com LES e SAF, totalizando 12 casos (16,9%). Este grupo foi formado por mulheres com idade média de 28,6 e mediana de 30 anos (18-38 anos); 67% eram pretas e pardas; o índice de massa corporal médio foi de 28,29 kg/m2 e mediana 27,65 kg/m2, (22,1-40,9 kg/m2); 17% eram primigestas e 83% já tinham pelo menos uma gestação anterior. Em relação aos antecedentes obstétricos, 50% tinham pelo menos um aborto prévio, porém nenhuma com abortos de repetição; 42% tinham história de pelo menos um OF, 8% de pré-eclâmpsia (PE), mas nenhuma de descolamento prematuro de placenta (DPP) ou anomalia congênita. Quanto às comorbidades, 8% tiveram diabetes gestacional, 33% hipertensão crônicas (HAC), 42% desenvolveram PE (dentre as quais 50% tinham HAC), 8% evoluíram com hipertensão gestacional, e 8% DPP. Não houve relato de casos de eclâmpsia ou sífilis gestacional. Houve ocorrência de atividade de doença em 25% das pacientes com LES, e remissão em 38%. O envolvimento renal ocorreu em 3 casos (38%) das pacientes com LES, sendo 2 deles classificados como nefrite classe III ou IV. Em relação ao momento do diagnóstico do OF, 92% ocorreu previamente ao parto, com 50% dos casos apresentando algum indício de vitalidade fetal nos 7 dias prévios ao momento da constatação do óbito. O único caso de OF intraparto ocorreu por DPP em paciente com SAF e ruptura prematura de membranas ovulares pré-termo. O trabalho de parto foi induzido em 83% dos casos e espontâneo em 8%; em apenas 1 caso (8%) teve indicação de cesariana. O peso ao nascer médio foi de 836,6 g (mediana de 707,5 g, variando entre 190 a 1885 g), com percentil (p) médio de 12,6 e mediana de 2,78, (0 a 99,4), sendo 83% dos casos abaixo do p10 e 50% abaixo do p3. A IG ao nascimento média foi de 27,3 semanas, com mediana de 26,5 semanas (22-34).
Conclusão: Os resultados evidenciam o potencial impacto na morbimortalidade perinatal e materna associados a casos de LES e/ou SAF, como observado na literatura existente. Destaca-se a significativa proporção de OF em IG precoces e de casos de restrição de crescimento fetal.
1821
Obstetrícia
NATIMORTALIDADE POR SÍFILIS CONGÊNITA EM DOIS CENTROS DE REFERÊNCIA NO MRJ: ESTUDO DESCRITIVO DO PERÍODO 2009 A 2018. Autores: Eloá Costa Cândido Fontana, Clara dos Santos Leal Costa, Aline Portelinha Rodrigues Cunha, Guilherme Ribeiro Ramires de Jesus, Marcos Augusto Bastos Dias Palavras-chaves:
Natimortalidade
, Sífilis congênita
, Assistência pré natal
, Transmissão vertical
, Sífilis na gestação
Resumo
NATIMORTALIDADE POR SÍFILIS CONGÊNITA EM DOIS CENTROS DE REFERÊNCIA NO MRJ: ESTUDO DESCRITIVO DO PERÍODO 2009 A 2018.
INTRODUÇÃO: A sífilis na gestação é uma causa frequente e evitável de natimortalidade e de desfechos perinatais adversos. A gravidade da transmissão vertical depende do estágio da infecção materna e da idade gestacional (IG) em que ocorreu a exposição fetal. A taxa de sífilis congênita, no Brasil, em 2009 foi de 2,1 casos/1.000 nascidos vivos e em 2018 de 9,0 casos/1.000 nascidos vivos. A elevada incidência da sífilis materna e seu impacto na saúde pública, reforça a necessidade de melhorar a qualidade dos serviços de saúde ofertados.
OBJETIVO: Descrever os casos de óbitos fetais tendo como causa básica a sífilis congênita, em dois centros de referência para atendimento de mulheres no ciclo gravídico puerperal, no Estado do Rio de Janeiro.
MÉTODOS: Foram selecionadas mulheres cujas gestações terminaram em óbito fetal (OF) com IG mínima de 20 semanas e/ou pelo menos 500g de peso e que tiveram como causa básica do óbito sífilis congênita, no período entre 01/01/2009 e 31/12/2018 nos dois centros de referência. Foram excluídos os casos de OF em mulheres sem diagnóstico de sífilis e aqueles nos quais a gestante apresentou sífilis, porém a causa básica do OF não foi sífilis congênita.
RESULTADOS: No período do estudo ocorreram 460 óbitos fetais nos centros de referência, sendo 30 casos (6,5%) de sífilis materna confirmado, dentre os quais 13 (2,82%) tiveram como causa do OF sífilis congênita. Este grupo foi formado por mulheres com idade de 21,9 anos em média (17-32 anos) e mediana de 20 anos; 61,5% eram pretas, pardas e/ou indígenas e metade das gestantes tinham baixo grau de escolaridade (menos de 9 anos de estudo). No total, 54% tinham pelo menos uma gestação anterior e 46% eram primigestas. Em relação aos antecedentes obstétricos, 15,3% tiveram no mínimo um aborto prévio; 7,69% já haviam tido uma gestação que evoluiu com óbito fetal. Apesar de 69% das gestantes terem iniciado acompanhamento pré-natal, apenas 23% tiveram mais de 2 consultas e 33,3% iniciaram o acompanhamento entre 21 e 28 semanas. Dentre as gestantes que frequentaram o pré-natal, 61,5% realizaram teste treponêmico e não treponêmico e 38,4% não realizou nenhum exame sorológico. Em relação ao tratamento para sífilis, 23% das gestantes o fizeram, sendo apenas 33,3% considerado tratamento adequado. O momento do diagnóstico do OF ocorreu em todos os casos antes do nascimento. A IG ao nascer foi em média 28,7 semanas (22-36 semanas) e mediana de 27 semanas. O parto foi induzido em 100% dos casos. O peso médio ao nascer foi 1243 g (540 - 2272g) e mediana de 1300g.
CONCLUSÃO: Os resultados evidenciam que a sífilis congênita persiste como causa relevante de OF, mais frequente em populações com piores indicadores socioeconômicos e com menos acesso à saúde, especialmente no pré-natal. O enfoque na promoção e prevenção em saúde é essencial para detectar e tratar precocemente os casos de sífilis na gestação, para reduzir os desfechos gestacionais desfavoráveis.
1768
Obstetrícia
Neoplasia trofoblástica gestacional após gravidez molar tubária Autores: Juliana Gomes Poli, Samia Insaurriaga Jundi, Cassia Juliana Cattai, Adriene de Lima Vicente Ferreira, Luciano Antonio Marcolino, Marcelo Sá de Araujo, Consuelo Lozoya, Antonio Braga Palavras-chaves:
Doença Trofoblástica Gestacional
, Quimioterapia Combinada
, Gravidez Tubária
Resumo
Neoplasia trofoblástica gestacional após gravidez molar tubária
INTRODUÇÃO: É doença trofoblástica gestacional (DTG) anomalia da gravidez que congrega formas benignas (mola hidatiforme completa e parcial) e malignas (mola invasora, coriocarcinoma, tumor trofoblástico do sítio placentário e tumor trofoblástico epitelioide), denominada neoplasia trofoblástica gestacional (NTG). Conquanto metade da NTG decorra de gravidez molar intrauterina, qualquer gestação pode progredir para esse quadro. Apresentamos relato de raro caso de NTG após gestação molar ectópica tubária (aprovação ética: 63209422.2.2.0000.5243). RELATO DE CASO: G.P.S.B., 35 anos, IXG VIP IIA, foi admitida em uma maternidade de Niterói/RJ em novembro/2021, com dor abdominal aguda. Após diagnóstico de prenhez ectópica rota, a paciente foi submetida a laparotomia exploradora com salpingectomia à esquerda. Pós-operatório sem intercorrências, com alta hospitalar após 2 dias da cirurgia. Em janeiro de 2022, ela apresentou dor abdominal intensa, astenia, vômitos e sangramento retal e transvaginal. Ao exame físico, observou-se volumosa massa pélvica, pétrea, que se estendia para além da cicatriz umbilical, com contornos mal definidos. Por apresentar dosagem de gonadotrofina coriônica humana (hCG) positivo, suspeitou-se de NTG, sendo a paciente transferida ao Centro de Referência de DTG de um hospital quaternário. Com dosagem de hCG de 1.125.000 UI/L e ressonância nuclear magnética (RNM) mostrando útero aumentado, com massa heterogênea, sólida/cística, que se estendia até mesogastro, medindo 19x17x9,3cm, indissociável do retosigmoide, confirmou-se o diagnóstico de NTG. Revisão da lâmina proveniente da tuba esquerda, foi compatível com mola hidatiforme parcial (imuno-histoquímica p52kip2 positiva). Iniciou-se quimioterapia (QT) de indução com baixa dose de etoposide-cisplatina (EP) por trata-se de doença em avançado estádio e grave comprometimento clínico da paciente. Após o primeiro ciclo, ela apresentou sangramento transvaginal e retal maciços, além de síndrome do desconforto respiratório agudo, devido à hipertireodismo, sendo encaminhada à Unidade de Terapia Intensiva, onde foi tratada com hemotransfusão, beta-bloqueadores, drogas antitireoidianas, e ventilação não-invasiva. Após compensação clínica, foram feitos mais dois ciclos EP indução, com progressão para regime EMA/CO (etoposide, metotrexato, actinomicina-D, ciclosfosfamida e vincristina), com remissão após 9 ciclos. Após o término da quimioterapia, exame físico demonstrou desaparecimento da massa abdominal e RNM de controle demonstrou apenas tecido cicatricial no local prévio do tumor. Atualmente, ela segue em remissão com acompanhamento rigoroso de hCG ambulatorialmente. COMENTÁRIOS: Apesar de raro, é importante lembrar a importância do estudo anatomopatológico nos casos de prenhez ectópica, a fim de diagnosticar precocemente a DTG extrauterina. A NTG deve ser sempre lembrada como causa curável de tumores pélvicos volumosos no menacme.
1863
Obstetrícia
Óbito por sífilis congênita em município de Região Metropolitana do Rio de Janeiro em 2023, relato de caso Autores: Mauro Romero Leal Passos, Adriana Camara Colombo, Claudia Cristina de Oliveira, Cecília Turque dos Santos, Carolina Varella Leal Passos, Paula Varella Leal Passos, Christina Thereza Machado Bittar Palavras-chaves:
Sífilis
, Sífilis congênita
, óbito
Resumo
Óbito por sífilis congênita em município de Região Metropolitana do Rio de Janeiro em 2023, relato de caso
Introdução: Casos de sífilis congênita (SC) são frequentes no Brasil. O estado do Rio de Janeiro tem o maior número de óbitos por SC entre todos os estados. Em 2021, foram registrados 188 óbitos por SC.
Relato do Caso: Gestante com idade entre 19 e 25 anos internou no Hospital Municipalizado Adão Pereira Nunes, Duque de Caxias, depois de ser recusada em dois hospitais de outros municípios, com diagnóstico de feto morto. Mostrava Caderneta de Gestante com 8 consultas. Em 4 tinha relato de “aguardando resultado de exames”, anotação de tratamento para sífilis primária (2.4 mi de penicilina benzatina) após teste rápido reagente, realizado 58 dias antes e na 6ª. consulta, 5 meses depois da primeira. Mostrava VDRL 1:512 com coleta após dose única de penicilina. Iniciamos vigilância epidemiológica na maternidade. Negou manifestações clínicas de sífilis recente em si ou em parcerias sexuais. Indagada sobre o que pensava da situação disse, de pronto, “me sinto muito culpada”. Fomos, 10 dias depois, na unidade de saúde do pré-natal e conversamos com profissional que atendeu a gestante. Nos informou que, “classificou como sífilis primária porque era a primeira vez que a mulher apresentou teste positivo, seguindo orientações da secretaria de saúde do município”. Na unidade não tem médico para acompanhar o pré-natal, os exames são solicitados em um dia, agendados em outro, o sangue coletado em outro e atraso de recebimento de resultados não é raro. O tratamento não é realizado no dia de diagnóstico. Primeiro, a notificação (mesmo gestante) vai para a secretaria de saúde e só depois o antibiótico é enviado para o posto. Após a chegada das ampolas, a gestante é chamada para a administração da penicilina.
Comentários: Sífilis congênita e óbito por SC reflete, na maioria dos casos, má qualidade de pré-natal, seja na forma do atendimento direto à gestante, seja na gestão dos fluxos de atenção na rede básica de saúde. O presente caso foi mais um exemplo, infelizmente.
1825
Obstetrícia
O Impacto da Pandemia da COVID-19 na Saúde Mental das Gestantes e Puérperas Autores: Alice Ramos Codeço Monteiro, Aline Rodrigues da Cruz, Maria Eduarda Ramos Codeço Sueth, Marina Hübner Freitas dos Santos Silva Machado, Camilla Calvi Batista Ofranti, Vanessa Ferreira da Silva Palavras-chaves:
COVID-19
, Saúde Materna
, Pandemia
Resumo
O Impacto da Pandemia da COVID-19 na Saúde Mental das Gestantes e Puérperas
OBJETIVO: Analisar a saúde mental de gestantes e puérperas no contexto da pandemia do COVID-19 e quais foram os impactos gerados à população materna pela mesma. FONTE DE DADOS: O estudo foi conduzido em uma revisão sistemática com base na literatura atual publicada a partir do ano de 2018 até 2023, utilizando-se das bases de dados MEDLINE, PubMed, livros e artigos publicados em revistas e periódicos rastreados em plataformas de dados em Medicina, bem como artigos originais e repositórios universitários. SELEÇÃO DE ESTUDOS: Ao todo foram selecionados 20 estudos, que após a exclusão de duplicidade e, optando por artigos mais recentes, foram eleitos 5 artigos integralmente acessados e lidos, sendo incluídos na revisão. COLETA DE DADOS: Revisão Sistematizada de literatura, utilizando os principais bancos de dados On-line. RESULTADOS: Durante a gestação ocorrem intensas modificações psicológicas e fisiológicas na mulher que podem refletir diretamente na sua saúde mental. Sobreposto a esse fato, o contexto da pandemia da COVID-19, pode influenciar nos transtornos de humor maternos, mantendo-se aflorados durante o período. De acordo com a Organização Mundial da Saúde, as mulheres, principalmente as gestantes e puérperas, foram os grupos mais vulneráveis a problemas psicológicos durante a pandemia da COVID-19; isso se explica dado o contexto do medo da contaminação na gestação, da vulnerabilidade ao parto prematuro e das incertezas sobre o parto e o pós-parto nas mulheres infectadas, principalmente pelo fato de que no início da pandemia não havia estudos e pesquisas que esclarecessem de forma precisa a respeito da doença e suas consequências. Há ainda a importância de ressaltar a falta de adesão ao pré-natal no período pandêmico, devido à quarentena e ao isolamento social, que impulsionaram ainda mais medos e incertezas, principalmente nas gestantes, que perderam o contato e acompanhamento médico durante o pré-parto. Combinado a tudo isso, os sentimentos de medo e solidão ficaram mais evidentes, gerando aumento de sintomas depressivos e de ansiedade, reforçando, assim, a necessidade de assistência pré-natal com a flexibilidade de acesso para um eficaz acompanhamento médico de forma humanizada, com o objetivo de garantir suporte emocional à gestante, cuidando e priorizando a sua saúde mental. CONCLUSÃO: Com todos os sentimentos de incerteza, medo, solidão e ansiedade que pairam nos pensamentos das gestantes e puérperas, evidencia-se a necessidade do acompanhamento psicológico de suporte a essa população. No que tange à assistência pré-natal, é de suma importância incentivá-la, visto que, dessa forma, é possível acompanhar essas mulheres de maneira ativa e eficaz, a fim de minimizar as chances de danos psicológicos, tanto na gestação, quanto no puerpério. Neste contexto, é possível afirmar que a COVID-19 impactou de forma significativa a saúde mental materna durante a pandemia, perpetuando medos e inseguranças, até hoje, no cenário pós-pandêmico.
1833
PTGIC (Patologia do trato genital inferior e colposcopia)
O IMPACTO DOS PRODUTOS DE HIGIENE ÍNTIMA SOBRE A SAÚDE VULVOVAGINAL Autores: Ludmila Frutuozo Silveira Medronho, LARISSA VERAS MENEZES, Fernanda Rossi Bazzanella, Victor Faria de Oliveira, Yanka Costa Farias Palavras-chaves:
PRODUTOS DE HIGIENE FEMININA
, SAÚDE DA MULHER
, SAÚDE ÍNTIMA
, MICROBIOTA VAGINAL
, PH VAGINAL
Resumo
O IMPACTO DOS PRODUTOS DE HIGIENE ÍNTIMA SOBRE A SAÚDE VULVOVAGINAL
OBJETIVO: O objetivo do presente documento consiste em realizar críticas científicas acerca da presença de potenciais alérgenos nos produtos de higiene feminina mais utilizados e se a utilização e composição desses itens agregam e otimizam a saúde do trato genital feminino. FONTE DE DADOS: Os dados foram coletados das plataformas Google Acadêmico e PUBMED, utilizando os indexadores “higiene vulvar e sabonetes íntimos” e “vulvar hygiene”. Foi utilizado como filtro os trabalhos publicados nos últimos 5 anos. SELEÇÃO DE ESTUDOS: Foram avaliados 20 estudos prévios sobre o tema, realizando por fim a seleção de 5 destes para uma melhor compreensão dos resultados obtidos. Os critérios abrangeram o grau de relevância científica do estudo, a preferência por estudos nacionais e a metodologia empregada. COLETA DE DADOS: Os artigos avaliados utilizaram métodos de pesquisa baseados na submissão de mulheres em idade reprodutiva a exames ginecológicos, laboratoriais e preenchimento de um questionário sobre higiene íntima. Além disso, realizaram análise das marcas mais vendidas de lenços umedecidos para a higiene íntima, como também avaliaram mulheres saudáveis por 30 dias em uso diário de sabonetes íntimos na pele vulvar comparando dois produtos específicos para a higiene íntima. RESULTADOS: Os estudos analisados demonstram que o potencial de hidrogênio (pH) têm grande impacto na microbiota vulvovaginal e que a interação química desses produtos com a barreira cutânea não queratinizada da região genital feminina está fortemente associado ao desenvolvimento de dermatite de contato, haja vista a demonstração de estudos com lenços umedecidos rotulados como “natural”, “fragrance-free”, “soothing”, “organic” causando hipersensibilidade tipo IV, assim como todos os outros produtos testados. Foram apontados como os principais componentes sensibilizantes as fragrâncias e o tocoferol. Além disso, cerca de 70% das mulheres avaliadas utilizam produtos adstringentes para a rotina de higiene vulvar, coincidindo com o mesmo percentual de mulheres que já apresentaram queixas ginecológicas como infecção e dermatite. CONCLUSÕES: Entende-se por fim, que o impacto na microbiota e no pH vulvoginal são norteadores na escolha da mercadoria de higiene ideal. É importante ressaltar que os produtos de higiene íntima usados por mulheres em idade reprodutiva apresentados nos trabalhos aferidos, em sua maioria, apresentaram complicações como dermatite de contato e infecções. Confirmando assim a complexidade na definição de itens da higiene feminina seguros a serem recomendados visando benefícios à saúde vulvovaginal.
1801
Ginecologia
O PERFIL DE ATIVIDADE SEXUAL DE MULHERES COM PROLAPSO GENITAL Autores: Ravine Sales Nunes, Ricardo José de Souza, Nathalia Cristina Cruz Silva Palavras-chaves:
Comportamento sexual
, Prolapso de Órgão Pélvico
, Prolapso
Resumo
O PERFIL DE ATIVIDADE SEXUAL DE MULHERES COM PROLAPSO GENITAL
INTRODUÇÃO: Prolapso genital é definido como a herniação de órgãos pélvicos para ou além das paredes vaginais. Ocorre em até 50% das multíparas e pode estar relacionado a sintomas pélvicos, urinários, intestinais e sexuais. A disfunção sexual e os distúrbios do assoalho pélvico são problemas associados, impactando particularmente aquelas mulheres com incontinência urinária ou fecal durante a atividade sexual. Logo, torna-se relevante correlacionar o diagnóstico de prolapso genital e os impactos no comportamento sexual dessas mulheres, visto que a sexualidade é um componente importante da qualidade de vida e, muitas vezes, o objetivo do tratamento. OBJETIVO: Identificar o perfil da atividade sexual das mulheres com prolapso genital atendidas no ambulatório de uroginecologia. METODOLOGIA: Esse é um estudo transversal com mulheres diagnosticadas com prolapso genital atendidas no ambulatório de uroginecologia de um hospital terciário, realizado entre Janeiro de 2021 a Janeiro de 2023. Todas as pacientes envolvidas assinaram o termo de consentimento Livre e esclarecido. Durante a anamnese, além dos dados demográficos, foram coletadas informações sobre o hábito de atividades sexuais dessas mulheres e o principal motivo para a abstenção sexual, caso houvesse. O prolapso genital foi diagnosticado através de exame físico, utilizando a classificação pelvic organ prolapse quantification (POP-Q) e considerando o estágio II ou maior. O sítio do prolapso foi dividido por compartimento e classificado como anterior (parede anterior da vagina), apical (útero ou cúpula vaginal) e posterior (parede posterior). A análise estatística foi apresentada como frequência, porcentagem, mediana e intervalo interquartil. As variáveis numéricas foram analisadas com o teste t-student e as categóricas com qui-quadrado. RESULTADOS: No total, 182 mulheres participaram da pesquisa, sendo que 141 (77,5%) disseram que não estavam tendo relações sexuais e 41(22,5%) que estavam. As mulheres que ainda mantinham relações sexuais foram 10 anos mais novas do que aquelas sem relação sexual (p < 0,001). Outro fator importante foi o sítio vaginal acometido; as mulheres com prolapso apical relataram significativamente menos atividade sexual do que aquelas sem (p = 0,042). A falta de parceiro foi a causa mais comum para não relações sexuais (71/182) e o prolapso, o segundo motivo mais frequente (27/182). Ao todo, 20 mulheres disseram não pretender ter relações sexuais futuramente e 9 não tinham devido a problemas do parceiro. CONCLUSÃO: Dessa forma, pode-se concluir que com o avançar da idade existe uma tendência a reduzir a atividade sexual, que pode estar associado a maior prevalência de prolapsos genitais em mulheres mais velhas acrescidos de fatores sociais, como a falta de parceiro nessa faixa etária ou problemas de saúde deles. Além disso, observa-se um maior impacto dos prolapsos do compartimento apical que os demais na atividade sexual.
1849
PTGIC (Patologia do trato genital inferior e colposcopia)
OS DESFECHOS DE LSIL EM SEGUIMENTOS DE 12 A 36 MESES DE PACIENTES DE UMA INSTITUIÇÃO PÚBLICA Autores: BRUNA LETICIA SOUZA TAVEIRA, RITA MAIRA ZANINE, LUCIANA KARINE DOS SANTOS, Nathan Vinicius Mendes Prehl Paulique Palavras-chaves:
LSIL
, HSIL
, Sobretratamento
, Regressão espontânea
, Manejo conservador
Resumo
OS DESFECHOS DE LSIL EM SEGUIMENTOS DE 12 A 36 MESES DE PACIENTES DE UMA INSTITUIÇÃO PÚBLICA
INTRODUÇÃO: O rastreamento do câncer de colo de útero é fundamental para a detecção de alterações celulares típicas da infecção pelo HPV. Dentre as alterações observadas, as lesões de baixo grau (LSIL) correspondem a 1% dos resultados e são reconhecidas pela literatura como benignas e com grande potencial de regressão espontânea em cerca de 12 meses. Mundialmente, as guidelines recomendam o manejo conservador de LSIL, a fim de evitar o sobretratamento de pacientes e consequentes adversidades. Questiona-se quais são as taxas de progressão e regressão espontânea de LSIL, assim como, quais são os fatores que podem contribuir para o desenvolvimento de lesões de alto grau (HSIL), definifidas como pré-neoplásicas. OBJETIVO: A pesquisa teve como objetivo a análise dos desfechos de seguimentos ambulatoriais de pacientes com diagnóstico citológico inicial compatível com LSIL. Objetivou-se, também, o levantamento da taxa de progressão de LSIL para HSIL, da taxa de terapias excisionais, do tempo transcorrido do diagnóstico até a excisão da lesão e da associação com fatores de risco. MÉTODOS: Estudo observacional, analítico e retrospectivo que contou com a coleta de dados de 340 prontuários de pacientes do ambulatório de PTGI do CHC-UFPR. Para a análise, 110 mulheres foram inseridas na pesquisa e tiveram dados observados de acordo com os seguimentos ambulatoriais de 36 meses. Para essa etapa do estudo, considerou-se os desfechos de seguimentos após 12 meses até 36 meses. Para fins estatísticos, aplicou-se a média e o desvio padrão para variáveis contínuas e o teste exato de Fisher para variáveis categóricas. A curva de sobrevida de Kaplan-Meier foi utilizada para avaliar a relação de tempo e desfecho e a regressão de Cox foi utilizada para correlacionar variáveis. RESULTADOS: Das pacientes do estudo, 17 foram incluídas na amostra final, sendo que 4 perderam o seguimento e 13 foram manejadas conforme diretrizes. O grupo “desfecho primário” foi definido por mulheres submetidas à terapia excisional ou que apresentaram persistência de HSIL no seguimento. Nesse grupo foram incluídas 9 pacientes, sendo que as 8 restantes apresentaram regressão espontânea das lesões ou alterações com menor risco oncológico e, portanto, foram classificadas como “sem desfecho primário”. A média de idade do grupo foi de 33,7 (± 6,58) anos com média de sexarca de 16,11 (± 2,42) anos, com médias de 1 filho e 5 parceiros por mulher. Dentro do grupo, 55,5% usavam métodos contraceptivos hormonais e eram tabagistas. Uma paciente perdeu seguimento e 8 foram submetidas ao tratamento invasivo, sendo que, destas 8, 1 apresentou resultado anatomopatológico compatível com ausência de malignidade e 7 apresentaram resultados compatíveis com lesão de alto grau e, portanto, tiveram manejo adequado. CONCLUSÕES: Após 12 meses de seguimento, pequena parcela das lesões progridem para HSIL, portanto, manter a conduta expectante de LSIL se mostra apropriado e evita o sobretratamento e suas adversidades.
1842
Ginecologia
OZONIOTERAPIA NA ENDOMETRIOSE: RELATO DE CASO Autores: Walter Palis Ventura, Alberto Alves Borges, Jorge Fonte de Rezende Filho, Bruna Obeica Vasconcellos, Helena de Sant' Anna Fonseca Alves, Marcos Paulo Cardoso Marques, Jacqueline Assumção Silveira Montuori, Amanda Barata Reis Palavras-chaves:
Ozonioterapia
, Endometriose
, Fertilidade
Resumo
OZONIOTERAPIA NA ENDOMETRIOSE: RELATO DE CASO
INTRODUÇÃO
A endometriose é uma doença caracterizada pela implantação de tecido endometrial fora da cavidade uterina tendo como queixas: dismenorreia, dispareunia e dor pélvica crônica, além de ser uma das principais causas de infertilidade, tendo impacto na qualidade de vida de suas portadoras. Atualmente, há evidências de que a endometriose está associada a uma resposta inflamatória na cavidade peritoneal tendo o estresse oxidativo como fator na fisiopatologia da doença, considerando a ozonioterapia como opção de tratamento. Trata-se de um procedimento que consiste na aplicação de gases oxigênio e ozônio por diversas vias.
RELATO DE CASO
Paciente feminina, 31 anos, GIPIA0 (cesariana há 13 anos), com diagnóstico de endometriose profunda e queixas de dores abdominais de moderada intensidade, sem uso de métodos contraceptivos e com desejo de engravidar. Aguardava SISREG para cirurgia. Refere que após tratamento com 6 ciclos de ozonioterapia no Hospital Municipal da Piedade apresentou TIG positivo. Iniciou o Pré Natal com 12 semanas e 1 dia de gestação pela ultrassonografia de 1º trimestre. Não houve intercorrências, realizado parto cesáreo com 39 semanas devido parada de progressão.
COMENTÁRIOS
A ozonioterapia surge, no caso apresentado, como uma nova abordagem após insucesso das condutas tradicionais, concretizando o desejo da gestação em uma paciente portadora de uma condição limitante a tal realização. Essa limitação pode ser desencadeada por um desequilíbrio entre espécies reativas e mecanismos antioxidantes causados pela ativação de mácrofagos pelo tecido endometrial. Esse mecanismo gera oxidação e nitração de estruturas, explicando parcialmente a alta taxa de infertilidade nessa condição. Além disso, o estresse oxidativo é capaz de afetar alguns processos como a maturação de oócitos, ovário esteroidogênese, luteólise, manutenção lútea e outros. O ozônio melhora a oxigenação corporal, modula as reações inflamatórias e aumenta o sistema antioxidante e imunológico, desempenhando um papel importante na redução de aderências, aumentando as chances de fertilidade. Não somente, oferece uma terapêutica menos invasiva e melhor qualidade de vida. Por fim, embora o sucesso gestacional no caso apresentado, torna-se relevante retratar a dificuldade de adoção do método devido a poucos estudos realizados, não sendo bem estabelecido seus benefícios na literatura, além do alto custo e dificuldade de acesso pela população.
1812
PTGIC (Patologia do trato genital inferior e colposcopia)
Patologia do Trato Genital: Relato de Caso Autores: Naiana da Silva Castro Rodrigues, Julia Lemos Leboreiro, Bruna Obeica Vasconcellos, Jacqueline Assumção Silveira Montuori, Marcos Paulo Cardoso Marques, Vanessa Rodrigues Apfel Palavras-chaves:
HPV
, Papanicolau
, Rastreamento
Resumo
Patologia do Trato Genital: Relato de Caso
INTRODUÇÃO
O câncer de colo de útero é a terceira neoplasia mais incidente no Brasil e responsável por um número elevado de mortes entre a população feminina. Iniciar relação sexual precocemente, multiplicidade de parceiros, história de infecções sexualmente transmitidas e multiparidade são fatores de risco para sua incidência.O Papanicolaou é a principal estratégia para detectar precocemente lesões precursoras em mulheres de 25 a 64 anos de idade, e se nos dois primeiros exames os resultados estiverem normais, sua repetição só será necessária após três anos. Porém, em mulheres jovens sintomáticas, sua realização pode ser necessária se houver sangramento vaginal anormal, dispareunia ou até dor pélvica com edema de membros inferiores.A respeito do rastreio do câncer de colo de útero, o principal exame é o Papanicolau, cujo objetivo é identificar anormalidades celulares. Em relação a idade de início de rastreio vale frisar que em pacientes menores de 21 anos que possuem um risco moderado, é sugerido realizar a colpocitologia. Como presente no caso, apesar de não estar dentro da faixa etária para a coleta do exame, apresentava sinais e sintomas sugestivos de câncer de colo de útero, adotamos uma conduta individualizada.Do mesmo modo que a realização do exame citológico é imprescindível, vale destacar a importância da anamnese e do exame físico para o diagnóstico dessa patologia. Nessa paciente pode-se observar então,sinais sugestivos que indicavam possível gravidade, o sangramento vaginal.Na anamnese dirigida, é importante investigar as queixas da paciente, a presença de fatores de risco,a última coleta do citopatológico e seu resultado.O exame físico irá corroborar para a hipótese diagnóstica, podendo ser observados sinais sugestivos do câncer de colo, como a lesão vegetante apresentada pela paciente.
RELATO DE CASO
Paciente 24 anos, G1P1A0, sem comorbidades, veio à unidade queixando-se de sangramento transvaginal intermitente há mais de 1 ano,último citopatológico há 2 anos. Ao exame especular: colo róseo com presença de lesão vegetante em todo LP e estendendo-se para parede vaginal lateral direita. Paciente encaminhada para colposcopia: lesão vegetante em lábio anterior, friável à manipulação.Foi realizada a biópsia: carcinoma moderadamente escamoso.
CONCLUSÃO
No presente relato, apesar de pelo Ministério da Saúde a paciente não ser elegível para exame de rastreamento do câncer de colo uterino, constatamos que em casos selecionados, excepcionalmente, os sinais e sintomas apresentados demonstraram haver necessidade da realização de propedêutica mais adequada e uma conduta individualizada para a sua queixa inicial. Não se pode prescindir da anamnese e exame físico adequados para deslindar as hipóteses diagnósticas de cada caso. Devemos ter os protocolos em mente e segui-los, mas individualizar a conduta quando julgarmos adequado.
1721
Obstetrícia
PERFIL DAS PACIENTES COM PRÉ-ECLAMPSIA EM UM HOSPITAL UNIVERSITARIO Autores: Isabelle Gamberoni Assumpção, Ana Paula V S Esteves Palavras-chaves:
Hipertensão Induzida pela Gravidez
, Near Miss
, Mortalidade Materna
, Epidemiologia Clínica
Resumo
PERFIL DAS PACIENTES COM PRÉ-ECLAMPSIA EM UM HOSPITAL UNIVERSITARIO
INTRODUÇÃO Os distúrbios hipertensivos são a maior causa de mortalidade materna. Estes são associados à graves morbidades e ao maior desenvolvimento e morte por doença cardiovascular, além de complicações fetais. Um grupo de fatores de médio e alto risco está intimamente relacionado; identificando-os, a profilaxia e o diagnóstico precoce podem ser mais efetivos e gerar melhores desfechos. OBJETIVO Analisar a população de grávidas diagnosticadas com hipertensão no hospital universitário. MÉTODOS Pesquisa quantitativa, retrospectiva, descritiva e analítica. Foram analisadas todas as internações obstétricas em 2019 e selecionados casos de hipertensão. Em uma amostra de 1.485 internações totalizaram 154(10,4%) com tal diagnóstico. O projeto atendeu às Resoluções 466/12 e 530/19, aprovado pelo Comitê de Ética nºCAAE: 30255320.0.0000.5247. RESULTADOS: A faixa etária média esteve em 28,6 anos. São brancas 50,6%(78); pardas 33%(51) e pretas 11%(17). A respeito da classificação, 60%(91) é referente à pré-eclâmpsia (PE) e 26%(39) dos diagnósticos foram de PE sobreposta, sendo 2,6%(4) HELLP. Quanto aos antecedentes obstétricos 22,7%(35) tem história de perda, sendo 19%(29) aborto prévio e 4,5%(7) natimortos; 0,65%(1) tem história de trombofilia; 0,65%(1) tem antecedente de descolamento prematuro de placenta. Ademais, 9,7% (15) tem PE prévia e 0,65% (1) história familiar positiva para tal. Sobre a gravidez atual, 28,5%(44) eram primíparas, possuem hipertensão crônica 28,5% (44); nefropatia 0,65%(1); 0,65%(1) tem trombofilia; 0,65%(1) possuíram gravidez múltipla; 1,95%(3) eram diabéticas prévias; 16,8%(26) desenvolveram na gestação; 5,8%(9) eram obesas; 20,1%(31) tinham mais de 35 anos e 7,8% (12) menos que 19. A via de parto mais prevalente foi a cesárea totalizando 62,33%(96). Foram identificadas 4,5%7) puérperas. CONCLUSÃO: O estudo permitiu caracterizar a incidência e o perfil das gestantes, relacionando com as características sociodemográficas, obstétricas, complicações, desfecho fetal e materno. Dentro da população amostral estudada, 75%(116) apresentou pelo menos um fator de risco na história epidemiológica, patológica ou obstétrica. Em relação à saúde pública, ressalta-se necessidade de maior atenção às doenças não transmissíveis bem como deve-se lançar mão de iniciativas que aumentem a conscientização para que o pré-natal tenha início precoce. Destaca-se a importância da capacitação dos profissionais da atenção primária sobre avaliação de risco, precisa medição da pressão, aconselhamento e garantia de disponibilidade de aspirina, bem como sua adesão. Enfatiza-se que o near miss deve ter cada vez maior destaque para que sejam detectados de forma precoce. Do mesmo modo deve-se valorizar o aconselhamento sobre gestações futuras uma vez que em caso de HELLP risco de recorrência é até 27% e se a gestação terminou antes de 32 semanas o risco na gestação subsequente é de até 61%.
1722
Obstetrícia
PERFIL DOS PROCEDIMENTOS DE CURETAGEM UTERINA PARA RESOLUÇÃO DE MOLA HIDATIFORME NO ESTADO DO RIO DE JANEIRO NOS ÚLTIMOS 10 ANOS Autores: Mayara Affonso São Roque, Heloá Santos Faria da Silva, Ana Beatriz de Mello Domingos, Victoria Abreu Gomes, Júlia Magalhães Motta Palavras-chaves:
mola hidatiforme
, ginecologia
, despesas públicas
Resumo
PERFIL DOS PROCEDIMENTOS DE CURETAGEM UTERINA PARA RESOLUÇÃO DE MOLA HIDATIFORME NO ESTADO DO RIO DE JANEIRO NOS ÚLTIMOS 10 ANOS
A doença trofoblástica gestacional (DTG) é um distúrbio da gravidez causado pela proliferação e diferenciação defeituosa do trofoblasto com caráter benigno ou maligno. O diagnóstico de DTG é clínico e a suspeita começa na primeira metade da gestação com o surgimento de sangramento vaginal intermitente, ausência da ausculta dos batimentos cardíacos fetais, sinais de toxemia, hipertireoidismo ou hiperêmese, além da dosagem do BHCG e o volume uterino não corresponderem ao tempo da gestação. O tratamento se dá pelo esvaziamento uterino da mola hidatiforme, através da curetagem. O objetivo deste trabalho é analisar o atual panorama dos procedimentos de curetagem uterina devido à Mola Hidatiforme realizados no Estado do Rio de Janeiro durante 10 anos e correlacionar a epidemiologia atual com os resultados obtidos. Realizou-se uma revisão da literatura e uma coleta observacional, descritiva e transversal dos dados de curetagem uterina por mola hidatiforme, disponíveis no DATASUS – Sistema de Informações Hospitalares do SUS (SIH/SUS) no período de agosto de 2012 a agosto de 2022, avaliando o número de internações, valor de gastos públicos, complexidade, taxa de mortalidade, óbitos, permanência e caráter de atendimento e artigos disponíveis em Scielo, Lilacs e PubMed. No período analisado observaram-se 944 internações para a realização de curetagem uterina por mola hidatiforme, representando um gasto total de R$ 161.641,31, sendo 2014 o ano com maior número de internações (191), além de também ter sido o ano responsável pelo maior valor gasto durante o período (R$ 37.730,72). Do total de procedimentos, 87 foram realizados em caráter eletivo e 857 em caráter de urgência, sendo sua ocorrência de 466 no setor público, 89 no privado e 389 com regime ignorado. Todos os 944 procedimentos são considerados de média complexidade. A taxa de mortalidade total nos 10 anos estudados foi de 0,11, correspondendo a 1 óbito em 2014, ocorrido em caráter de atendimento de urgência no setor público. A média de permanência total de internação foi de 2 dias, sendo seu custo médio de R$ 171,23. Nesse contexto, pode-se observar, a partir do presente estudo, que os procedimentos de curetagem uterina para a resolução da DTG são realizados, em sua maioria, em caráter de urgência, tendo baixa permanência do tempo de internação e médio risco cirúrgico, o que ratifica ser considerado um procedimento de média complexidade.
1782
Obstetrícia
PERFIL OBSTÉTRICO, DEMOGRÁFICO E SOCIOECONÔMICO DE GESTANTES ASSISTIDAS POR UM PROJETO DE EXTENSÃO NO MUNICÍPIO DE SÃO PEDRO DA ALDEIA, RJ. Autores: Bárbara Rodrigues Pereira, Ana Clara de Moraes Duarte, Millena Duarte de Paula, Yasmim Garcia Ribeiro, Isabella Rodrigues Braga, Inglidy Oliveira de Souza, Giovana Secco Alberto Souza, Fernanda Amorim de Morais nascimento Braga Palavras-chaves:
Pré-natal
, Projeto de extensão
, Gravidez
Resumo
PERFIL OBSTÉTRICO, DEMOGRÁFICO E SOCIOECONÔMICO DE GESTANTES ASSISTIDAS POR UM PROJETO DE EXTENSÃO NO MUNICÍPIO DE SÃO PEDRO DA ALDEIA, RJ.
Introdução: A realização do pré-natal obstétrico é essencial para a saúde materna e
fetal, sendo ambiente ideal para a promoção da saúde e aleitamento materno, bem como
para identificar eventuais vulnerabilidades socioeconômicas e doenças pré-existentes
que possam afetar a saúde da gestante e do feto. Objetivo: Analisar as características
gestacionais do pré-natal de mulheres atendidas por um projeto de extensão em unidade
básica de saúde. Metodologia: Estudo descritivo, do tipo relato de experiência, a partir
das ações desenvolvidas semanalmente pelo projeto de extensão intitulado “Grupo de
apoio e promoção do aleitamento materno em unidade básica: promovendo uma rede
de apoio e cuidados a saúde da mulher e criança” (SIGPROJ
254453.1327.197466.07122016) no período de maio a novembro de 2021 na Unidade
Básica de Saúde vinculada ao Programa de Atenção Integral à Saúde da Mulher,
Criança e Adolescente (PAISMCA) de São Pedro da Aldeia/RJ. Os dados foram
analisados por meio do software Excel for Windows ® 365. As informações coletadas
consistem em: idade, profissão, estado civil, moradia, acesso à água encanada e à rede
de esgoto, renda familiar, planejamento familiar, doenças anteriores, experiências
passadas com amamentação, além do início do acompanhamento nutricional e do pré-
natal. Resultados: Durante os seis meses do projeto nesta unidade, foram
acompanhadas 21 gestantes (n=21) com idade média de 31 anos (±6,4 anos). Dessas, a
maioria vive com o companheiro ou é casada (n=14; 66,66%) e declarou ser “do lar”
(n=9; 42,85%). Todas tinham água encanada em suas moradias e 85,71% (n=18)
possuíam acesso à rede de esgoto. Grande parte detinha casa própria (n=13; 61,90%) e
renda familiar de 1 a 2 salários-mínimos (n=14; 66,66%). Todas as mulheres estavam
em acompanhamento regular de pré-natal obstétrico, das quais 61,9% (n=13) delas
iniciou este acompanhamento até à 9ª semana gestacional (SG) e 66,66% (n=14)
declaram que a gestação atual não foi planejada. O acompanhamento nutricional iniciou
após a 17ª SG para a grande maioria delas (n=18; 85,71%). Ainda, 23,80% (n=5)
apresentavam alguma Doença Cardiovascular (pré-gestacional) e 87,50% (n=14) delas
amamentaram em gestações anteriores. Conslusão: As gestantes acompanhadas
apresentaram risco para a vulnerabilidade social e de saúde, principalmente por não
aderirem o acompanhamento nutricional desde o início do pré-natal obstétrico e por
apresentarem índices de aleitamento materno abaixo do recomendado pelo Ministério da
Saúde.
1732
Ginecologia
Pobreza menstrual: uma revisão sistemática da literatura para caracterizar a população de mulheres em vulnerabilidade menstrual. Autores: Maria Isabel do Nascimento, ANA LUIZA MORGADO COSTA, GABRIELLA LIMA PEREIRA DA SILVA, KATHERINE DA SILVA DE JESUS, MARIA CLARA DE OLIVEIRA LEMES, PAULA BARBOSA MAIA Palavras-chaves:
menstruação
, saúde menstrual
, higiene menstrual
, pobreza
Resumo
Pobreza menstrual: uma revisão sistemática da literatura para caracterizar a população de mulheres em vulnerabilidade menstrual.
Introdução: “Pobreza menstrual” reflete um cenário de grande invisibilidade e injustiça social que impõe às mulheres penalizações relacionadas a tabus, estigmas, vergonha e discriminação, além de reduzir o acesso ao tratamento ginecológico de sangramentos anormais, dismenorreia, infecções e síndrome pré-menstrual. Objetivo: Desenvolver uma revisão sistemática para identificar as populações vulneráveis à condição de “pobreza menstrual”. Fontes de dados: A foi registrada no PROSPERO com o número CRD42021266058 e foi desenvolvida de novembro a dezembro 2021 por consulta às bases PUBMED, LILACS, SCIELO Brasil e GOOGLE SCHOLAR. A pergunta de pesquisa foi: “quais são os grupos de mulheres que são vulneráveis à situação de pobreza menstrual?”. A combinação de descritores foi: (((((menstruation) OR (hygiene)) OR (menstrual hygiene)) OR (menstrual health)) OR (period, menstrual)) AND ((period poverty) OR (poverty)). O fato de o termo ‘pobreza menstrual’ não constar ipsis litteris na base de descritores DeCs/MESH e o pequeno número de publicações recuperadas na literatura cinza foram limitações no estudo. Seleção de estudos: Foram incluídos estudos quantitativos, qualitativos e mistos. Foram excluídos estudos de revisão e publicações que não apresentavam resultados empiricamente testados. Coleta de dados: Duplas de pesquisadoras foram responsáveis pela leitura, seleção e coleta de dados, conforme os critérios de inclusão e exclusão. Resultados: Do total de estudos recuperados (n=2457), seis delinearam as características de populações vulneráveis. Um fator comum que caracteriza as populações vulneráveis são as condições socioeconômicas desfavoráveis, que interferem no acesso a produtos de higiene, ao saneamento básico e à educação de qualidade. Meninas em idade escolar, na transição do ensino fundamental para o médio, muitas vezes em vulnerabilidade econômica, não possuem acesso à educação menstrual adequada nos ambientes escolar e familiar, tanto na visão biológica quanto de manejo. Tal cenário é agravado quando se trata de meninas cuja menarca é precoce, antes dos 9 anos, já que há a antecipação dessas problemáticas, influenciando negativamente suas vidas. Além disso, as mulheres com histórico de uso abusivo de substância (lícita ou ilícita), as que vivem em abrigos de apoio às pessoas imigrantes, refugiadas, não legalmente documentadas, em emergências humanitárias e as que não têm acesso à água também são consideradas vulneráveis à situação de pobreza menstrual. Conclusão: A população vulnerável à pobreza menstrual tem como principal definidor o baixo nível socioeconômico. Outros agravantes se destacam, como a menstruação durante o período escolar, sobretudo em idade precoce e a falta de educação sexual e menstrual. A interseccionalidade de diversas realidades sociais, como o uso abusivo de substâncias, também é determinante nesse problema multidimensional.
1831
Obstetrícia
Pré-Eclâmpsia: Os Benefícios da Terapia com Ácido Acetilsalicílico e Cálcio Autores: Alice Ramos Codeço Monteiro, Aline Rodrigues da Cruz, Brendha Ferrari Bremenkamp, Camilla Calvi Batista Ofranti, Maria Eduarda Ramos Codeço Sueth, Marina Hübner Freitas dos Santos Silva Machado, Vanessa Ferreira da Silva Palavras-chaves:
Gestação
, Hipertensão crônica
, Pré-eclâmpsia
Resumo
Pré-Eclâmpsia: Os Benefícios da Terapia com Ácido Acetilsalicílico e Cálcio
OBJETIVO: Analisar como a associação e administração profilática do ácido acetil salicílico (AAS) e cálcio podem ajudar na prevenção da pré-eclâmpsia. FONTE DE DADOS: Revisão sistemática da literatura, por meio de pesquisa bibliográfica, com buscas em bancos de dados indexados – Pubmed e Medline, incluindo estudos publicados entre 2019 e 2023, em línguas portuguesa e inglesa, mediante os descritores pré-eclâmpsia, hipertensão crônica e gestação. SELEÇÃO DE ESTUDOS: Inicialmente, foram encontrados 1669 estudos. Desses, 16 analisaram gestantes de qualquer idade e etnia, com pré-eclâmpsia grave e foram selecionados para a revisão. COLETA DE DADOS: Revisão sistemática da literatura, usando os principais bancos de dados on-line. RESULTADOS: O AAS diminui a possibilidade de agregação e ativação plaquetárias vistas na pré-eclâmpsia, em decorrência da lesão endotelial sistêmica. É possível, ainda, obter proteção endotelial com o uso do AAS, e, por conta de seu mecanismo, seu uso é proposto na prevenção de doenças cardiovasculares. A suplementação de cálcio possibilita mais disponibilidade deste íon na circulação sistêmica, reduzindo a necessidade de mobilização de cálcio intracelular e evitando-se a contração da musculatura lisa arteriolar, que contribui para elevação dos níveis pressóricos. A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda a prescrição de 150 mg/dia de AAS e de 1,5 g/dia de cálcio elementar (carbonato de cálcio) para gestantes consideradas de risco, sendo que a utilização de cálcio se torna ainda mais importante para populações com baixa ingestão desse. As mulheres podem manter a maior parte de suas atividades físicas normais, não sendo o repouso estratégia terapêutica de rotina para controle pressórico. CONCLUSÕES: A presente revisão sistemática conclui que existem variáveis que influenciam no benefício do tratamento com a associação profilática de AAS e cálcio na prevenção da pré-eclâmpsia, como: dose terapêutica, período de início e horário de ingestão do medicamento. Há consenso de que o tratamento é eficaz quando iniciado antes da 16ª semana de gestação, em gestantes de alto risco. Em relação aos efeitos colaterais e teratogênicos, não foram observados danos às gestantes e ao feto com a utilização dessa profilaxia.
1817
PTGIC (Patologia do trato genital inferior e colposcopia)
PREVALÊNCIA DAS ALTERAÇÕES COLPOCITOLÓGICAS DE MULHERES ATENDIDAS NUM GRANDE HOSPITAL MILITAR Autores: Arleia Ribeiro da Silva, Susana Cristina Aidé Viviani Fialho, Caroline Alves de Oliveira Martins, Isabel Cristina Chulvis do Val Guimarães, Amanda Milanezi Ramon Palavras-chaves:
exame colpocitológico
, neoplasia intraepitelial cervical
, hospitais militares
Resumo
PREVALÊNCIA DAS ALTERAÇÕES COLPOCITOLÓGICAS DE MULHERES ATENDIDAS NUM GRANDE HOSPITAL MILITAR
Introdução: A identificação de alterações colpocitológicas em exames de rastreamento é uma importante estratégia para a detecção precoce do câncer de colo de útero. De forma primária, a prevenção deve ser realizada através da vacinação contra o Papilomavírus humano (HPV), necessário para que haja o câncer de colo de útero. Além da persistência da infecção causada pelo HPV, principal fator de risco para a evolução das lesões pré-malignas e malignas, destacam-se também a imunossupressão, o tabagismo, uso de contraceptivos hormonais, a multiplicidade de parceiros, a idade, sexarca precoce e a multiparidade.Objetivos: Estimar a prevalência das alterações colpocitológicas de mulheres atendidas no ambulatório de um grande hospital militar, e avaliar o perfil epidemiológico dessas mulheres. Material e métodos: Foi realizado um estudo retrospectivo, observacional, transversal, com coleta de dados retirados de prontuários no período compreendido entre janeiro de 2016 e dezembro de 2019. A população do estudo foi de mulheres atendidas no ambulatório de ginecologia e patologia cervical (militares e civis dependentes de militares de todas as regiões do país e do exterior). Resultados: Foram incluídas no estudo 10.970 mulheres. Foram identificadas 217 mulheres com alguma alteração colpocitológica, sendo uma prevalência de 1,98%. A média de idade dessas mulheres foi de 40 anos; a do número de filhos, 1,55; e a da sexarca foi de 18 anos. Com relação às variáveis categóricas, foi identificado que 21,20% das pacientes com exames com alguma alteração colpocitológica (citológico +) faziam uso de contraceptivo hormonal. Quanto ao uso de preservativo masculino 9,22% das pacientes citológicos + referiram uso. A prevalência de mulheres que possuíam algum fator de imunossupressão foi de 5,61%, De acordo com os dados colhidos, 5,99% das pacientes citológicos + eram tabagistas, e 17,05% das pacientes com exames citológicos + tinham mais de 3 filhos. A maior prevalência de alteração colpocitológica foi de lesão intraepitelial de baixo grau (LSIL) com 33,64%, seguidas de células atípicas de significado indeterminado (ASC-US) com 33,18%. Verificou-se, por meio de regressão logística múltipla, a associação, com significância estatística, entre o tabagismo e lesões NIC 2+ (neoplasia intraepitelial grau 2, grau 3 ou carcinoma invasor) , confirmadas com histopatológico (p<0,05). Não foi observada significância estatística com os outros fatores de risco, assim como não foi encontrada associação com significância estatística entre alterações colpocitológicas como ASC-US e LSIL com NIC 2+. Conclusão: A prevalência das alterações colpocitológicas das mulheres atendidas nesse hospital se manteve dentro do que foi observado em dados do Sistema de Informação do Câncer do Colo do Útero (SISCOLO) 2016, sendo mais elevadas as alterações com baixo risco para lesões NIC2+ e revelou-se uma forte associação do tabagismo na evolução do câncer de colo de útero e suas lesões precursoras.
1797
Ginecologia
PREVALÊNCIA DE INCONTINÊNCIA URINÁRIA E SEUS SUBTIPOS EM PACIENTES COM PROLAPSO GENITAL Autores: Nathalia Cristina Cruz Silva, Ravine Sales Nunes, Ricardo José de Souza Palavras-chaves:
Incontinencia urinária
, Prolapso de órgão pélvico
, Prevalência
Resumo
PREVALÊNCIA DE INCONTINÊNCIA URINÁRIA E SEUS SUBTIPOS EM PACIENTES COM PROLAPSO GENITAL
INTRODUÇÃO: Prolapso genital ocorre em até metade das mulheres multíparas, causando diversos sintomas pélvicos, urinários, intestinais e sexuais. É definido como a descida dos órgãos pélvicos através do canal vaginal. A incontinência urinária (IU) é definida como a perda involuntária de urina, e afeta cerca de 55% das mulheres de forma geral. Pode ser dividida em vários subtipos, sendo os mais comuns: estresse ou esforço (IUE), urgência (IUU), mista (IUM), transbordamento e incontinência funcional. Os fatores de risco para prolapso genital e incontinência urinária são similares, por isso são condições que estão frequentemente associadas. Identificar a presença de IU e seu subtipo é importante para tratar adequadamente essas mulheres. OBJETIVO: Avaliar a prevalência de incontinência urinária em pacientes com prolapso genital, correlacionando o subtipo da incontinência e o sítio de acometimento do prolapso. METODOLOGIA: Foi realizado um estudo transversal com mulheres com diagnóstico de prolapso genital, de qualquer compartimento vaginal, atendidas no ambulatório de uroginecologia de um hospital terciário, no período de Janeiro de 2021 a Janeiro de 2023. O diagnóstico do prolapso foi realizado através do exame físico e foi considerado o estadiamento II ou maior, de acordo com pelvic organ prolapse quantification. Foi utilizado o questionário International Consultation on Incontinence Questionnaire - Short Form para identificar a presença de IU e seus subtipos. A incontinência urinária foi considerada quando a paciente respondia que tinha qualquer perda urinária e os subtipos (esforço, urgência e mista) de acordo com a sua resposta à pergunta específica: “quando você perde urina?”. A análise estatística foi apresentada como frequência, porcentagem, mediana e intervalo interquartil. RESULTADOS: No total, 175 mulheres responderam ao questionário, onde 46 (26%) estavam continentes, 24 (14%) tinham IUE, 48 (27,5%) IUM e 57 (32,5%) IUU. Aproximadamente 79% das mulheres tinham prolapso anterior, 57% tinham prolapso apical e 50% posterior, sendo que muitas mulheres tinham mais do que um sítio comprometido. Quando classificamos os prolapsos por sítios (anterior, apical e posterior), a proporção entre os tipos de incontinência urinária foram semelhantes à proporção global, predominando a incontinência urinária de urgência seguida da mista. CONCLUSÕES: Observamos que a IUU foi o subtipo mais prevalente entre as pacientes com prolapso, seguida pela IUM. Esse padrão se repetiu independentemente do sítio do prolapso. Porém, foi mais comum nas mulheres com prolapso anterior. Tal dado mostra-se conflitante com a literatura, que sugere que o tipo mais frequente associado ao prolapso seria a IUE.
1739
Obstetrícia
Prevalência de nascimentos prematuros em gestações de adolescentes Autores: Gabriella de Oliveira Flor Ferreira, Leticia Freitas Simões, Aylana Ramos Gomes de Oliveira, Fátima Regina Dias de Miranda, Célia Regina da Silva, Carolina Junqueira Allage, Denise Leite Maia Monteiro Palavras-chaves:
Gravidez na adolescência
, Prematuridade
, Prevalência
Resumo
Prevalência de nascimentos prematuros em gestações de adolescentes
Introdução: A gravidez na adolescência pode estar associada a desfechos gestacionais desfavoráveis, especialmente nas gestantes mais jovens. A prematuridade configura-se como a principal complicação perinatal e que na adolescente pode se relacionar à qualidade da assistência pré-natal e/ou condições socioeconômicas adversas.
Objetivo: Comparar a taxa de prematuridade na gestante adolescente no ano 2000 com o biênio 2018-2019.
Método: Estudo com desenho transversal, realizado por busca de informações no Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde (DATASUS) e no Sistema de Informação sobre Nascidos Vivos (SINASC). Gestantes das faixas etárias 10-14 e 15-19 anos foram comparadas com mães entre 20-34 anos (grupo de comparação). Excluiu-se as informações dos registros do SINASC com idade gestacional inferior a 22 semanas e com idade ignorada e calculou-se a frequência de prematuridade em cada grupo etário.
Resultados: O total de nascidos vivos (NV) prematuros de mães adolescentes em 2000 foi 55.851 e a soma dos prematuros entre 2018-2019 foi de 107.665. Em 2000, a quantidade de bebês nascidos com menos de 37 semanas representou 10% (2.864) dos NV entre mães adolescentes de 10-14 anos, 7,5% (52.987) entre 15-19 anos e 6,2% (132.342) de 20-34 anos. No biênio 2018-2019 estes números foram 17,7% (3.658), 12,3% (52.519) e 10,3% (205.831), respectivamente. A chance de prematuridade foi maior entre 10-14 anos, 88% [p<0,001; OR=1,88 (IC95% 1,82-1,95)] do que entre 15-19 anos, representando 22% [p< 0,001; OR=1,22 (IC95% 1,21-1,24)] quando comparadas com o grupo de 20-34 anos. Houve aumento da taxa de prematuridade no período estudado de 76,2% entre 10-14 anos, 64% de 15-19 anos e 66,1% entre 20-34 anos.
Conclusão: Observou-se aumento no número de nascidos vivos prematuros no biênio 2018- 2019 quando comparado com o ano 2000. Nota-se maior taxa de prematuridade nas adolescentes de 10 a 14 anos, quando comparada com as de 15-19 e de 20-34 anos. Esse fato, pode estar relacionado às condições variadas como fatores socioeconômicos e assistência pré-natal, sendo importante fator de risco.
1715
Ginecologia
PROJETO DE CONSCIENTIZAÇÃO SOBRE O CÂNCER DE COLO DE ÚTERO EM UMA INSTITUIÇÃO MÉDICA DE ENSINO EM JARAGUÁ DO SUL – SC Autores: Marina Albernaz Nunes, Vivianne Andreis Grigolo, Rosana Mara da Silva, Matheus de Lima Kauling, Letícia Golferari Inheguez Palavras-chaves:
Conscientização
, Educação em saúde
, Prevenção
, Saúde da Mulher
Resumo
PROJETO DE CONSCIENTIZAÇÃO SOBRE O CÂNCER DE COLO DE ÚTERO EM UMA INSTITUIÇÃO MÉDICA DE ENSINO EM JARAGUÁ DO SUL – SC
Introdução:
O câncer de colo de útero é o 3º câncer mais comum no Brasil entre as mulheres segundo o Instituto Nacional do Câncer (INCA) e incidência no município de Jaraguá do Sul – SC em 2021 foi de 4,09% da população entre 18 e 90 anos. Os sintomas dessa doença silenciosa são inúmeros, por vezes é até assintomática, por isso fazer o exame preventivo anualmente, tomar a vacina do HPV e conhecer a sintomatologia da doença é fundamental para um diagnóstico e tratamento precoce, o que por sua vez é fator decisivo para o prognóstico e cura da enfermidade. Com base nisso, os estudantes de medicina do 2º semestre realizaram esse projeto em prol da conscientização, promoção e prevenção de saúde em parceria com a Liga Acadêmica de Ginecologia e Obstetrícia.
Objetivos:
Conscientizar os estudantes do curso de Medicina e a população em geral sobre a importância da prevenção do câncer de colo de útero, uma vez que profissionais da saúde informados e a sociedade apta a passar informações corretas a diante, a descoberta precoce do câncer tende a reduzir a morbi – mortalidade e trazer inúmeros benefícios a população. Como objetivo específico buscamos disseminar as informações de maneira clara e objetiva.
Métodos:
Como metodologia utilizou-se a abordagem teórica e prática, qualitativa, do tipo pesquisa ação. Como materiais para divulgação das informações utilizou-se: banner, informativos e enquetes nas Redes Sociais (Instagram) para entender o quanto a população e os estudantes das áreas de saúde tinham conhecimento sobre o câncer de colo de útero.
Para divulgação de informações realizou-se uma Live (Instagram) com uma profissional da área de ginecologia e obstetrícia para tirar dúvidas e elucidar o assunto, além, de uma aula em parceria com a Liga Acadêmica de Ginecologia e Obstetrícia da Faculdade de Medicina de Jaraguá do Sul, onde foram ministradas por profissionais da saúde qualificados sobre a coleta do exame preventivo (Papanicolau), exame esse tão importante para a descoberta precoce do tratamento do câncer de colo de útero.
Resultados / Descrição
Essa intervenção em Educação em Saúde desenvolveu-se de fevereiro de 2021 ate junho de 2021, e foi composta por alunos do 2º semestre do Curso de Medicina. Esse projeto atingiu 1021 indivíduos (estudantes, profissionais da saúde e população/ comunidade).
A atuação dessas informações para os acadêmicos de Medicina e para profissionais da saúde permitiram o entendimento da conduta e orientação em geral a ser direcionada aos pacientes. No relato da comunidade, as disseminações dessas informações foram apoiadoras para que ao primeiro sinal de alerta procurem um profissional da saúde qualificado e uma unidade básica de saúde para a realização de exames periódicos buscando saber como está sua saúde e o diagnóstico precoce.
Conclusões:
A metodologia utilizada mostrou -se abrangente atingindo um grande público e proporcionando promoção e prevenção na saúde da mulher para a sociedade e comunidade acadêmica.
1752
Ginecologia
PROLAPSO DE LEIOMIOMA UTERINO GIGANTE COMPLICADO COM TORÇÃO DE CHOQUE SÉPTICO: RELATO DE CASO COM NECESSIDADE DE TRATAMENTO CIRURGICO E HISTERECTOMIA DE URGENCIA Autores: Hamilton Siqueira Barros Filho, Vinicius Humberto de Souza Vicuña Palavras-chaves:
leiomioma
, prolapso uterino
, urgencica
Resumo
PROLAPSO DE LEIOMIOMA UTERINO GIGANTE COMPLICADO COM TORÇÃO DE CHOQUE SÉPTICO: RELATO DE CASO COM NECESSIDADE DE TRATAMENTO CIRURGICO E HISTERECTOMIA DE URGENCIA
INTRODUÇÃO: Leiomiomas uterinos são classificados como tumores ginecológicos benignos, entretanto podem apresentar complicações capazes de gerar grande morbidade e piora da qualidade de vida das pacientes. Sintomas relacionados ao tamanho do tumor e da ocorrência de sangramento uterino anormal são comuns entre as queixas e podem ser preditores para o tratamento cirúrgico definitivo. RELATO DO CASO: Mulher de 41 anos com historia de massa pélvica prolapsada há 3 anos trazida referenciada de unidade básica de saúde ' in extremis '(anemia grave, choque hemodinâmico refratário, acidose, e em uso de aminas vasoativas). Ao exame, volumosa massa uterina prolapsada com sangramento em atividade e sinais de degeneração. Submetida a tratamento cirúrgico desafiador, com peculiaridades técnicas detalhadas, ressuscitação volêmica e controle infeccioso. Apresentou boa evolução no pós operatório, recebendo alta no sétimo dia de internação hospitalar. Posterior análise do Laudo histopatologico revelou Leiomoima uterino e cervicite. COMENTÁRIOS: Prolapsos de órgãos pélvicos são infrequentes em pacientes jovens. Quando ocorrido em pacientes de idade avançada, por vezes são tratados por métodos não invasivos ou até mesmo acompanhados ambulatorialmente, caso risco x benefício desfavorável. O trabalho traz um caso tratado cirurgicamente de forma exitosa, em uma paciente jovem, hígida que chegou ao nosso atendimento com elevado risco de vida. Destaca-se a importância de, em se tratando de uma patologia benigna, otimizar a condução terapêutica, afim de evitar complicações eventualmente letais.
1771
Ginecologia
PÚRPURA TROMBOCITOPÊNICA IMUNE COMO ETIOLOGIA DE SANGRAMENTO UTERINO ANORMAL EM MULHER EM IDADE REPRODUTIVA - UM RELATO DE CASO Autores: Nina Feital Montezzi, Giulia Bianco da Silva, Renata Santos Dantas Machado, Plínio Tostes Berardo, Maria Victoria do Rego Barros Valle, Rachel Horowicz Machlach Palavras-chaves:
Púrpura Trombocitopênica
, Hemorragia uterina
, Metrorragia
Resumo
PÚRPURA TROMBOCITOPÊNICA IMUNE COMO ETIOLOGIA DE SANGRAMENTO UTERINO ANORMAL EM MULHER EM IDADE REPRODUTIVA - UM RELATO DE CASO
INTRODUÇÃO: Sangramento Uterino Anormal (SUA) é uma afecção frequente na prática clínica diária. Segundo a FIGO (2011), o SUA em mulheres não grávidas pode ser classificado pela nomenclatura PALM-COEIN, sendo PALM relativo às causas estruturais (pólipo, adenomiose, leiomioma e malignidade) e COEIN as não-estruturais (coagulopatias, disfunções ovulatórias, causas endometriais, iatrogências e não especificadas). A Púrpura Trombocitopenica Imune (PTI) está entre as causas menos comuns de SUA. Uma grande proporção das pacientes com PTI apresentam sangramento uterino disfuncional durante o menacme, com comprometimento da qualidade de vida dessas mulheres.
RELATO DE CASO: Paciente 18 anos, branca, sem comorbidades, deu entrada em unidade de pronto atendimento apresentando sangramento menstrual com fluxo aumentado, com duração de 18 dias. Referia também equimoses e petéquias espontâneas nos últimos 2 meses, além de quadro gripal leve com febre e odinofagia. Sem atividade sexual no último ano. No atendimento inicial, anemia grave (Ht 12,3%, hemoglobina 4,1 g/dL), plaquetopenia (30.000/mm3), INR de 1,85, TAP 53%, βHCG negativo e ultrassom transvaginal sem anormalidades. Após hemotransfusão e estabilização clínica foi transferida para um hospital terciário no 5° dia de internação. Encontrava-se hipocorada 3+/4+, taquicárdica (110 bpm) e queixando-se de escotomas. Ao exame ginecológico, sangramento moderado pelo orifício do colo uterino, com coágulos, sem lesões genitais aparentes, útero intrapélvico, móvel e indolor à mobilização, sem massas abdominais. Exames laboratoriais: hemoglobina 8,4 g/dL; INR 1,32, plaquetas 7.000/mm3. Apresentava sorologia sugestiva de infecção recente pelo vírus Epstein Baar (EBV) - IgM indeterminado com posterior queda e IgG positivo. Hepatites virais, infecção pelo HIV e lúpus eritematoso sistêmico foram descartados. Foi considerado o diagnóstico de PTI secundária à infecção por EBV e iniciada pulsoterapia com metilprednisolona, seguida de 30 dias de prednisolona. Houve resolução do sangramento vaginal e equimoses em 5 dias, além da hemorragia intrarretiniana, diagnosticada por equipe de oftalmologia, com regressão espontânea. Recebeu alta hospitalar 11 dias após a início do tratamento para seguimento ambulatorial, com 23.000 plaquetas/mm3. Nas consultas subsequentes, apresentou resolução total dos sintomas, sem novos episódios de hemorragia.
CONCLUSÃO: A PTI é uma causa pouco frequente de SUA e pode se configurar em um desafio na prática clínica. O trabalho interdisciplinar com a participação de outras especialidades é fundamental para o adequado diagnóstico e tratamento.
1837
Ginecologia
RASTREIO DE CANCER DE COLO DE ÚTERO: DIVERGÊNCIAS EM RELAÇÃO À FAIXA ETÁRIA E A IMPORTANCIA DO RASTREAMENTO NA IDADE ADEQUADA Autores: Amanda Saldanha de Cerqueira, Paula Lutterbach Machado, Natalia Vigna Massambane, Giselle Leite Bastos Pereira Palavras-chaves:
Rastreamento
, Câncer de colo de útero
, Faixa etária
Resumo
RASTREIO DE CANCER DE COLO DE ÚTERO: DIVERGÊNCIAS EM RELAÇÃO À FAIXA ETÁRIA E A IMPORTANCIA DO RASTREAMENTO NA IDADE ADEQUADA
Introdução: O método de rastreamento do câncer do colo do útero no Brasil é o exame citopatológico. Deve ser oferecido às mulheres/qualquer pessoa com colo do útero, entre 25-64 anos de idade, sexualmente ativas, podendo ser interrompido aos 64 anos após dois resultados normais. Segundo a OMS, a incidência deste câncer aumenta nas mulheres entre 30-39 anos de idade e atinge seu pico na quinta/sexta décadas de vida. Antes dos 25 anos, prevalecem as infecções por HPV e as lesões de baixo grau, que irão regredir espontaneamente na maioria dos casos e, portanto, podem ter acompanhamento clínico apenas. Objetivo: Avaliar as faixas etárias submetidas à colpocitologia, evidenciando a quantidade de rastreios desnecessários, em idades não preconizadas pela OMS. Método: Trata-se de um estudo quantitativo, obtido mediante dados secundários referentes ao rastreamento de câncer de colo de útero no Estado do Rio de Janeiro, no período de 2018 a 2023. Os dados foram coletados a partir das Informações de Saúde do Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde (TABNET/ DATASUS) e Sistema de Informações do Câncer (SISCAN). As variáveis analisadas foram: faixa etária e motivo do exame. Resultado: Entre 2018-2023, foram notificados 26.174 colposcopias no estado do Rio de Janeiro. Ao realizar o cruzamento das variáveis faixa etária e motivo do exame, o indicador de maior incidência desse câncer (30-39 anos) foi equivalente a 20,82%. Já para <25 anos foi de 15,02%, sendo o rastreamento igual a 95,79%. De 45-64 anos, o rastreio correspondeu a 92,98%. Além disso, o pico de incidência para a faixa de 45-64 anos é de 35,13%. Conclusão: Observou-se, portanto, elevada incidência de rastreamento anterior a 25 anos. Considerando o baixo grau das lesões nesse grupo e a regressão espontânea na maioria dos casos, se trata de um sobrediagnóstico, aumentando o tratamento de lesões clinicamente tratáveis, segundo recomendações atuais — destaca-se que há uma correlação entre o aumento da morbidade obstétrica e neonatal, como parto prematuro, em pacientes tratadas com <25 anos. — . Observa-se também, pela solicitação desnecessária desse exame, uma exposição excessiva da paciente, além de onerar o Sistema Público de Saúde. Além disso, ao comparar a porcentagem de rastreamento para faixas etárias de maior incidência de lesões precursoras de câncer, com o grupo não preconizado pela OMS, pouca diferença é vista. Em relação a esse ponto, se justifica o decréscimo de seguimento dessa patologia, em idades mais acometidas. Portanto, destaca-se a importância do pedido da colpocitologia no período adequado a cada três anos, após dois exames normais anuais consecutivos, com intervalo de 1 ano, a fim de realizar o diagnóstico precoce e proporcionar melhor qualidade de vida para essas pacientes.
1783
Obstetrícia
RELATO DE CASO: Válvula de uretra posterior com liquido amniótico preservado – uma forma de apresentação subdiagnosticada no 3º trimestre Autores: Fernanda Mastrangelo Speich, Ana Elisa Rodrigues Baião, Letícia da Fonseca Gomes, Anna Clara Alvim da Cunha Pereira Rodrigues, Thiago Oliveira Scudiere Campos Palavras-chaves:
malformação urinária obstrutiva
, válvula de uretra posterior
, síndrome genética
Resumo
RELATO DE CASO: Válvula de uretra posterior com liquido amniótico preservado – uma forma de apresentação subdiagnosticada no 3º trimestre
INTRODUÇÃO: As malformações do trato urinário fetal representam 20% do total das anomalias estruturais diagnosticáveis durante o pré-natal. Dentre elas, as uropatias obstrutivas são as mais frequentes e a principal causa de falência renal na infância. A obstrução baixa é a mais frequente, ocorrendo em 1 a cada 1.500 nascimentos e está associada a defeitos cromossômicos em 10% casos e defeitos cardíacos e gastrointestinais em 40% dos casos. A causa principal é a válvula de uretra posterior (VUP), que acomete fetos do sexo masculino. RELATO DO CASO: G.S, 42 anos, G5P4A0, descobriu a gestação com 23 semanas e 3 dias. Foi encaminhada ao serviço de Medicina Fetal do IFF-FIOCRUZ devido a ultrassonografia (USG) obstétrica demonstrando feto de sexo masculino com dilatação grave do trato urinário, e ossos longos curtos. Nesse serviço, com 30 semanas, a USG demonstrou feto com fêmur e úmero abaixo do percentil 5, rins hiperecogenicos com cistos corticais e dilatação ureteral bilateral, com bexiga de volume normal e polidramnia leve A hipótese diagnóstica foi de VUP e displasia renal obstrutiva. Durante o pré-natal na unidade, foi acompanhada pela medicina fetal, pré-natal e teve consulta em cuidados paliativos perinatais e genética. Com 36 semanas e 6 dias, evoluiu com trabalho de parto espontâneo e parto vaginal. Após o nascimento, foi confirmado o diagnóstico de VUP pelos exames complementares. O recém-nascido teve diagnóstico clinico de síndrome de Down, sendo solicitado cariótipo para confirmação. COMENTÁRIOS: A USG obstétrica de fetos com possível diagnóstico de válvula de uretra posterior demonstra imagem clássica da bexiga e uretra distendidas (formato de raquete), com grau variável de hidronefrose e displasia renal. Este caso teve apresentação atípica diagnosticada no 3º trimestre, com dilatação a montante do sistema coletor e displasia renal, com bexiga de tamanho normal e normodramnia, o que pode ser observado quando ainda na primeira metade da gestação a hipertrofia da musculatura vesical consegue vencer a resistência da válvula de uretra posterior, permitindo a micção com altas pressões intravesicais. Pode ser observado espessamento das paredes vesicais na USG, o que auxilia no diagnóstico diferencial com as obstruções médias. É importante a consideração deste diagnóstico nesta forma de apresentação para aconselhamento adequado e referencia para serviço que disponha de recursos para investigação diagnostica, intervenção cirúrgica e acompanhamento de recém-nascidos com nefropatia. Ao contrario dos casos que evoluem com oligodramnia grave, quando há preservação do liquido amniótico a VUP não evolui com hipoplasia pulmonar grave, e a morbidade e mortalidade na infância estão relacionados a disfunção renal e miccional e a dilatação do sistema coletor. É importante avaliar malformações associadas e pesquisar anomalias cromossômicas. O risco de recorrência é de 1% se associado a síndromes genéticas.
1790
Ginecologia
Revisão sistematizada dos fatores de risco para câncer de mama em mulheres Autores: Juliana Nogueira da Cunha, Isabela Hartmann Santhiago Lopes, Gabriela Gribel de Almeida, Milena de Souza Fernandes, Victoria Guimarães Lopes da Costa, Maria Clara Pinheiro Rubio Carrasco, Luciana do Nascimento Silva Palavras-chaves:
Câncer de mama
, Fatores de Risco
, Neoplasias Malignas de Mama
Resumo
Revisão sistematizada dos fatores de risco para câncer de mama em mulheres
OBJETIVOS:
O presente estudo objetiva avaliar os fatores que modificam o risco de câncer de mama em mulheres.
FONTE DE DADOS:
Foi realizada uma revisão sistemática com busca de artigos publicados nas plataformas eletrônicas SciELO, Ebsco e UpToDate. Os artigos selecionados foram publicados entre 2007 e 2019.
SELEÇÃO DE ESTUDOS:
Consideraram-se critérios de inclusão: artigos originais e completos com a temática de câncer de mama em mulheres com informações que auxiliem na busca dos fatores de risco, nas línguas portuguesa e inglesa. Não foram estabelecidos critérios quanto ao limite temporal de realização dos trabalhos. A estratégia de busca utilizou os seguintes descritores: câncer de mama; fatores de risco; fatores protetivos; estilo de vida; câncer de mama; neoplasias mamárias. Com base na estratégia adotada, foram selecionados 8 artigos de acordo com os critérios de inclusão.
COLETA DE DADOS:
A qualidade do estudo foi classificada usando critérios estabelecidos, e apenas estudos classificados como bons foram incluídos. Os dados foram extraídos por meio da organização dos artigos selecionados e foram resumidos usando meta-análise.
RESULTADOS:
Os fatores de risco encontrados nos estudos associados ao desenvolvimento de câncer de mama em mulheres estão relacionados a características pessoais, familiares e aos hábitos individuais. Dentre esses, em um estudo foram destacados como riscos o baixo nível educacional, a reduzida renda per capita e a área rural de residência, dados que explicam o menor acesso à assistência de saúde, bem como às informações de prevenção. Além disso, foi ressaltada a relação de risco à patologia interligada ao histórico familiar de câncer de mama, correlacionado ao risco genético e à idade mais avançada (acima de 50 anos). Ademais, dois estudos apontaram como risco para a doença o consumo de álcool e três analisaram a variável do tabagismo como contribuinte para a patologia. Perfis de mulheres pós-menopáusicas e o uso prolongado de contraceptivos orais também foram evidenciadas em um estudo como mais suscetíveis à ocorrência da doença. Em conjunto, três estudos expõem o sedentarismo e a obesidade como fatores de risco. A alimentação rica em alimentos gordurosos também foi apontada em dois estudos como favorável ao surgimento do câncer. Por fim, um estudo aponta história de abortos e amamentação por menos de um ano como fatores de risco à doença.
CONCLUSÕES:
Pode-se concluir que o risco de câncer de mama em mulheres pode ser modificado por diversos fatores, sejam eles isolados ou interligados. Portanto, torna-se evidente a necessidade de que as mulheres realizem o rastreio recomendado pela Sociedade Brasileira de Mastologia, por meio de mamografias anuais a partir dos 40 anos de idade e rastreamento personalizado em mulheres com risco aumentado. Sendo assim, a conscientização e a intercepção de fatores modificáveis podem potencialmente melhorar a história natural dessa doença.
1720
Ginecologia
SÍNDROME DE FITZ-HUGH CURTIS ASSOCIADA A ABCESSO TUBO OVARIANO: RELATO DE CASO Autores: Dandhara Martins, Kelly Paiva Guimaraes Silveira, Alice Ramalho Gomes Palavras-chaves:
Doença inflamatória pélvica
, Abcesso
, Abdome agudo
, Neisseria gonorrhoeae
, Chlamydia trachomatis
Resumo
SÍNDROME DE FITZ-HUGH CURTIS ASSOCIADA A ABCESSO TUBO OVARIANO: RELATO DE CASO
Introdução: A doença inflamatória pélvica (DIP) é uma infecção polimicrobiana do trato genital feminino por microorganismos do endocérvice e da vagina, principalmente Neisseria gonorrhoaeae e Chlamydia trachomatis. O abcesso-tubo-ovariano é a principal complicação, e pode se romper, permitindo disseminação dos microorganismos, e gerando consequências graves, como a Síndrome de Fitz-Hug-Curtis, que é uma inflamação da cápsula hepática junto com a inflamação pélvica sem comprometimento de parênquima hepático com repercussões sistêmicas. Relato de caso: Paciente sexo feminino 24 anos, nuligesta, sem comorbidades, procurou atendimento devido a dor abdominal intensa em fossa ilíaca esquerda, febre, vômitos e diarréia. Apresentava abdome globoso, doloroso, com sinais de irritação peritoneal, sinal de Blumberg, dor a mobilização do colo uterino e presença de sangue no toque vaginal. Exames laboratoriais revelaram proteína C reativa elevada (150mg/L) e leucocitose. Diagnosticada com DIP, fez uso de ceftriaxona 1g 12/12h por 10 dias, metronidazol 500mg 8/8h e azitromicina 1g 24/24h, por 7 dias. A USG transvaginal revelou imagem hipoecóica, 64 x 41mm, sugestiva de abcesso tubo-ovariano. Realizado laparotomia exploradora, culminando em anexectomia á direita. No segundo dia de pós-operatório apresentou dispnéia com roncos em ápices pulmonares, taquicardia (105bpm), sonolência e fadiga, evoluindo com baixa saturação de oxigênio (80%), sinais de congestão, abdome cirúrgico, doloroso a palpação profunda e TC de tórax e abdome evidenciando área hipodensa em polo superior sugestivo de coleção, fígado heterogêneo, derrame pleural bilateral nódulos pulmonares bilaterais e embolos sépticos, além de lactato aumentado (15,5mg/dl), PCR ainda aumentada (153,3mg/L), desidrogenase láctica aumentada (475u/L) e persistência da leucocitose. Diagnosticada com embolia séptica secundária, foi encaminhada a UTI. No décimo, foi evidenciado em nova TC de abdome coleção purulenta em região posterior do útero e trompa esquerda, sendo realizada nova laparotomia exploradora com lavagem excessiva da cavidade abdominal e salpingectomia á esquerda, seguido de antibioticoterapia com ciprofloxacino 400mg IV 12/12h e clindamicina 600mg IV 12/12h ambos por 7 dias, evoluindo com melhora clínica e laboratorial. Discussão: A DIP é um processo infeccioso que pode atingir útero, ovário e anexos, e após diagnóstico, a paciente já possui fator de risco para abcesso tubo-ovariano, pela progressão do quadro infeccioso. Dentre as complicações, a síndrome de Fitz-Hugh-Curtis é uma das mais importantes devido dificuldade de diagnóstico e consequências graves a paciente. Os germes se disseminam e ascendem da pelve até o fígado ou baço, podendo se propagar por via hematogênica ou linfática. Com o tratamento antibiótico adequado é possível evitar progressão da doença e suas consequências, sendo importante pensar nesse diagnóstico diante de uma paciente mulher em idade fértil com quadro clínico condizente.
1862
Obstetrícia
Síndrome de pré-eclâmpsia like desencadeada por Covid-19 – relato de caso Autores: Simone Raimondi de Souza, Rafaela Carvalho Rodrigues, Lilian Cristina Caldeira Thomé Palavras-chaves:
SARS-CoV-2
, Covid-19
, Gravidez de Alto Risco
, Pré-Eclâmpsia
Resumo
Síndrome de pré-eclâmpsia like desencadeada por Covid-19 – relato de caso
INTRODUÇÃO: Há pouco mais de três anos a população mundial passou a conviver com o SARS-CoV-2, agente etiológico da Covid-19, síndrome gripal de graus variados de gravidade, com repercussões clínicas de amplo espectro. Estudos vêm descrevendo que a infecção por SARS-CoV-2 durante a gestação pode causar manifestações clínicas que mimetizam a pré eclâmpsia (PE), sendo denominada síndrome de pré eclâmpsia - like (PE-like), caracterizada por alterações que incluem inadequado suprimento sanguíneo uterino e estresse oxidativo do tecido placentário, cursando com intensa resposta inflamatória, lesão endotelial, agregação plaquetária, ativação do sistema de coagulação com eventos tromboembólicos, aumento da resistência vascular generalizada, com importantes repercussões hemodinâmicas. RELATO DO CASO: A.F.L., 26 anos, 2 gestações, 1 aborto, idade gestacional (IG): 40 semanas e 4 dias, é encaminhada pela Clínica da Família à maternidade por “perda de líquido” há 2 dias e pico hipertensivo (170x110mmHg). Sem comorbidades prévias, manteve PA adequada, verificada em todas as consultas de pré-natal. Na admissão hospitalar foram observados sintomas compatíveis com síndrome gripal iniciados há 2 dias (coriza, cefaleia e mialgia). No teste rápido (antígeno) para Covid-19 a paciente testou positivo. Proteinúria: traços. Tratada com hidralazina, sulfato de magnésio e ampicilina, sendo decidida interrupção da gestação por via alta por rotura prematura de membranas ovulares (RPMO) prolongada. RN com APGAR 8/9, sem intercorrências. Ao exame no pós-operatório foi observada vasculite, sendo feita profilaxia de trombose venosa profunda com enoxaparina de baixo peso molecular. COMENTÁRIOS: No universo da pesquisa clínica existem métodos para o diagnóstico diferencial entre síndrome de PE-like e PE – por exemplo, fatores angiogênicos altamente específicos para insuficiência placentária, como o fator de crescimento placentário (PLGF) e o fator semelhante a tirosina quinase 1 (sFlt-1) – úteis para respaldar a decisão médica quanto à interrupção da gestação, uma vez que, apesar da difícil distinção entre as duas síndromes, devido às suas características semelhantes de grave disfunção endotelial, a síndrome PE-like isolada não indica interrupção da gestação (em gestações com menos de 37 semanas de IG), visto que não é uma complicação de desordem placentária e sim uma manifestação clínica da infecção pelo SARS-CoV-2, podendo se resolver espontaneamente após a remissão da doença. Contudo, no contexto de mundo real, no qual se encontra o caso em tela, tais recursos de apoio diagnóstico não estão disponíveis, restando ao médico obstetra o olhar atento a mais este gatilho para a descompensação da PA no período gestacional, ademais em um cenário de emergência obstétrica.
1859
Ginecologia
Síndrome Herlyn-Werner-Wunderlich em Pré-Púberes: desafios na abordagem diagnóstica e terapêutica Autores: Rebeca Fernandes de Azevedo Dantas, Alessandra Viviane Evangelista Demôro, Ana Luiza de Araújo Garcia, Thais Regina Santos, Maria Eduarda Barillari Cano, Maria Eduarda Baracuhy Palavras-chaves:
herlyn-werner
, wunderlich
, diagnóstico
Resumo
Síndrome Herlyn-Werner-Wunderlich em Pré-Púberes: desafios na abordagem diagnóstica e terapêutica
OBJETIVO: Discutir as limitações diagnósticas e possíveis abordagens terapêuticas na Síndrome de Herlyn- Werner- Wunderlich (HWW) em pacientes pré-púberes.
FONTE DE DADOS: Utilizadas as plataformas de busca: PubMed, Scielo, Literatura Médica Bancos de dados do Analysis and Retrieval System Online (MEDLINE), no período de junho a julho de 2021, usando os presentes descritores (DECs e MeSH) - “diagnóstico” “herlyn-werner" "wunderlich”. Das limitações encontradas, foram os poucos artigos publicados sobre o tema.
SELEÇÃO DE ESTUDOS: Foram obtidos 20 artigos selecionados dos quais 15 incluídos neste estudo. Como critérios de elegibilidade, foram selecionados artigos originais que abordam as formas de rastreio precoce da síndrome de herlyn-werner-wunderlich, sendo os manuscritos publicados completos em inglês e português disponibilizados online. Cabe ressaltar também que resumos, duplicatas, cartas aos editores de periódicos, literatura cinzenta e capítulos de livros foram excluídos.
COLETA DE DADOS :Trata-se de uma revisão sistemática da literatura. Os dados coletados ocorreram entre os meses de fevereiro a março de 2023 através de artigos. Foram utilizadas tabelas com as seguintes variáveis: nome do artigo, autores, ano de publicação (2017 - 2023), base de dados na qual se encontra indexado, descritores utilizado.
RESULTADOS: De acordo com os dados estudados, o diagnóstico em pacientes pré-púberes na SHWW é desafiador, em casos incomuns de malformações, podem ser detectadas no período neonatal se houver alto grau de suspeição como: tumoração vulvar ou abdominal, normalmente depois do diagnóstico de agenesia renal. O exame físico mostra massa suprapúbica dolorosa a palpação, que pode estar associada a incontinência urinária a mobilização. O toque bimanual não é realizado, sendo feito o toque anal que evidenciará abaulamento vaginal. A investigação inclui exames de imagens de ultrassonografia pélvica, de rins e vias urinárias, sendo o padrão ouro a ressonância magnética pélvica, com os achados típicos: útero didelfo, distensão do corno por hematometra e hematocolpo, hidronefrose e agenesia renal ipsilateral. Além disso, em alguns casos há dificuldade de visualização em ultrassonografias do tamanho do útero e da vagina, por serem imaturos. A conduta terapêutica incluiu histeroscopia com ressecção do septo vaginal, não alterando a integridade do hímen.
CONCLUSÃO: Por conseguinte, a investigação diagnóstica da SHWW em pré-púberes, ainda possui muitas limitações (exame físico, via de procedimentos e ausência de sintomatologia). Entretanto, é fundamental o rastreio precoce, uma vez que a SHWW assim como as demais anomalias obstrutivas do trato reprodutivo, apresentam risco aumentado para hematossalpinge, endometriose, doença inflamatória pélvica e infertilidade, comprometendo o prognóstico e vida reprodutiva futura. Diante disso, faz-se necessário o aumento do número de pesquisas e metodologia aplicada, a fim de prevenir futuras intercorrências.
1796
Ginecologia
TORÇÃO OVARIANA ASSOCIADA A CISTO DERMOIDE: RELATO DE CASO Autores: Bianca Zattar de Mello Barreto, Eduardo Fabri, Fabrício Braga Gonçalves, João Pedro Alves Caetano, Raphael Matheus do Nascimento Arruda, José Augusto Machado, Yara Lúcia Mendes Furtado de Melo Palavras-chaves:
Ovário
, Torção Ovariana
, Cisto Dermoide
Resumo
TORÇÃO OVARIANA ASSOCIADA A CISTO DERMOIDE: RELATO DE CASO
INTRODUÇÃO
A torção ovariana é marcada pelo giro do ovário no eixo dos ligamentos infundíbulo-pélvico e ovariano, permanecendo em uma posição torcida. Dessa forma, os anexos ficam congestionados e edemaciados, podendo complicar com uma rotura e necrose tecidual. Ovários normais podem sofrer torção, porém 85% das mulheres com torção ovariana possuem uma massa ovariana maior de 5 cm de diâmetro associada, sendo o cisto folicular ou a neoplasia benigna, como o cisto dermoide, os fatores predisponentes mais comuns. A incidência corresponde à 3% das emergências ginecológicos, sendo 20-25% durante a gravidez e acomete mais o lado direito. O quadro clínico é marcado por dor aguda em baixo ventre de instalação súbita com irradiação para flanco. São considerados sinais de alarme a presença de peritonite, sangramento e/ou febre. O tratamento consiste na ooforoplastia laparoscópica, preferencialmente, ou laparotômica.
RELATO DE CASO
Mulher com 23 anos, nuligesta, sem comorbidades, em uso de anovulatório oral. Paciente, após buscar atendimento em serviço de emergência, foi encaminhada à clínica da família, onde foi regulada com urgência para serviço de ginecologia devido à dor de forte intensidade, há 20 dias com agudização recente, em região hipogástrica, irradiando para região lombar associada a vômitos e relacionada com o período menstrual. Já havia sido realizada ultrassonografia pélvica e tomografia computadorizada, que mostraram a presença de lesão expansiva heterogênea bilateral com densidade de gordura. Ao exame físico, apresentava-se em regular estado geral, afebril, com abdome peristáltico, ausência de sinais peritoneais, doloroso à palpação profunda de fossa ilíaca direita e presença de cisto em região anexial à direita. Exame especular sem alterações e toque vaginal com colo posterior, indolor à mobilização e massa em topografia anexial direita com leve dor à palpação. Portanto, a principal hipótese diagnóstica foi de cisto dermoide bilateral associado à torção ovariana, sendo programada a laparotomia exploradora e ooforoplastia bilateral. A paciente, que estava estável, foi submetida à cirurgia após 3 dias, a qual foi realizada ooforoplastia bilateral com manutenção da maior quantidade de tecido sadio possível e ressecção de áreas de epiplon inflamada com revisão da cavidade, sem intercorrências. As peças foram enviadas para análise histopatológica para confirmar se era uma neoplasia benigna. Evoluiu bem no pós operatório, sem complicações, e teve alta após 4 dias.
COMENTÁRIOS
Embora a incidência de torção ovariana seja baixa, esse diagnóstico deve ser sempre levantado quando uma mulher, em especial se for gestante ou em idade fértil, buscar atendimento devido a dor pélvica aguda de forte intensidade principalmente se associada a sinais de alarme e/ou presença de massa palpável ao exame físico. A suspeição clínica precoce somada à realização de exame de imagem é essencial para a conduta terapêutica ser traçada de forma rápida e assertiva.
1824
Ginecologia
TRATAMENTO CIRÚRGICO DE CISTO DE GARTNER SINTOMÁTICO: RELATO DE CASO Autores: Fernanda Almenara Silva Dos Santos Gondim, Raphaella dos Santos Maia crud, Nathália Portilho de Mello Freitas, Natália Chamusca Simões, Bruna Puziski, Fabiana Pichinine Noronha, Tereza Maria Pereira Fontes, ROBERTO LUIZ CARVALHOSA DOS SANTOS Palavras-chaves:
Anormalidades Urogenitais
, Cirurgia
, Dispareunia
, Malformações congênitas
, vagina
Resumo
TRATAMENTO CIRÚRGICO DE CISTO DE GARTNER SINTOMÁTICO: RELATO DE CASO
INTRODUÇÃO: O cisto de Gartner tem localização na vagina na parede anterolateral, sendo único ou numerosos, segue a linha de Gartner e origina-se de restos embrionários dos ductos de Wolff. Em geral, é pequeno e assintomático, e não requer tratamento. Quando situado próximo ao introito vaginal, pode causar obliteração, simulando a imperfuração himenal, ou promover retenção urinária quando próximo a bexiga e uretra. Cistos grandes e/ou sintomático necessita de ressecção cirúrgica, pois geralmente recidivam após punção aspirativa. RELATO DO CASO: Paciente de 48 anos, feminina, Gesta III, Para II (sendo 2 Partos Cesáreos) e um abortamento tubário, com última regra aos 46 anos, procurou ambulatório do serviço de ginecologia em julho de 2021 com relato de surgimento de nódulo em vagina há 2 anos, de crescimento progressivo e sendo causa de dispareunia, impossibilitando o ato sexual com penetração. Ao exame físico da primeira consulta observou-se presença de cisto de aproximadamente 4 cm, em terço médio de parede vaginal anterolateral esquerda. A ultrassonografia transvaginal não trouxe grande relevância para o estudo, mostrando útero em AVF, medindo 67x42x72mm (volume 110 cm³), contendo nódulos miomatosos subserosos, anterior de 33x34mm e subseroso posterior de 21x20mm, e 54x36mm, eco endometrial não individualizado e ovários normais, medindo respectivamente o direito 12x08 mm e o esquerdo 13x08mm. Foi realizado exérese de cisto no centro cirúrgico com dissecção de mucosa. O exame anatomopatológico confirmou hipótese diagnóstica de cisto de Gartner. A paciente evoluiu de forma satisfatória com remissão completa da dispareunia COMENTÁRIOS: Apesar de na grande maioria dos casos os cistos de Gartner serem assintomáticos e ter diagnóstico como um achado no exame clínico, no caso da nossa paciente ele se apresentou muito sintomático, comprometendo a sua vida sexual, o que motivou a sua consulta para investigação da dispareunia na penetração. A simples remoção do cisto devolveu a qualidade de vida sexual da paciente.
1775
PTGIC (Patologia do trato genital inferior e colposcopia)
Tratamento de condiloma acuminado extenso com laser de CO2: relato de caso Autores: João Alfredo Seixas, Yara Lúcia Mendes Furtado de Melo, Lucas Correa da Rocha, Talita Reis Ferreira, Gutemberg Leão de Almeida Filho Palavras-chaves:
Condiloma Acuminado
, Terapia a Laser
, Papilomavírus Humano
Resumo
Tratamento de condiloma acuminado extenso com laser de CO2: relato de caso
Introdução: O Condiloma Acuminado é causa de desconforto e constrangimento, assim como provoca repercussões psicológicas para suas portadoras. É percebido como desfigurante, impacta a vida sexual, causando ansiedade, culpa e perda de auto-estima, além de criar preocupações quanto ao risco de câncer. O objetivo inicial do tratamento é eliminar os sintomas, amenizar a carga psicológica decorrente do estigma social e melhorar o aspecto estético da paciente. Além disso, tenta-se, com a eliminação das lesões, diminuir a transmissibilidade da infecção, que parece ser mais significativa na presença das verrugas. Relato do caso: Mulher de 27 anos, foi encaminhada ao ambulatório de patologia vulvar referindo lesões condilomatosas em região vulvar, que teve início há 6 anos. Realizou tratamento com Imiquimod há 5 anos sem melhora e informa que desde então vem apresentando aumento progressivo das lesões. Não apresenta imunossupresão, não realizou vacinação para HPV, não utiliza camisinha regularmente e o parceiro não apresenta lesão. Ao exame da vulva foi observado a presença de lesão condilomatosa ocupando todo grande lábio bilateralmente. A paciente foi submetida a ressecção cirúrgica de toda a lesão com uso de laser de CO2 fracionado (Smartxide) em centro cirúrgico, com posterior sutura para aproximação das bordas. No pós operatório apresentou pequena deiscência em local de sutura, sem sinais de infecção. Foi realizado avaliação de dor e satisfação através de escala visual, onde a paciente informou nenhuma dor e disse estar muito satisfeita com o resultado do procedimento. Comentários: A vaporização com laser de CO2 apresenta bons resultados no tratamento dos condilomas acuminados menores, promovendo uma ablação tecidual eficaz, com menos dor local. Para os casos de condilomas extensos e bem delimitados, a ressecção cirúrgica parece ser a melhor opção terapêutica. A ressecção com laser de CO2 apresenta melhores condições técnicas de realização, com menos sangramento, bom resultado estético e menos queixas álgicas no pós-operatório, assim como poucas complicações após o procedimento, como foi o caso da nossa paciente. A opção pelo tratamento cirúrgico, com conseqüente diminuição da carga viral, é uma medida prudente nos casos de lesões extensas, até para evitar a progressão para lesões gigantes.
1814
Ginecologia
ÚLCERAS GENITAIS NA INFÂNCIA: RELATO DE UM CASO DE DOENÇA DE BEHÇET Autores: Polyana de Paula Mendes Machado, Cristiano Salles Rodrigues, Iara da Silva Ourofino, Gessylane Pinheiro Florido Peixoto, Nathalia da Cruz assad Monteiro Palavras-chaves:
Síndrome de Behçet
, Doenças da Vulvas
, Doenças Sexualmente Transmissíveis
Resumo
ÚLCERAS GENITAIS NA INFÂNCIA: RELATO DE UM CASO DE DOENÇA DE BEHÇET
Introdução: A Doença de Behçet é uma afecção inflamatória multissistêmica, de acometimento vascular e de causa ainda desconhecida, basicamente caracterizada por úlceras orais e genitais recorrentes, uveíte e lesões cutâneas. A sua incidência é rara tendo uma ocorrência de 1/20.000 na faixa etária pediátrica O diagnóstico é essencialmente clínico, não havendo características genéticas, histológicas, laboratoriais ou exames de imagens específicos. No entanto, o tratamento compreende diversas estratégias ainda indicadas de forma empírica, de acordo com as manifestações clinicas e sintomas. Relato de caso: L.P.L, 11 anos, parda, nuligesta, virgo, nega uso de método anticonceptivo. Procurou o serviço de pediatria do Hospital Plantadores de Cana no dia 27/08/2022 devido à presença de úlcera genital há 2 semanas. Relatava história de aftas orais recorrentes e lesões na pele. Sem historia de alterações oculares ou articulares. Foi solicitado então parecer da ginecologia do serviço que ao exame da vulva contatou lesão ulcerada em grande lábio esquerdo, com bordas lisas, fundo sujo, endurecida, com dor a palpação. Apresentava também pústulas em membros superiores e afta em cavidade oral. Então a principal hipótese diagnostica traçada foi Doença de Behçet. O tratamento inical foi feito com prednisona 40 mg ao dia e lidocaína gel para uso tópico como analgésico. Após atendimento inicial a paciente foi encaminhada ao ambulatório de patologia do trato genital inferior (PTGI) do Hospital Escola Álvaro Alvim (HEAA) para segmento. Em setembro de 2022 paciente retorna para consulta de PTGI no HEAA sem queixas. Relata melhora das lesões após uso do corticoide. No exame físico foi notada regressão da ulcera genital. A paciente foi encaminhada ao reumatologista e oftalmologista para tratamento em conjunto e seguimento. Comentários: A Doença de Behçet, por ser multissistêmica necessita de uma equipe multidisciplinar, para um melhor diagnóstico e tratamento em conjunto. Seguindo os mais novos critérios diagnósticos a paciente do caso soma 5 pontos pelas aftas orais, pelas lesões de pele e pela ulcera genital. É necessária pontuação maior ou igual a 4 para fechar o diagnostico clinico não necessitando de estudos complementares. O pronto diagnostico e o acompanhamento regular e prolongado dessas pacientes são essenciais para minimizar os efeitos de surtos mais graves e sequelas importantes. As úlceras genitais devem ser pensadas além das Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST), principalmente quando não respondem aos tratamentos convencionais e em faixas etárias atípicas como a infância.
1719
Ginecologia
Uso de métodos contraceptivos reversíveis de longa duração em adolescentes Autores: Dandhara Martins Rebello, Kelly Paiva Guimaraes Silveira, Ana Luiza dos Santos, Alice Ramalho Gomes Palavras-chaves:
Anticoncepção feminina
, Gravidez na adolescência
, Contracepção reversível de longo prazo
Resumo
Uso de métodos contraceptivos reversíveis de longa duração em adolescentes
Introdução: A Organização Mundial da Saúde circunscreve a adolescência à segunda década da vida (de 10 a 19 anos), período que engloba grandes alterações psíquicas, sociais e físicas. A gravidez na adolescência tem sido uma questão de saúde pública, visto que cada vez mulheres engravidam mais cedo, em grande parte na adolescência, o que pode trazer sérios riscos para mãe e para o feto, além de, afetar seus estudos, modificar suas perspectivas para o futuro e trazer consigo elevados índices de mortalidades, morbidade e altos custos. Objetivo: Expor os métodos contraceptivos de longa duração existentes no mercado atual disponíveis para adolescentes, a fim de ampliar o conhecimento acerca dos LARCs e reduzir os riscos e as taxas de gestação não planejada nesse grupo de mulheres. Material e métodos: Revisão sistemática retrospectiva da literatura usando os principais bancos de dados on-line. Abordados artigos científicos nacionais e internacionais que levantam sobre as repercussões na saúde da mulher adolescente em decorrência da gravidez precoce e de como fazer sua prevenção através do uso de LARCs. Resultados e conclusão: O uso de métodos contraceptivos de longa duração contribuem para prevenir uma gestação indesejada, porém precisam ser utilizados corretamente e serem amplamente conhecidos. Os LARCs - sigla em inglês para Long-Acting Reversible Contraception -, foram desenvolvidos para auxiliar a mulher na programação de sua gestação, e trazer facilidades nesse quesito – como o fato de não ser necessário uso contínuo diário, como no caso de pílulas anticoncepcionais. Neles, incluem-se os dispositivos intra-uterinos e o implante subdérmico. Devido aos riscos materno-fetais que englobam a gravidez na adolescência, é importante realizar análise de métodos de prevenção, a fim de que o mecanismo de uso dos LARCs em adolescentes possam ser mais bem compreendidos e possam ser realizadas medidas profiláticas e terapêuticas, na tentativa de reduzir a morbimortalidade materno-fetal em jovens.
1846
Ginecologia
Uso de pessário vaginal em pacientes com prolapsos de órgãos pélvicos: uma revisão sistemática sobre o impacto na qualidade de vida Autores: Marina Lacerda Costa Palavras-chaves:
pessary
, pop
, quality of life
Resumo
Uso de pessário vaginal em pacientes com prolapsos de órgãos pélvicos: uma revisão sistemática sobre o impacto na qualidade de vida
OBJETIVO: Revisar a literatura médica quanto ao impacto na qualidade de vida do uso de pessários vaginais nas mulheres com prolapso de órgãos pélvicos.
FONTE DE DADOS: Foi realizada uma pesquisa no banco de dados PUBMED utilizando as seguintes palavras-chave: “pessary”, “pop” e “quality of life”. Para contemplar um maior número de estudos, não foi aplicada nenhuma restrição quanto ao período da publicação ou ao idioma.
SELEÇÃO DE ESTUDOS: A busca resultou em 38 publicações sobre o tema. Após a aplicação dos critérios de inclusão e exclusão, e leitura dos resumos, o escopo da análise foi reduzido a 6 publicações, os critérios de inclusão foram: estudos observacionais longitudinais e ensaios clínicos, com mulheres com prolapso de órgão pélvico sintomático, em uso de pessário vaginal, que utilizavam questionários validados.
COLETA DE DADOS: o desfecho analisado foi o impacto na qualidade de vida (queixa subjetiva) do tratamento com pessário, utilizando-se para isso e para a comparação entre os estudos, os seguintes questionários validados: Medical Outcomes Study Short Form 36 (SF-36), International Consultation on Incontinence Questionnaire - Vaginal Symptoms (ICIQ-VS), Pelvic Floor Distress Inventory (PFDI-20).
RESULTADOS: Os seis artigos revisados apresentaram resultados positivos com relação ao impacto na qualidade de vida de pacientes com prolapso de órgão pélvico usuárias de pessário. No estudo de Coelho et. al, houve melhora na pontuação dos domínios de estado geral de saúde, vitalidade e função social do questionário SF-36. Na avaliação do questionário ICIQ VS, o trabalho de mesmo autor mostra melhora de sintomas vaginais. No ensaio clínico de Lone et. al, houve melhora significativamente estatística em todos os sintomas vaginais, com exceção da queixa de dor vaginal. Também houve melhora da qualidade de vida geral. Com relação ao questionário PFDI-20, nos dois estudos escritos por Mao et. al e no estudo de Cheung et al, houve melhora significativamente estatística da pontuação, com mudança nos domínios de disfunções de prolapso (POPDI-6) e disfunções miccionais (UDI-6) demonstrando significância clínica.
CONCLUSÃO: O uso do pessário em mulheres com prolapso de órgãos pélvicos se mostrou eficaz na melhora da qualidade de vida e bem-estar das pacientes. Portanto, como tratamento conservador e não invasivo, deve ser oferecido como opção para pacientes que não podem ou não desejam submeter-se a procedimento cirúrgico, ou ainda como adjuvante no tratamento daquelas que aguardam cirurgia.
1851
Ginecologia
Uso do desogestrel para inibir o pico do hormônio luteinizante em reprodução assistida Autores: Tássia Fernanda Macedo Micheli, Luiz Augusto Giordano, Sandra Maria Garcia de Almeida, Mario Vicente Giordano Palavras-chaves:
Desogestrel
, Fertilização in vitro
, Técnicas de reprodução assistida
Resumo
Uso do desogestrel para inibir o pico do hormônio luteinizante em reprodução assistida
INTRODUÇÃO: Os progestágenos são fármacos utilizados em reprodução assistida e aplicados em protocolos de tratamento com o objetivo de promover suporte de fase lútea. No entanto, atualmente seu uso vem sendo proposto para inibir o pico de LH em ciclos de reprodução assistida, diminuindo os custos do tratamento. OBJETIVO: Analisar a eficácia do desogestrel (DSG) em inibir o pico do LH em ciclos de estimulação ovariana para fertilização in vitro (FIV) ou congelamento de ovócitos (CO). Comparar o uso do DSG e dos antagonistas do GnRH quanto à quantidade de folículos e número de ovócitos maduros. METODOS: Coorte restrospectiva através da análise dos resultados de Clínica Particular e Hospital Universitário, de mulheres submetidas a estimulação ovariana controlada para FIV ou CO. Foram excluídas mulheres que tiveram o ciclo cancelado ou que utilizaram agonistas do GnRH como método para bloqueio do pico de LH. Vinte e nove pacientes foram divididas em dois grupos. Grupo que utilizou antagonista do GnRH (Grupo ANT) com 14 mulheres e grupo que utilizou desogestrel (Grupo DSG) na dose de 1 comprimido – 75mcg - ao dia (Grupo DSG) com 15 mulheres. O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa do Hospital Universitário. Foi utilizado o programa GraphPad Prism versão 9.0. Utilizamos o teste de Kolmogorov-Smirnov para análise da homogeneidade dos grupos; teste de Mann-Whitney para variáveis contínuas e t de Student para variáveis categóricas. Considerado nível de significância de 95% (p<0,05) para relevância dos achados. RESULTADOS: Não houve diferença na média de idade (39,1 ± 3,6 vs 37,4 ± 3,6), níveis de FSH antes do estímulo (8,4 ± 4,4 vs 8,9 ± 4,5), níveis do hormônio antimulleriano antes do estímulo (1,5 ± 0,9 vs 1,6 ± 1,0) e diagnóstico de endometriose prévio ao tratamento (3 vs 5) entre os dois grupos avaliados (Tabela 1). Também não houve diferença entre os números de folículos no dia da punção (p=0,41), número de ovócitos totais (p=0,65), número de ovócitos maduros (p=0,77) e número de dias de uso das gonadotrofinas (p=0,29) (Tabela 2). CONCLUSÃO: Não houve diferença nos resultados analisados entre o uso dos antagonistas do GnRH e do desogestrel. O DSG pode ser empregado em ciclos de FIV ou CO, obtendo os mesmos resultados e com menor custo.
1731
Obstetrícia
Via de parto como fator de risco para mortalidade neonatal em recém-nascidos com hérnia diafragmática congênita Autores: Rodrigo Dias da Rocha, Fernando Maia Peixoto Filho, Renato Augusto Moreira Sá, Paulo Roberto Nassar de Carvalho, Roberta Ivanira Silva do Carmo Palavras-chaves:
Hérnia diafragmática congênita
, Mortalidade
, Anormalidades Congênitas
, Recém-nascido
, Cesárea
Resumo
Via de parto como fator de risco para mortalidade neonatal em recém-nascidos com hérnia diafragmática congênita
Objetivo: Comparar a mortalidade neonatal em função da via de parto de crianças portadoras
de Hérnia Diafragmática Congênita que tiveram acompanhamento pré-natal e nascimento no
Instituto Nacional da Saúde da Mulher, da Criança e do Adolescente Fernandes Figueira.
Método: Esta pesquisa foi uma coorte retrospectiva, a população do estudo foi composta por
análise de 129 recém-natos com diagnóstico de hérnia diafragmática congênita. Foram
analisados os fatores prognósticos onde as variáveis do pré-natal, parto e pós-natais foram
associadas ao óbito do recém-nascido, foi calculada a odds ratio e o intervalo de confiança
(IC95%) para todas as variáveis estudadas. Foram utilizados os testes de qui-quadrado para a
análise das variáveis categóricas, permanecendo significativas as variáveis que apresentarem
o p<0,05.
Resultados: Durante o período de dez anos foram analisados 129 casos, destes todos
nasceram vivos. Segundo a classificação do Ministério da Saúde foram identificados 73,4%
casos de óbito neonatal precoce compreende os recém nascidos de 0 a 6 dias de vida
completos, 21,5% casos de óbito neonatal tardia compreende os recém nascidos de 7 a 27
dias de vida completos e 5,1% casos de óbito pós-neonatal compreende os recém-nascidos de
28 a 364 dias. A maioria dos recém nascidos eram do sexo masculino 77(59,7%), o tipo de
hérnia mais prevalente foi a do lado esquerdo 106 (82,2%), 33 (25,6%) apresentaram outras
malformações associadas. 78% dos casos nasceram por cesárea, desses 62% foram a óbito.
Entre os que nasceram por parto vaginal, 61% foram a óbito. Não houve diferença
estatisticamente significativa na mortalidade entre os dois grupos p-valor 0,964 (IC 95%: 0,43-
2,12).
Conclusão: A Hérnia Diafragmática Congênita é uma condição grave com abordagem muito
complexa no período perinatal. Sendo assim é importante minorar os riscos relacionados a este
período da vida. No que se refere à mortalidade perinatal não há diferença estatisticamente
significativa entre nascer por parto normal ou cesárea.
1774
Obstetrícia
Via de Parto no Brasil - Desfechos Maternos e Perinatais, Custos e Autonomia da Mulher Autores: Luisa Guimarães Santos, Alexia de Avila Frayha, Ana Elisa Rodrigues Baião Palavras-chaves:
Cesárea
, Procedimentos Cirúrgicos Eletivos
, Parto
Resumo
Via de Parto no Brasil - Desfechos Maternos e Perinatais, Custos e Autonomia da Mulher
Objetivo: Revisar a literatura científica sobre a autonomia da mulher no processo de decisão da via de parto, a morbidade e mortalidade materna e perinatal e os custos relacionados a cada via de parto.
Fonte de dados: A busca foi feita nas bases de dados Pubmed, Scielo e Cochrane, no período de 1995 a 2022, utilizando os seguintes descritores: “cesarean section and human rights”, “cesarean section and informed consent”, “taxas de cesárea”, “cesarean costs”, “reproductive rights”, “early term” “infant cost”, “cesarean costs for the public system”, “late preterm infant cost”, “maternal request for cesarean section”, “cesarean section and choice”, “cesarean section and medical choice”. Critérios de Seleção: Foram selecionados 45 artigos considerados adequados para a revisão, conforme avaliação por dois especialistas.
Coleta de dados: Os resultados referentes a decisão pela via de parto, desfechos maternos e perinatais e custos hospitalares extraídos dos artigos selecionados foram tabulados para análise e síntese dos resultados desta revisão.
Resultados: O modelo tecnocrático de assistência, caracterizado pela hegemonia médica, intervenções excessivas e distanciamento entre paciente e médico, ainda é predominante no Brasil e no restante do mundo. Este é um fator importante nas altas taxas de cesariana por não favorecer a escolha informada e o cuidado baseado em evidências científicas e centrado na mulher. No setor privado, predomina a cesariana pela falsa ideia do aumento de segurança; no público, a cesárea se apresenta como alternativa para evitar experiências negativas no parto. Quanto aos desfechos maternos e perinatais, a cesariana agrega maior risco de morte materna, infecção puerperal, parada cardíaca, hematoma da ferida, histerectomia, complicações anestésicas, tromboembolismo venoso, maior permanência no hospital e hemorragia grave. Há ainda aumento progressivo do risco a cada cesariana subsequente, com maior incidência de acretismo placentário e placenta prévia, lesão intestinal e ureteral e óbito fetal. Também são descritos aumento de complicações respiratórias pelo nascimento no termo precoce e do risco do concepto de desenvolver de doenças crônicas na idade adulta. Por fim, a alta taxa de cesarianas, considerando sobretudo os procedimentos sem indicação, promovem um gasto maior ao sistema de saúde de aproximadamente 30% por gestante, sem considerar possíveis gastos relativos a complicações maternas e neonatais do procedimento.
Conclusões: O modelo tecnocrático de assistência, a falta de orientação baseada em evidências durante o pré-natal e o acesso restrito a tecnologias que permitam uma experiência positiva de parto, especialmente a analgesia de parto, sobretudo em maternidades públicas, impactam no exercício da autonomia da mulher na decisão da via de parto. As altas taxas de cesariana conferem aumento da morbimortalidade materna e neonatal e dos custos associados à assistência obstétrica.